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Autoteste de Covid: como funciona nos EUA e na Europa


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Autoteste de covid: como funciona nos EUA e na Europa
Reprodução: BBC News Brasil

Autoteste de covid: como funciona nos EUA e na Europa

O recente aumento de casos de covid-19 e a falta de exames em laboratórios para realização do diagnóstico têm chamado atenção para uma outra possibilidade de detecção da doença ainda não disponível no Brasil: os autotestes.

Vendidos em farmácias ou distribuídos pelo sistema público de saúde em outros países, autotestes são diferentes dos exames que já estão disponíveis em algumas drogarias no Brasil. Enquanto os exames já disponíveis para os brasileiros são coletados e interpretados nas farmácias, os autotestes são feitos e interpretados pelo próprio usuário, que coleta sua própria amostra e segue as instruções do fabricante.

Os autotestes podem ser comprados com antecedência e mantidos em casa para usar quando necessário, por exemplo.

Segundo patologistas, a confiabilidade do teste depende de uma série de fatores: a capacidade da pessoa para seguir instruções de coleta da amostra e realização do teste, a carga viral no momento da amostragem e a prevalência da doença em uma população quando o teste é feito.

Disponíveis em países como EUA, Canadá e Reino Unido, os autotestes ainda não tem autorização para comercialização no Brasil porque seu uso “precisa ser parte de uma política de saúde pública” que é responsabilidade do governo, afirmou a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em uma nota na semana passada.

A Anvisa afirma que a “situação de autotestes voltados a doenças de notificação compulsória requer a vinculação a políticas públicas com propósitos claramente definidos, associado ao atendimento e apoio clínico adequados e, conforme o caso, rastreamento de contatos para quebrar a cadeia de transmissão.”

“Outros países que adotaram a abordagem de execução de testes in vitro para covid-19 fora do ambiente laboratorial detém critérios sanitários direcionados a tais situações e estabeleceram políticas públicas na perspectiva do combate à disseminação do coronavírus”, disse a agência.

“A avaliação dos cenários, contexto epidemiológico, fatores culturais e mesmo a capacidade de assistência devem ser considerados na implementação de medidas que visem a melhoria de resultados.”

Autotestes para detecção de gravidez ou de condições de saúde como nível de açúcar no sangue são autorizados no Brasil. Mas uma resolução da agência de 2015 estabelece que exames para detecção de organismos patogênicos (que causam doenças) ou agentes transmissíveis não podem ser realizados por autotestes.

No entanto, diz a Anvisa, é possível a criação de exceções como parte de políticas de saúde pública, como foi feito com os autotestes para detecção de HIV – que foram autorizados e disponibilizados no SUS.

Após a declaração da Anvisa, o Ministério da Saúde, responsável pela elaboração de políticas públicas de saúde, enviou um documento à Anvisa pedindo a liberação dos testes e prevendo seu uso “em larga escala”.

A agência está fazendo a análise do pedido e a expectativa é que o resultado saia nesta semana.

A seguir, entenda como os autotestes funcionam em outros países onde seu uso já é parte de políticas de saúde pública criadas pelos governos.

Kit de autoteste de covid

BBC
No Reino Unido, kit com sete autotestes é distribuído de forma gratuita pelo sistema público de saúde

Medida de Redução de Riscos

Nos Estados Unidos, o CDC (Centro de Controle de Doenças) autoriza a venda de autotestes em farmácias como parte de uma política de ampla testagem da população – com uma série de recomendações para o uso.

Segundo a entidade de saúde americana, o uso de autotestes é uma das muitas medidas de redução de risco adotadas ou aconselhadas pelo governo, como a vacinação, uso de máscaras e distanciamento social.

A entidade explica que a vantagem dos autotestes são resultados rápidos. “Autotestes são uma de diversas opções de exame para covid-19 e podem ser mais convenientes que testes feitos por laboratórios”, diz o CDC.

“Você pode fazer o autoteste mesmo que não tenha sintomas e esteja totalmente vacinado”, afirma o órgão. Por exemplo, se tiver tido contato com pessoas que ficaram doentes ou tiver se exposto a algum risco. “Isso contribui para tomar decisões que vão ajudar a prevenir a disseminação de covid-19”,

O CDC tem uma série de vídeos e material instrutivo para uso do recurso. A entidade destaca que, enquanto um resultado positivo significa que é preciso se isolar por pelo menos 10 dias e avisar pessoas com quem você teve contato, um resultado negativo não necessariamente significa que você está livre da doença.

