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Uma lente e vários olhares: o que, realmente, teria acontecido na Moradia Transitória?

Desde o final da última semana um vídeo com gritos de um menor acolhido na Moradia Transitória “Lar Nova Esperança” repercute nas redes sociais e em alguns meios de comunicação da cidade. Após ampla especulação, a Prefeitura Municipal afastou o servidor envolvido na cena e emitiu nota de esclarecimento. A equipe do Em Questão conversou, com exclusividade, com a autora do vídeo e sobre o que ela, realmente, viu. Até o momento, um processo administrativo foi instaurado e o caso está em andamento.

Na noite da última quinta-feira (19), as imagens foram gravadas e compartilhadas num grupo de conversas de um aplicativo de rede social. A partir daí, uma série de acusações e hipóteses foram levantadas sobre a instituição e os envolvidos nas cenas. Em conversa com a responsável pelo vídeo, ela conta o que aconteceu.

“Nunca quis prejudicar ninguém  e agressão mesmo eu não vi”, afirma a jovem          

“Primeiro, eu não divulguei o vídeo e nunca quis prejudicar ninguém. Compartilhei com uma amiga que trabalha na prefeitura para que ela tomasse a melhor atitude e num grupo de amigas. Quem realmente compartilhou, eu não sei”, enfatiza a responsável pelas imagens que prefere não ser identificada.

Ela conta que estava no quarto quando a mãe – que tem o quarto nos fundos, a chamou preocupada com os gritos que ouvia do interior da moradia. Sem saber como proceder no primeiro momento, a filha conta que decidiu registrar a cena e encaminhar para uma amiga que é servidora municipal. Além da amiga, ela diz ter compartilhado o vídeo apenas em um grupo de conversa que possui com algumas outras amigas. “Eu compartilhei num grupo, um grupo seleto de amigas, só”, enfatiza.

Segundo ela, não foi possível enxergar nenhuma cena de violência. “Eu vi o que aparece no vídeo. E, uma hora o funcionário sai de perto da janela e só volta quando o menino se acalma”. Ao longo da conversa, a jovem revela que teve, sim, a intenção de ir até a moradia e verificar o que estava acontecendo. “Eu pensei em ir ali, mas não sabia se teria efeito”, conta. Ela ainda revela que situações de gritos nessa proporção não são comuns. “Eu só queria saber como agir, até por que não acontece com frequência”, relata.

Enquanto isso, do outro lado da câmera

O Em Questão também conversou com a coordenadora da moradia, Daniela Haerter, e com o advogado do município que acompanha o caso, Salatiel da Silva. A assistente social explica que assim que recebeu o vídeo foi até a instituição verificar o que tinha acontecido. “Viemos até a moradia naquela noite e conversamos com os dois acolhidos, com o monitor envolvido e os demais funcionários”.

Conforme a assistente social, os relatos dos funcionários e do outro acolhido foi o mesmo: o jovem estava jantando e após repetir pela segunda vez pediu um terceiro prato. “O menino está de dieta e vai fazer uma cirurgia, no momento em que escutou o não teve uma crise”, conta a coordenadora.

Ela, que coordena o local desde março e atua como técnica da moradia desde 2013, ainda explica que cenas de crises são possíveis, sim. Sejam por resistência a limites ou pelas próprias deficiências emocionais e/ou psicológicas. “Recebemos crianças e jovens com todo o tipo de trauma e transtorno. O acompanhamento desses jovens também é no sentido de lidar com as frustações deles”, avalia. Ela ainda destaca que “o cuidado é sempre pela garantia das crianças”.

A situação do monitor

Ao falar sobre o afastamento do servidor, o advogado explica que a ocorrência está em análise e que o funcionário teve afastamento cautelar. “Seria prematuro afirmar uma conclusão. As medidas necessárias foram tomadas e agora vamos aguardar a conclusão”, diz Silva.

O monitor tinha retornado das férias há poucos dias e já tinha trabalhado na instituição em outra época.

A suposta vítima

Segundo a coordenadora, o jovem envolvido na situação está há quase dois anos na casa. Além de deficiências intelectuais ele tem fragilidades emocionais desde pequeno. O menor, de 11 anos, recebe acompanhamento na APAE desde a infância e já teve melhorias no quadro desde o acolhimento. “Ele teve uma evolução desde que chegou aqui. Faz ecoterapia, vai na APAE”. Ela ainda fala sobre a relação entre funcionários e os jovens. “Existe um apego entre eles, tanto que ele até chorou quando o monitor foi embora”, conta a profissional.

