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Ômicron: por que é tão contagiosa e outras perguntas sobre a variante


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Covid-19: por que a ômicron é tão contagiosa e outras 6 perguntas sobre a variante
Carlos Serrano (@carliserrano) – BBC News Mundo

Covid-19: por que a ômicron é tão contagiosa e outras 6 perguntas sobre a variante

Carlos Serrano (@carliserrano) – BBC News Mundo

O rápido avanço da variante ômicron do coronavírus deixa as autoridades de saúde em alerta.

Na segunda-feira (10/01), os Estados Unidos registraram um recorde de 1,35 milhão de novas infecções, o número diário de casos mais alto de qualquer país, segundo dados da agência de notícias Reuters.

Na terça, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que metade da população na Europa terá sido infectada com a variante ômicron nas próximas seis a oito semanas.

E na quarta-feira, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) informou que, devido à ômicron, as infecções por covid-19 nas Américas quase dobraram na última semana.

“As infecções estão acelerando em todos os cantos das Américas e, mais uma vez, nossos sistemas de saúde estão enfrentando desafios”, alertou Carissa Etienne, diretora da Opas.

A BBC News Mundo, serviço de notícias da BBC em espanhol, explica alguns aspectos da ômicron e por que os especialistas alertam que a doença causada por esta variante não deve ser considerada leve.

Montagem de mulher de máscara segurando coronavírus e os nomes das variantes

Getty

1. Por que a ômicron é tão contagiosa?

Segundo a epidemiologista Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para covid-19, há três razões principais:

– Esta variante do vírus desenvolveu mutações que permitem a ela aderir mais facilmente às células humanas;

– Temos “escape de imunidade”. Ou seja, as pessoas podem ser reinfectadas mesmo que tenham tido a doença anteriormente ou tenham sido vacinadas;

– A ômicron se replica no trato respiratório superior, facilitando a propagação do vírus, diferentemente da delta e de outras variantes que se replicam principalmente no trato respiratório inferior — isto é, nos pulmões.

O portal Covid Vaccine Hub indica que é difícil estimar o quão transmissível a ômicron é comparado a outras variantes, mas que algumas estimativas da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido sugerem que ela pode ser entre duas e mais de três vezes mais contagiosa que a delta.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) dizem que “é provável” que a ômicron se propague mais facilmente do que o SARS-CoV-2, vírus original causador da covid-19, mas que “ainda não se sabe” quão fácil se espalha em comparação com a delta.

Os CDC destacam que qualquer pessoa infectada com ômicron pode espalhar o vírus, mesmo que esteja vacinada ou não apresente sintomas.

Homem de máscara tossindo

Getty

2. Quais são os sintomas?

De acordo com o estudo Zoe Covid, liderado pelo epidemiologista Tim Spector, da Universidade King’s College London, no Reino Unido, até agora se sabe que os sintomas mais comuns da variante ômicron são:

– Secreção nasal;

– Dor de cabeça;

– Fadiga (leve ou grave);

– Espirro;

– Dor de garganta.

Mesmo que, para alguns, a covid possa parecer “um resfriado forte”, o serviço público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês) indica que devemos continuar atentos aos sintomas clássicos da covid:

– Tosse contínua e súbita;

– Febre ou temperatura alta;

– Perda ou alteração no olfato e paladar.

Idosa deitada de máscara em cama de hospital sendo atendida por médico

Getty

3. A ômicron causa uma doença menos grave do que a variante delta?

Os CDC indicam que são necessários mais dados para saber se a infecção por ômicron causa uma doença menos grave ou fatal em comparação com outras variantes.

Alguns indicadores, no entanto, sugerem que em certos casos a ômicron pode causar sintomas mais leves, mas ainda pode provocar hospitalização e morte, sobretudo em pessoas que não estão vacinadas.

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Em 31 de dezembro, a Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido divulgou um relatório mostrando que as pessoas infectadas com ômicron tinham um terço da probabilidade de acabar hospitalizadas em comparação com as infectadas com delta.

No site do departamento de ciências da saúde pública da Universidade da Califórnia em Davis, a epidemiologista Lorena García observa que os sintomas da ômicron podem ser muito diferentes entre pessoas vacinadas e não vacinadas.

“Naqueles que estão completamente vacinados e com doses de reforço, os sintomas tendem a ser leves. Por outro lado, se a pessoa não é vacinada, os sintomas podem ser bastante graves e levar à hospitalização ou até à morte”, diz Garcia.

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A OMS alertou, por sua vez, que a ômicron não deve ser vista como uma doença leve.