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“Se você fez o teste enquanto tinha sintomas e seguiu todas as instruções com cuidado, um resultado negativo significa que sua atual doença provavelmente não é covid-19, mas não descarta totalmente essa possibilidade”, afirma a entidade.

“No entanto, é possível que o teste tenha resultado negativo em pessoas que estão com covid-19. Isso é chamado de falso negativo. Você também pode ter resultado negativo se sua amostra foi coletada muito no começo da sua doença. Nesse caso, você pode ter um resultado positivo mais para frente”, diz o CDC.

Os testes de farmácia têm sido usados de forma ampla nos EUA, onde os testes laboratoriais são caros e não há sistema público de saúde.

Recentemente, o aumento de casos de covid-19 e a chegada da variante ômicron levou à uma escassez dos autotestes no país.

Nesta semana, o médico Anthony Fauci, assessor da Casa Branca para o combate à pandemia, disse que o problema será solucionado em breve. O presidente Joe Biden anunciou que o governo comprou 500 milhões de testes para serem distribuídos gratuitamente à população.

Autoteste de covid, um dispositivo retangular branco que mostra uma faixa vermelha no visor, como um teste de gravidez

Getty Images
Se autorizados, autotestes serão vendidos em farmácias

‘Planejamento e implementação cuidadosa’

Os autotestes para covid também são autorizados na Europa, mas o ECDC (Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças) afirma que o uso rotineiro de testes de farmácia nos países da União Europeia (UE) para detecção da doença precisa ser muito “bem-planejado e cuidadosamente implementado”.

Em um documento direcionado às autoridades de saúde dos países da UE , o órgão de saúde afirma que, antes de implementar os autoexames, as autoridades de saúde precisam analisar a prevalência da doença (número de casos) e o cenário em que eles serão usados – como, por exemplo, para testar a população geral ou para grupos ou situações específicas.

O ECDC afirma que os autotestes podem contribuir para a capacidade de testagem de covid-19 através da detecção de casos logo no início e para a redução da transmissão, porque permitem um rápido auto isolamento de pessoas contaminadas.

“Contudo, transferir a responsabilidade de relatar os resultados dos testes de profissionais de saúde e laboratórios para indivíduos pode levar à subnotificação e tornar medidas como rastreamento de contratos e quarentena ainda mais desafiadoras”, afirma o ECDC.

“Indicadores atuais para monitorar a intensidade e disseminação da pandemia de covid-19 podem ser (negativamente) afetadas e pode ser mais difícil monitorar as tendências da doença ao longo do tempo.”

Um desafio adicional, diz a entidade, é que as amostras de autotestes não vão estar disponíveis para sequenciamento e monitoramento de variantes preocupantes da doença, como a delta e a ômicron.

A autoridade de saúde também destaca que ainda há poucos estudos conclusivos sobre autotestes como uma ferramenta para o controle da covid.

Fila para testagem de covid-19 e influenza no Rio de Janeiro

Fernando Frazão/Agência Brasil
Anvisa diz que autotestes precisam ser parte de estratégia de saúde pública

Distribuição gratuita

No Reino Unido, os autotestes de covid são distribuídos pelo sistema público de saúde sem custos, em kits com sete exames. Os britânicos podem retirá-los em farmácias ou pedir, pela internet, para entrega pelo correio – sem cobrança adicional.

No fim de dezembro, com o avanço da ômicron no Reino Unido e um aumento na procura por testes, a distribuição desses testes ficou comprometida por desequilíbrio entre a oferta e a demanda.

Após a realização do autoteste, a recomendação do governo britânico é que os usuários reportem os resultados, pela internet, ao sistema público de saúde.

Outros países, como Austrália e Canadá, também incluíram a detecção com autotestes em suas políticas de combate à covid. Em ambos os países, também é possível obter os testes gratuitamente com o sistema público de saúde.

Na Austrália, é possível solicitar os autotestes ao governo e é obrigatório que resultados positivos sejam notificados pelos usuários.

As autoridades de saúde do país orientam os cidadãos a fazerem os autotestes em situações como antes de uma visita a um local onde haja alto risco (como um asilo ou unidade de saúde), antes de ir a algum lugar onde possa haver multidões, antes de voltar ao trabalho presencial e para se tranquilizar caso não tenha sintomas mas esteja se sentindo ansioso. No entanto, as autoridades determinam que no país, caso a pessoa tenha qualquer sintoma de covid, ela precisa fazer um teste laboratorial.


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Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

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Saúde

Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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