Aos olhos de câmeras nada escapa

Antes do incidente, um estudo de viabilidade para instalação de câmeras de segurança no local já estava em andamento. Silva explica que pelo receio da exposição dos menores, o processo estava em análise. Após definição de que as visualizações das imagens seriam apenas internas, o processo segue as demais etapas para ser concluído.

Atualmente, a Moradia Transitória acolhe nove jovens e é a única instituição do gênero na cidade. Após a repercussão do vídeo, filha e mãe conversaram com a coordenação da moradia. O diálogo ficou registrado em ata.

Confira, na íntegra, a nota de esclarecimento emitida pela Prefeitura Municipal:

A Prefeitura de Alegrete vem a público prestar os seguintes esclarecimentos sobre vídeo veiculado em redes sociais, aplicativos de mensagens e repercutido por meio de Portal de Notícias e jornais da cidade, que mostraria suposta agressão a criança acolhida na Moradia Transitória “Lar Nova Esperança”:

a) No dia 19 de Abril de 2018, por volta das 21 horas a Coordenadora da Moradia Transitória foi informada a respeito de um vídeo filmado por vizinhas da Instituição, onde é possível escutar gritos de uma criança, em que também aparecem o monitor da entidade e dois acolhidos;b) O vídeo postado em redes social e disseminado por meio de aplicativos de mensagens, foi acompanhado de comentários acusando o monitor da instituição de ter agredido um dos dois acolhidos, muito embora não se perceba ou seja nítida qualquer cena no vídeo que demonstre a ocorrência de agressão;

c) Mesmo assim, imediatamente após tomar conhecimento da situação, a direção da Moradia Transitória ouviu os dois acolhidos e todos os funcionários presentes na Casa no momento da referida filmagem visando apurar o que ocorreu;

d) Na manhã do dia seguinte (20/04), foi encaminhado ao Conselho Tutelar, Juizado da Infância e Juventude, Secretaria de Promoção e Desenvolvimento Social e Prefeita Cleni Paz da Silva o relatório da situação constada e ata lavrada no local, demonstrando que as medidas cabíveis foram tomadas, inclusive com o afastamento provisório do funcionário até ser finalizada a averiguação administrativa;

e) Cumpre esclarecer que a Moradia Transitória acolhe crianças e adolescentes vítimas de violência, alguns com problemas mentais graves, histórico de crises comportamentais e submetidos a medicação psiquiátrica, cuja identidade está protegida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente; 

f) Importante também ser informado, que já está em fase de estudo avançado a aquisição e instalação de câmeras de segurança no local, visando proporcionar tanto a proteção dos acolhidos, com a acompanhamento 24 horas das crianças e adolescentes, bem como  auxiliar a esclarecer qualquer situação irregular que venha a acontecer dentro da Moradia Transitória;

g) Por fim, a Moradia Transitória mantêm-se à disposição para esclarecimentos complementares, tanto para a comunidade quanto para a imprensa.

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Júri do “Caso Priscila” ainda em andamento

 Iniciou nesta sexta-feira, dia 26 de abril, no Foro de Alegrete, o julgamento de quatro acusados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por extorsão e morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, de 40 anos. Ela desapareceu dia 19 de junho de 2023, após vir da Irlanda para o Brasil. O corpo foi encontrado às margens do Rio Ibirapuitã no dia 6 de julho.

Os réus foram denunciados pela promotora de Justiça Rochelle Jelinek, no final de novembro do ano passado, após realizar a negociação da primeira delação premiada da história do município da Fronteira Oeste. Eles respondem por extorsão qualificada com restrição da liberdade da vítima e resultado morte, além de ocultação de cadáver.

O julgamento iniciou nesta sexta-feira com a audiência de instrução para ouvir as testemunhas. Após o término da audiência, o juiz Rafael Echevarria Borba, titular da Vara Criminal da Comarca de Alegrete, deve proferir a sentença. No entanto, a audiência pode se estender até outro dia devido ao grande número de pessoas que prestam depoimentos.

 DENÚNCIA

O MPRS havia denunciado nove suspeitos após três meses de apuração envolvendo oitiva de testemunhas e dezenas de medidas cautelares como quebras de sigilo bancário, fiscal, interceptações telefônicas, mandados de busca e apreensão de celulares, extração de dados telemáticos de mensagens. O juiz da comarca entendeu que não havia provas suficientes em relação aos outros cinco suspeitos. Assim como, pelos mesmos motivos, não recebeu a acusação em relação à associação criminosa de todos os nove investigados.

