Saúde
Cansaço pós-covid: por que fadiga pode durar mais que curso da doença
Giulia Granchi – Da BBC News Brasil em São Paulo
No início da pandemia, os sintomas pulmonares causados pela covid-19 eram os principais focos de preocupação da doença. Mas passados quase dois anos desde a chegada do novo coronavírus ao Brasil, a ciência já determinou que os danos vão muito além disso: o Sars-CoV-2 causa uma doença sistêmica que pode afetar diferentes áreas do corpo simultaneamente.
“Passada a fase inicial do ciclo do vírus, alguns sintomas permanecem para determinados pacientes, sobretudo os neuropsiquiátricos”, aponta Evaldo Stanislau, infectologista do Hospital das Clínicas e membro da diretoria da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia).
Entre eles, explica o médico, uma fadiga crônica, acompanhada de raciocínio lento, falhas na memória e sensação de incapacidade de mover o corpo por cansaço extremo tem sido um dos males que acompanha os acometidos pela doença – e parece ser ainda mais frequente com a onda causada pela variante ômicron.
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Por que alguns sentem cansaço pós-covid?
Ninguém sabe ao certo. Assim como muitos aspectos da covid-19, a exata razão ainda é um mistério, mas existem teorias que indicam possibilidades.
“Algumas linhas de pesquisas apontam que os sintomas neurológicos são causados por uma reação do próprio corpo em resposta à covid-19, criando um gatilho para desencadear processos inflamatórios reativos”, diz Stanislau.
Essa reação exagerada do sistema imunológico, chamada de tempestade de citocinas (as emissões de sinais entre as células durante o desencadeamento das respostas imunes) ocorre quando o próprio organismo do indivíduo cria um mecanismo de defesa desproporcional para combater as várias células já infectadas pelo Sars-CoV-2. A inflamação sistêmica causada nesse processo é indicada como uma das possíveis razões para sequelas como a fadiga, perda de memória e falta de olfato e paladar.
Outra hipótese, diz Stanislau, é que esse processo de inflamação crônica seja causado por pequeníssimas quantidades de vírus residuais.
A hipóxia silenciosa (falta de oxigênio no cérebro que não causa sinais intensos no início) também é apontada como uma provável causa de danos graves. Além disso, há a possibilidade — ainda sendo estudada — de que as células do cérebro sejam diretamente prejudicadas pelo vírus.
O quadro de cansaço causado pela covid pode ser revertido?
O infectologista explica que podem existir estágios diferentes do mesmo fenômeno. “Pelo que observamos da ação de outros vírus e doenças infecciosas que desencadeiam quadros semelhantes, quando dura menos de oito semanas, geralmente o problema é revertido naturalmente.”
Para uma parcela menor, o sintoma de falta de energia pode durar de seis meses até um ano – e ainda não se sabe como os danos causados pela doença vão repercutir em longo prazo.
“Isso tem um impacto na cadeia produtiva muito grande, tanto quem trabalha com atividades intelectuais como para quem usa habilidades físicas, já que o cansaço não permite que a pessoa realize suas atividades da mesma maneira que antes”, afirma Stanislau.
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Quem pode sofrer com o cansaço pós-covid?
“Não há nenhuma comprovação de que o cansaço extremo pós-covid ou outros sintomas associados à covid longa tenham associação com outras comorbidades do paciente, carga viral ou marcadores de DNA”, diz o infectologista.
“Por isso temos que trabalhar com a possibilidade de que todos têm potencial para sofrer com essas sequelas – e se infectar propositalmente ou deixar de se proteger é irresponsável.”
Um grupo mais propenso a sofrer sequelas, no entanto, é o de pacientes que passaram por internação prolongada. Nesses casos, geralmente há alterações articulares, da pele e do sistema respiratório, causadas por, além do efeito da doença, a falta de alimentação direta (para pessoas intubadas, utilizam-se sondas), e longos períodos sem movimento.
Tratamento
“Como não se sabe exatamente a causa, a recomendação é inespecífica, apenas para o manejo de sintomas, o que pode incluir, por exemplo, um xarope para tosse e até a prescrição de um antibiótico, se a doença causou uma infecção secundária como a sinusite”, indica Jordana Machado Araujo, infectologista do Hospital Japonês Santa Cruz, em São Paulo.
Fisioterapia, descanso e apoio psicológico também podem ser tratamentos complementares.
“Em geral, os pacientes esperam que após os dez dias de isolamento a vida vai voltar ao normal e isso não acontece para todos. A pessoa que quer voltar no mesmo ritmo de antes da infecção e não consegue pode se sentir bastante abalada”, complementa Araujo.
O mais importante, na opinião dos especialistas, é que a pessoa se informe, conhecer que isso existe e que ela não é a única afetada.
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“As pessoas não devem se sentir culpadas pelos seus sintomas e precisam saber que não são as únicas a passarem por isso. Existe certa vergonha em admitir um sintoma como cansaço, as pessoas querem demonstrar que estão bem. Mas tudo bem não estar bem. Meu recado é: ‘Tenham calma e busquem ajuda'”, recomenda o médico da SPI.
Outros sintomas comuns da covid longa
Além do cansaço extremo, os médicos explicam que os sintomas abaixo também podem indicar que alguém está sofrendo de “covid longa”:
- Insônia
- Tontura
- Alterações no olfato e paladar
- Alterações de humor
- Depressão e ansiedade
- Insônia
- Dores musculares e nas articulações
- Tosse residual
- Esquecimento
- Sensação de “corpo mole”
Se os sinais persistirem por um período prolongado, vale investigar com um clínico geral – ou especialista, a depender se é um problema específico – se há outras causas.
“É interessante buscar alguém que tenha experiência na área para saber o que é importante investigar, e o que é comum pós-covid, para não alarmar o paciente sem necessidade”, afirma a médica Jordana Araújo.
Leia mais sobre covid longa:
- Os pacientes com covid longa que enfrentam dezenas de sintomas, exames, remédios e consultas
- Covid longa: os sintomas do efeito prolongado do coronavírus
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Saúde
Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde
Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre
Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.
A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.
Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.
Saúde
Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil
Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos
A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.
A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.
Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.
Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.
A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.
No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.
Com informações do JC
Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
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