Saúde
Como é a Corbevax, 1ª vacina contra Covid-19 sem patente
Carlos Serrano (@carliserrano) – BBC News Mundo
Desde que as primeiras vacinas contra a covid-19 foram aprovadas, surgiu um intenso debate que dividiu o mundo.
De um lado, estavam as empresas farmacêuticas de países poderosos que protegiam a propriedade intelectual das vacinas que desenvolviam.
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E, de outro, aqueles que pediam a liberação das patentes para que as vacinas pudessem ser produzidas em maior quantidade e chegassem aos países mais pobres.
Agora, uma cientista hondurenha espera acabar com esse embate, graças ao desenvolvimento de uma vacina sem patente.
Trata-se de María Elena Bottazzi, codiretora do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do Hospital Infantil do Texas, em Houston, nos Estados Unidos.
Bottazzi e Peter Hotez desenvolveram uma vacina contra a covid-19 que no final de dezembro recebeu autorização para uso emergencial na Índia.
O nome da vacina é Corbevax e, segundo Bottazzi, todas as informações necessárias para fabricá-la estão disponíveis sem fins lucrativos.
“Qualquer um pode replicá-la”, diz Bottazzi à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
“Qualquer um pode trabalhar conosco.”
Atualmente, Bottazzi e sua equipe estão em negociação para produzir a vacina em países como Indonésia, Bangladesh e Botsuana.
E, por ser hondurenha, ela tem um interesse especial de que o imunizante possa ser produzido na América Central e distribuído em toda a região.
Em conversa com a BBC News Mundo, Bottazzi explica por que considera a Corbevax “a primeira vacina contra covid concebida para a saúde global” — e como espera que a mesma mude os paradigmas de produção e distribuição de vacinas.
Tecnologia comprovada
A vacina desenvolvida por Bottazzi e Hotez é baseada em uma tecnologia tradicional, chamada proteína recombinante.
Esta tecnologia já se mostra eficaz há décadas, em vacinas como a da hepatite B, por exemplo.
Seu funcionamento é baseado no uso de proteínas do vírus que sejam suficientes para despertar uma resposta imune, mas não a doença.
Além disso, requer um processo de produção mais simples e barato do que outros tipos de vacinas, como aquelas com tecnologia de RNA mensageiro produzidas pela Pfizer ou Moderna.
Bottazzi e Hotez vinham trabalhando em uma vacina desde o início dos anos 2000, quando surgiram as epidemias de Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio) e Sars (síndrome respiratória aguda grave), que também são coronavírus.
Como estes vírus não levaram a uma pandemia, se perdeu o interesse por essas vacinas — mas com a chegada do SARS-CoV-2, vírus causador da covid-19, Bottazzi e Hotez retomaram seus trabalhos, aproveitando os avanços que já haviam feito.
Falta de interesse
Por isso, quando a pandemia eclodiu, eles estavam prontos para desenvolver os testes necessários para aperfeiçoar a vacina.
“Mas não houve interesse”, conta Bottazzi, se referindo ao fato de não terem conseguido o apoio de órgãos do governo americano.
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“Eles estavam focados que precisava ser uma vacina de mRNA”, explica.
“Foi uma falha não apoiar tecnologias como a de proteínas recombinantes, ou as vacinas convencionais, porque é verdade que talvez demoremos mais para produzir, mas uma vez que conseguimos, podemos produzir bilhões de doses. Enquanto as de mRNA podem ser produzidas rápido, mas não em escala suficiente.”
A eficácia da vacina
Mas à medida que a pandemia entra no seu terceiro ano, a vacina de Bottazzi parece finalmente ter conseguido uma chance.
Para a cientista, o governo da Índia foi “mais esperto”.
“Eles disseram: ‘Se ninguém quer estas vacinas, vou analisá-las e produzir minhas próprias vacinas, sem ter que esperar que alguém venha entregar para nós’.”
O Hospital Baylor College, onde Bottazzi e Hotez trabalham, fez uma parceria com o laboratório indiano Biological E. para compartilhar informações e realizar os estudos necessários para verificar a segurança e eficácia da vacina.
De acordo com um estudo de Fase 3, realizado com 3 mil voluntários, a Corbevax é 90% eficaz na prevenção da doença causada pela versão original do SARS-CoV-2 e 80% eficaz para a variante delta.
Os dados destes estudos ainda não foram publicados, por isso alguns especialistas preferem ser cautelosos.
“A ciência, especialmente quando se trata de saúde pública, se baseia na análise objetiva de dados abertos, não aceitando a palavra de um fabricante de vacinas com interesse no produto”, afirmou James Krellenstein, cofundador da PrEP4All, organização que zela pela equidade nos serviços de saúde, ao jornal americano The Washington Post.
Em relação à variante ômicron, Bottazzi diz que está fazendo testes e aguardando a validação dos resultados.
A pesquisadora afirma também que os dados dos estudos ainda não foram publicados porque leva tempo para processá-los e disponibilizá-los ao público — e tanto a equipe dela quanto a da Biological E. são pequenas em relação às grandes multinacionais.
Ao mesmo tempo, Bottazzi garante que “não haverá surpresas”.
O fato é que o governo da Índia já encomendou 300 milhões de vacinas da Biological E.
Além disso, Bottazzi afirma que a ideia é que a Corbevax entre em março no mecanismo Covax, por meio do qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) busca uma distribuição igualitária de vacinas entre os países menos desenvolvidos.
Altruísmo
Bottazzi está confiante de que seu trabalho ajudará a mudar o modelo de produção e distribuição de vacinas em todo o mundo.
“Os fabricantes precisam ter algum altruísmo”, diz ela.
“A desgraça foi que esse altruísmo não aconteceu nessa situação de emergência e não fomos capazes de oferecer ao mundo o que ele precisava, e é por isso que ainda estamos nessa situação tão grave.”
“Acesso global não é apenas enviar a vacina para outra parte do mundo, acesso global é que haja acesso igualitário, que qualquer fabricante possa replicar a fórmula, que qualquer pessoa tenha acesso à vacina”, acrescenta.
Segundo ela, este modelo livre de patentes ressalta o papel das entidades acadêmicas e serve para chamar a atenção dos governos para que apoiem mais áreas de pesquisa.
“É preciso mudar os incentivos, não pode ser só econômico”, diz Bottazzi.
“A vacina não é um produto para fazer dinheiro.”
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Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
Saúde
Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo
Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana
Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.
Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.
A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.
As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.
O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.
Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.
Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação.
Saúde
Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-
Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações
O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.
A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.
Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.
A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).
Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.
Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.
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