A promotora Rochelle Jelinek recorreu deste afastamento do delito de associação criminosa para todos e também da decisão do magistrado de indeferir a acusação contra os demais cinco envolvidos. O julgamento do recurso ainda é aguardado, portanto, o processo segue em relação a quatro acusados. Dos quatro acusados que estão respondendo ao processo, o primo da vítima é apontado como o mandante do crime e os outros três são apontados como integrantes de uma facção que teriam executado o sequestro e morte.

 JULGAMENTO

De acordo com a promotora Rochelle, é importante deixar claro que os réus — no caso da enfermeira morta em Alegrete — não serão julgados pelo Tribunal do Júri. No entendimento do MPRS, o objetivo do crime era extorquir a vítima, que acabou morrendo durante o sequestro em decorrência de agressões sofridas, o que elimina um caso de homicídio propriamente dito (quando a intenção principal é de matar).

“É o que a gente entende por adequação ou enquadramento da conduta criminosa à lei. No crime de homicídio, o investigado tem a intenção principal de matar a vítima. Neste caso da Priscila, porém, o objetivo principal do grupo era extorqui-la, mas, algo deu errado durante o sequestro e ela acabou morta. Não foi possível identificar o motivo, ou seja, se foi um acidente, se algo deu errado no plano, se ela tentou fugir e então a mataram, ou, até mesmo, se algum deles decidiu, durante o sequestro, assassiná-la. Mas sabemos que queriam transferir o dinheiro das contas da enfermeira durante o sequestro. Este foi o objetivo desde o começo e por isso respondem por extorsão com resultado morte”, ressalta Rochelle.

A promotora ainda destaca que a pena da extorsão com resultado morte, de 24 a 30 anos de prisão, é maior que a de homicídio doloso qualificado, de 12 a 30 anos de reclusão. Rochelle Jelinek diz que a lei considera mais forte, mais repugnante, o crime de extorsão com resultado morte, porque o interesse é financeiro. Segundo ela, a pena é maior porque é ainda mais grave que o homicídio. Dessa forma, os quatro réus serão julgados pelo juiz e não pelo Tribunal do Júri, que é reservado apenas para casos de crimes contra a vida (homicídio consumado ou tentado).

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Santa Casa disponibiliza cirurgia de catarata pelo SUS

Com ênfase na prevenção e na manutenção da saúde ocular, a Santa Casa está ofertando para a população da região cirurgias de catarata. Os atendimentos estão disponibilizados para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), no Ambulatório de Especialidades da Santa Casa.

Em 2023, foram realizadas 316 cirurgias. A ideia da diretoria, é que no decorrer deste ano esse número atinja a marca de 400 cirurgias de catarata.

Para ter acesso ao serviço, que é uma parceria com as secretarias Estadual e Municipal da Saúde, o paciente deve passar por uma avaliação médica para analisar se é necessário, ou não, a realização do procedimento.

Na Secretaria Municipal de Saúde são feitos os trâmites necessários ao procedimento e a Santa Casa executa a cirurgia de catarata, realizada pelo médico oftalmologista Gustavo da Rosa.

Para pacientes do CariSaúde, o atendimento também está disponível, com ações pré e pós cirúrgicos, com agendamento feito diretamente na Santa Casa.

O que é a cirurgia de catarata?

A cirurgia de catarata ou facectomia é a remoção do cristalino do olho, uma lente natural, que com o passar dos anos e devido às variações metabólicas das fibras do cristalino, perde a transparência, ficando opaca, amarelada. Isso é o que é chamado de catarata.

A perda de transparência do cristalino causa diminuição da acuidade visual. Durante a cirurgia a lente natural é removida e substituída por uma lente sintética e transparente.

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PRF participa de evento em comemoração ao dia mundial de conscientização do autismo

O evento foi organizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e ocorreu em Alegrete_

Na manhã de hoje (02), juntamente com a APAE e Guarda Municipal, a Polícia Rodoviária Federal marcou presença no evento “Caminhada Azul” que ocorreu na Praça Getúlio Vargas no centro da cidade de Alegrete. Mais de 150 pessoas estiveram presentes, incluindo crianças, jovens e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de familiares, alunos e professores da APAE

 

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De acordo com a presidente da APAE em Alegrete, a instituição atualmente conta com 426 alunos. A realização de eventos como este tem como objetivo principal aumentar a conscientização e promover a inclusão, buscando também maior apoio e respeito por parte da sociedade.

 

Hoje, em todo o Brasil, a PRF está engajada em atividades educativas sobre o tema, em colaboração com outros órgãos de segurança viária, com o intuito de ampliar o alcance das iniciativas de conscientização sobre o autismo, enquanto cumpre sua função e atribuição constitucional.

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