“Embora a ômicron pareça ser menos grave em comparação com a delta, especialmente entre os vacinados, isso não significa que ela deva ser classificada como branda”, advertiu Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, no início de janeiro.

“Assim como as variantes anteriores, a ômicron está hospitalizando e matando pessoas.”

Mulher de máscara sendo vacinada

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4. As vacinas funcionam contra a ômicron?

As pessoas com duas doses do imunizante permanecem protegidas em relação à hospitalização, mesmo que tenham perdido parte da proteção contra a infecção, segundo Ignacio López-Goñi, professor de microbiologia da Universidade de Navarra, na Espanha, em artigo publicado em 28 de dezembro no site de notícias acadêmicas The Conversation.

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e da Universidade de Harvard, nos EUA, publicado em 7 de janeiro, indica que duas doses da vacina Pfizer ou Moderna “não produzem anticorpos capazes de reconhecer e neutralizar a variante ômicron”, mas que “uma dose de reforço melhora drasticamente a proteção” contra a mesma.

Andrew Lee, professor de saúde pública da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, afirma que os dados mostram que duas doses da Pfizer ou AstraZeneca oferecem proteção limitada contra a ômicron, mas que esta proteção é rapidamente restaurada com uma dose de reforço, conforme explica em artigo publicado no site The Conversation em 5 de janeiro.

Lee também ressalta que é normal que algumas pessoas imunizadas peguem ômicron, uma vez que as vacinas não são concebidas para impedir a infecção, mas para reduzir as chances de alguém que foi infectado desenvolver uma forma grave da doença ou morrer.

“Até agora, as vacinas provaram ser muito boas na prevenção de doenças graves”, diz Lee.

Os CDC observam que “o surgimento da ômicron enfatiza a importância de se vacinar e tomar uma dose de reforço”.

Em 11 de janeiro, um painel da OMS indicou que é possível que as vacinas contra covid-19 precisem ser atualizadas para garantir que sejam efetivas contra novas variantes, como a ômicron.

Pessoa de luva retira vacina da ampola com seringa

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5. Se já tive covid ou estou vacinado, posso pegar ômicron?

Um relatório da Universidade Imperial College London, no Reino Unido, de 17 de dezembro, que ainda está sob processo de revisão, mostra que a ômicron tem uma grande capacidade de se esquivar da imunidade adquirida de uma infecção anterior.

O documento estima que o risco de reinfecção com ômicron seja 5,4 vezes maior do que com a delta.

A proteção contra a reinfecção por ômicron fornecida por uma infecção passada pode ser tão baixa quanto 19%, sugere o estudo.

Em relação às vacinas, o médico Gregory Poland, diretor do Grupo de Pesquisa de Vacinas da Clínica Mayo, nos EUA, indica que a proteção que elas oferecem contra a ômicron vai diminuindo com o tempo.

“Se você tomar duas doses da vacina, após pelo menos três meses sua proteção contra infecção ou hospitalização cai para cerca de 30% a 40%”, diz Poland no site da Clínica Mayo.

Segundo ele, com a dose de reforço a imunidade pode chegar a ficar entre 75% e 80%.

“Repare que eu não disse 100%”, adverte Poland.

“É por isso que ainda usamos máscara. É por isso que ainda mantemos o distanciamento.”

Casal de máscara se cumprimentando com cotovelo

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6. Que imunidade obtenho após superar uma infecção com ômicron?

“O que sabíamos das variantes anteriores é que as pessoas com imunidade híbrida (vacina + infecção) desenvolviam uma resposta imune mais potente e duradoura do que aquelas somente vacinadas ou somente infectadas”, diz Salvador Peiró, médico especialista em saúde pública e pesquisador em farmacoepidemiologia na FISABIO, uma fundação de pesquisa biomédica na Espanha.

Peiró alerta, no entanto, que a ômicron tem conseguido infectar pessoas que já tiveram a doença ou que já foram vacinadas, pelo menos depois de um tempo (mais de cinco ou seis meses) desde a vacinação ou infecção.

Rapaz de máscara usando celular sentado no sofá com cobertor e mão na cabeça

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7. Posso pegar covid novamente após me recuperar da ômicron? Posso ser infectado duas vezes com ômicron?

“Em teoria, sim, embora as reinfecções sejam extremamente raras nos meses seguintes após ter superado a covid”, diz Peiró.

Ele acrescenta que estas reinfecções serão ainda mais raras em pessoas que, além de terem superado a covid, tomaram uma terceira dose da vacina.

O especialista indica que, devido ao quão recente são as infecções, ainda não se sabe por quanto tempo e em que medida estas reinfecções vão ocorrer.


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Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

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Saúde

Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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