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No Rio, atendimentos em UPAs estaduais sobem 429%, e capital fica sem vacina


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No Rio, atendimentos em UPAs estaduais sobem 429%, e capital fica sem vacina
Reprodução/Flickr

No Rio, atendimentos em UPAs estaduais sobem 429%, e capital fica sem vacina

Abatido, Alysson Patrick Gonçalves, de 21 anos, aguardava a consulta com um médico, ontem à tarde, deitado em frente à Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Copacabana, na Zona Sul do  Rio. Morador de São João Meriti, o tatuador foi trazido de lá por sua ex-namorada Fernanda Sibral, também de 21 anos. Ela resolveu buscar ajuda para Alysson depois de percorrer outras unidades, como a própria UPA de São João de Meriti e as de Duque de Caxias, e vê-las abarrotadas, com filas se estendendo rua afora.

Mas o cenário encontrado em Copacabana não foi diferente. Ao longo do dia, pessoas tossindo e espirrando se aglomeravam dentro e fora da unidade. Algumas resolveram ir embora, queixando-se de desorganização. Quem resolveu (ou precisou) permanecer teve de enfrentar uma bateria de desafios, como o desconforto — muitos aguardavam a consulta em pé ou sentados no chão — e, claro, a longa espera, que em alguns casos chegava a seis horas.

“Nem dormimos, porque ele estava passando muito mal. Chegamos às 10h30 e até agora só passamos pela etapa de classificação de risco”, contou Fernanda ao GLOBO por volta das 13h. “Ele está com febre, dor de cabeça, tontura, enjoo, secreção e vertigem. Acreditamos que seja Influenza, porque ele já está vacinado com as duas doses contra a Covid-19, mas não contra a gripe”, completa a mulher, que também contraiu a Influenza, mas, ao contrário de Alysson, estava vacinada e acabou desenvolvendo sintomas leves.

Mil doentes por dia

A unidade de Copacabana compõe a rede estadual de UPAs, na qual foi registrado um aumento de 429% de casos de síndrome gripal nos últimos sete dias, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde (SES). No período de 16 a 21 de novembro, a demanda de atendimentos diários teve uma média de 189 registros.

Na semana seguinte, o indicador subiu para mil atendimentos por dia, a maioria de adultos. Já a prefeitura do Rio informou que, na última semana, foram notificados 16 mil casos de gripe na rede municipal. Rocinha, Vila Kennedy, Barra da Tijuca, Complexo do Alemão, Ilha do Governador e Tijuca são os bairros com mais registros.

“Identificamos um surto de gripe no município do Rio, mas que já começa a se espalhar para outras cidades da Região Metropolitana. Cabe às pessoas redobrarem os cuidados de prevenção, uma vez que o vírus é transmitido da mesma forma que o da Covid. Não é motivo para pânico, mas é um momento de alerta”, disse o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.

Segundo a SES, das quase 4,5 milhões de pessoas vacinadas contra a gripe em todo o estado pela atual campanha, apenas 58,4% fazem parte do público-alvo, mais vulnerável aos efeitos da Influenza. Apesar disso, frente ao surto que se alastra, a Gerência de Imunizações da SES resolveu abrir a força-tarefa de vacinação para todas as idades, independentemente do perfil clínico, até que os estoques se esgotem.

Na capital, isso já aconteceu. A campanha de imunização do município foi suspensa ontem por falta de doses. De acordo com a Secretaria municipal de Saúde (SMS), a situação deve ser regularizada até amanhã, com a chegada de novos frascos que foram doados à SES pelo governo do Espírito Santo. Nesse meio-tempo, alguns não vacinados foram aos postos tentar a sorte.

Pouco após o anúncio da interrupção na campanha, a fila no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, por exemplo, dava voltas. A unidade ainda distribuía algumas doses restantes, que foram disputadas. Apesar da pandemia de Covid-19, a maioria procurava se imunizar contra a gripe. Jaqueline Gomes, de 60 anos, foi atrás das duas vacinas:

“Fiquei apreensiva com esse surto. Acho que todo mundo tem que se cuidar. Soube da suspensão, mas resolvi tentar mesmo assim, até porque também preciso tomar a vacina da Covid”.

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O cenário das UPAs demonstra a súbita pressão que o surto de Influenza provocou na rede de saúde do Rio. A de Botafogo, que também é estadual, ficou tão lotada que a aferição de temperatura e de pressão arterial, feita na triagem dos pacientes, passou a ser realizada na parte externa da unidade. Enfermeiros tiveram de abrir mão da hora do almoço para atender à crescente demanda.

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“Tivemos que aguardar a etapa de classificação de risco por mais de uma hora e meia. Lá dentro está completamente lotado. Quando cheguei, as enfermeiras ainda não estavam do lado de fora, mas, desde então, a fila foi só foi crescendo”, conta a recepcionista Luciana de Oliveira, de 45 anos, que aguardava a filha Joyce, de 24, que está com sintomas persistentes de gripe.

Na Tijuca, no fim da tarde, ainda havia fila do lado de fora da unidade. A dona de casa Maria das Dores, de 45 anos, conta que precisou aguardar duas horas e meia até sua filha ser atendida pelo médico:

“A minha filha começou a ter febre na sexta-feira. De lá para cá, evoluiu para dor de garganta e muita tosse. Procuramos o médico, antes que piorasse”.

Colchonete na recepção

Na UPA de Copacabana, o tempo de espera era tamanho que um paciente se deitou num colchonete na recepção. A cena foi fotografada pela esteticista Jaqueline Soares, de 45 anos, que foi à unidade junto com uma amiga, ambas com sintomas gripais.

“Essa gripe está pegando todo mundo. Minha filha pegou, a namorada dela também. O marido da minha amiga também pegou”, conta a paciente, que chegou à unidade por volta das 11h30 e só saiu de lá às 18h20. “Pensei que fosse fazer o teste da Covid, o que não aconteceu”.

A orientação das autoridades, no entanto, tem sido fazer os testes de Covid em quem está com sintomas gripais. Tanto que na capital o número de exames aumentou de 9 mil para 12 mil semanais, por conta da preocupação com a gripe. Mas 99% deram negativos para o coronavírus.

Diante do aumento da procura nas UPAs, a SES informou que adotou um plano de contingência com 11 equipes monitorando todas as suas unidades.

“Estamos avaliando a necessidade de reforçar as equipes. Mas é importante que pessoas que tenham sintomas da doença procurem os serviços de saúde”, disse Chieppe.

Fonte: IG SAÚDE

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Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

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Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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