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Estudo da Fiocruz aponta ‘invisibilidade’ de profissionais da Saúde


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Mais de 2 milhões de trabalhadores da saúde são 'invisibilizados', afirma pesquisa da Fiocruz
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Mais de 2 milhões de trabalhadores da saúde são ‘invisibilizados’, afirma pesquisa da Fiocruz

Um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) aponta que mais de 2 milhões de trabalhadores do setor da saúde de nível técnico e auxiliar, além dos que exerce atividades de apoio e assistência, vivem em condições de desigualdade, exploração e preconceito.

A pesquisa “Os trabalhadores invisíveis da Saúde: condições de trabalho e saúde mental no contexto da Covid-19 no Brasil” conclui também que a pandemia aprofundou essas questões. Para traçar esse perfil, especialistas analisaram condições de vida, de trabalho, o cotidiano e a saúde mental desses profissionais.

Segundo Maria Helena Machado, pesquisadora da Fiocruz, trata-se de técnicos e auxiliares de enfermagem, radiologia, saúde bucal, análises clínicas e de laboratório, motoristas de ambulância, equipes administrativas, porteiros, recepcionistas e secretárias de unidades de saúde, seguranças, farmacêuticos, funcionários da limpeza e das cozinhas e também funcionários de cemitérios.

“Esses trabalhadores são considerados ‘invisíveis’ socialmente, mas cada um deles tem uma atividade, uma importância monumental. Essa invisibilidade não veio com a pandemia, é estrutural, seja no sistema público, privado ou filantrópico. É preciso rever isso. Não é só médico, enfermeiro, psicólogo, dentista, que deve ser considerado pela sociedade como profissional da saúde. Isso é muito mais amplo, tem que ser mais inclusivo”, pondera a pesquisadora.

Maria Helena afirma que essa invisibilidade velada atinge a saúde dos profissionais, causando “sofrimento emocional”, porque eles “se sentem trabalhadores da saúde, são úteis como tal, mas não são reconhecidos”. “Nada pior na vida do que trabalhar e sentir essa importância, reconhecimento. E pior, quem está ao seu redor nem sabe que você existe, o que pensa”, diz ela, que aponta possíveis fatores para a construção da invisibilidade.

“A cultura organizacional, das corporações, da sociedade elitista, é incapaz de observar que além do diploma de doutor, do diploma universitário, os outros também podem ter esse conhecimento e experiência para oferecer em uma equipe. É uma cultura de não enxergar para além do que é muito semelhante”, elenca.

“Outro fator interligado é o social, estamos falando de uma população de mulheres pretas e pardas, relativamente jovens, com nível de escolaridade variado, mas uma parte significativa até 2º grau, muitos estão fazendo faculdade, e o mais informante, eles têm uma origem social de camadas desfavorecidas. Moram longe, em lugares pouco valorizados, tem salários muito baixos, acabam perpetuando uma coisa perversa: ganho pouco, consumo pouco e tenho direito a pouca coisa. Não consegue prosseguir nos estudos, viver bem, em lugares com melhor qualidade de equipamentos sociais. É um círculo vicioso. O que mais define a invisibilidade desses trabalhadores é porque são pobres, originários de camadas desfavorecidas e sem a possibilidade de ascender socialmente.”

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Ao todo, 21.480 profissionais de 2.395 municípios do Brasil participaram da pesquisa. Deles, 80% dizem viver em situação de desgaste profissional relacionado ao estresse psicológico, à sensação de ansiedade e esgotamento mental; 70% citaram falta de apoio institucional, e 35,5% admitiram que foram, em algum momento, vítimas de violência ou discriminação durante a pandemia – 36% das agressões aconteceram no ambiente de trabalho; 32% na vizinhança e 31% no deslocamento.

Além disso, 53% dos trabalhadores também não se sentem protegidos da covid-19 dentro dos ambientes de trabalho. Entre os problemas mais citados, estão o medo de contaminação (23%), a falta, escassez e inadequação de equipamentos de proteção (22%) e a ausência de estruturas para efetuar o trabalho (12%).

A falta de capacitação sobre os procedimentos durante a pandemia foi lembrada por 54% dos entrevistados; bem como as exigências físicas e mentais a que estão sedo submetidos – pressão temporal, interrupções constantes, repetição de ações e movimentos, pressão pelo atingimento de metas e tempo para descanso, foram consideradas muito altas por 47,9% deles. Além disso, 50,9% admitiram excesso de trabalho.

Como adiantado pela pesquisadora, as mulheres são a cara dessas profissões – 72% é mulher; e 59% são pretos e pardos. A faixa etária é majoritariamente de 36 a 50 anos (50%). Mais da metade (52%) trabalha nas grandes capitais, e 85,5% possuem jornada de trabalho de até 60 horas semanais – 25% afirmaram que precisam de outro emprego para sobreviver.

Ela é otimista quando a mudança do cenário no setor. Com a pesquisa, a Fiocruz espera chamar atenção das empresas, do poder público, da população e dos próprios profissionais quanto às condições de trabalho após a pandemia.

“Uma parte desses trabalhadores são desprovidos de qualquer amparo trabalhista ou sindical. Parte significativa é precarizado no salário, nas condições de trabalho e nas garantias trabalhistas. Mesmo para aqueles com proteção sindical, não tenho dúvidas, essa pesquisa vai apontar para a necessidade para termos um olhar mais cuidadoso com esses trabalhadores. Buscar políticas públicas para a inclusão deles. É importante que esse estudo chegue até as instituições de saúde, que as pessoas passem, ao chegar em uma clínica ou hospital, que perceba que além do médico, enfermeiro, fisioterapeuta, existe aquele que está ali cuidando da faxina, da portaria, e todos eles merecem atenção, nosso olhar. O olhar da população pode torná-los visíveis”, afirma.

“O caminho mais curto é ter essa discussão no Conselho Nacional de Saúde, precisamos levar essa discussão para o congresso nacional, para mostrar que precisamos de políticas inclusivas, e para isso basta o interesse político da sociedade e dos governantes.”

Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

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Saúde

Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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