Contato

Saúde

Covid-19: Por que cientistas estão comparando a variante ômicron com o sarampo


source

BBC News Brasil

Covid: por que alguns cientistas estão comparando a variante ômicron do coronavírus com o sarampo
Guillermo López Lluch – The Conversation*

Covid: por que alguns cientistas estão comparando a variante ômicron do coronavírus com o sarampo

Guillermo López Lluch – The Conversation*

O imunologista espanhol Alfredo Corell causou polêmica recentemente ao afirmar que a variante ômicron do SARS-CoV-2 é tão contagiosa quanto o sarampo, um dos vírus mais contagiosos do mundo.

Obviamente, o coronavírus não produz os mesmos sintomas do sarampo. Mas a afirmação de Corell se refere à sua transmissibilidade e não aos seus sintomas.

E, nesse sentido, ele está absolutamente certo.

A variante ômicron causou grande furor desde o primeiro momento em que foi detectada na África do Sul, pois acumula grande número de mutações em proteínas que facilitam a entrada do vírus em nosso organismo.

O alvoroço inicial político e midiático não se devia a uma maior gravidade dos sintomas, mas à sua maior capacidade de infecção.

Mas, como aconteceu com outras variantes anteriores, quando uma nova variante é detectada é porque ela já está circulando entre a população.

Por isso, todos os cuidados dos governos com o fechamento das fronteiras foram inúteis. Agora, em vários países, a variante ômicron está prevalecendo sobre as anteriores, incluindo a delta, até então a mais transmissível.

É essa infecciosidade aumentada, tão alta quanto a do sarampo, que torna a ômicron mais preocupante do que outras variantes.

Pessoas de máscara em Londres

Getty Images
Alta transmissibilidade da ômicron, mais contagiosa do que outras variantes, se assemelha à forma como sarampo se espalha

Mas qual é a capacidade de infecção da variante ômicron?

Para determinar a capacidade de dispersão de um organismo patogênico, um parâmetro conhecido como número básico ou taxa de reprodução básica (R₀) é aplicado.

Nada mais é do que o número médio de novos casos que um caso positivo gera durante um período de infecção. Por exemplo, se um patógeno tem um R₀ de 2, significa que uma pessoa infectada infectará duas outras, em média.

E isso já faz com que o número de infectados aumente exponencialmente.

O parâmetro R₀ é inerente aos vírus, mas pode variar conforme as condições e depende diretamente do número de contatos.

Rodovia vazia na Espanha

Getty Images
Número reprodutivo de um vírus significa número de pessoas que uma pessoa infectada pode infectar. Para reduzi-lo, em outros momentos de pandemia, era necessário confinar toda a população

Em casos de pandemia, é essencial reduzir o R₀ por meio de medidas de confinamento ou quarentena para evitar que uma pessoa infectada infecte outras pessoas. Só assim R₀ é reduzido.

Assim, se o R₀ atinge um valor inferior a 1, o patógeno desaparece com o tempo. Por outro lado, se for maior, o contágio aumenta.

Entre os patógenos mais contagiosos, encontramos o vírus do sarampo, que é transmitido por via aérea e cujo R₀ está entre 12 e 18.

Logo abaixo dele, estão a coqueluche, com um R₀ de 12 a 17; difteria, 6 a 7; varíola, poliomielite e rubéola, com um R₀ de 5 a 7.

Curiosamente, embora sejam patógenos muito contagiosos, todos eles foram controlados graças às vacinas. Para todos eles, exceto para a varíola que foi erradicada, temos vacinas dentro do calendário oficial que são injetadas nos primeiros anos de vida.

Ou seja, apesar de sua alta capacidade de contágio, esses patógenos não nos causam mais doenças, exceto surtos que ocorreram principalmente em grupos não vacinados, pois somos imunizados desde a infância.

E o R₀ das diferentes variantes do SARS-CoV-2 aumentou à medida que o vírus se espalhou entre os humanos.

Um estudo publicado recentemente indica que o R₀ da variante inicial de Wuhan, na China, era de 2,5.

Para a variante delta, mais transmissível, o R₀ era de cerca de 7.

Leia Também

Já o da ômicron é de 10 — e isso significa que ela tem grandes chances de se tornar a variante prevalente no mundo.

Para contextualizar, a gripe de 1918 tinha um R₀ entre 1,4 e 2,3, inferior ao do coronavírus e muito inferior ao da variante atual.

Ao que devemos acrescentar uma situação de mobilidade global muito mais limitada do que a dos dias de hoje.

Leia Também

E aí está o problema.

Outro aspecto importante é que ambos os vírus, sarampo e coronavírus, utilizam a mesma via de transmissão: o ar.

Apesar das primeiras hesitações sobre seu mecanismo de contágio, já está claro que o SARS-CoV-2 é transmitido principalmente por aerossóis. E esse também é outro fator importante para sua dispersão.

Embora existam outros vírus como HIV (4,2 a 10,6), hepatite C (2,1 a 3,9) e Ebola (1,2 a 1,9) que apresentam R₀ preocupante, seu mecanismo de transmissão é facilmente controlável.

Mas no caso de um vírus transportado pelo ar, com um R₀ alto e um longo período pré-sintomático, os contatos são quase impossíveis de evitar.

Discoteca em Londres

Getty Images
O fato de que muitas pessoas podem transmitir infecção por coronavírus de forma assintomática torna difícil seu controle

A tudo isso devemos acrescentar o fato de que muitas das pessoas infectadas sofrem a infecção de forma assintomática.

Os últimos estudos na Espanha mostram que 30% dos infectados passaram a infecção de forma assintomática ou com sintomas tão leves que não requerem atenção especial.

Isso torna a propagação do vírus ainda mais incontrolável, pois muitas pessoas podem estar contribuindo para a propagação sem perceber.

Novas condições, novas soluções

Os vírus evoluem, especialmente se conseguirem infectar um novo hospedeiro.

As condições iniciais da pandemia exigiram medidas drásticas para evitar infecções em massa e o colapso dos sistemas de saúde.

Sem antivirais, sem terapias eficazes, sem protocolos clínicos comprovados e sem vacinas, estávamos todos à mercê do vírus.

Agora, a maioria da população está vacinada com o esquema vacinal completo e seu sistema imunológico contém células de memória preparadas para serem detectadas e ativadas rapidamente, ainda mais com o reforço da terceira dose.

Apenas uma pequena quantidade de pessoas com baixa imunidade e de não vacinadas correm perigo real.

Dados na Espanha mostram que pessoas não vacinadas estão sujeitas a um risco 20 vezes maior de sofrer hospitalização, admissão em UTI ou morrer devido à covid-19 do que as vacinadas.

Seringa e máscaras

Getty Images
Vacinas preveniram muitas infecções e mortes por coronavírus

Com essa situação, o debate sobre as medidas que devem ou não ser tomadas torna-se muito complexo.

Um cenário mudando a todo momento, um vírus mais contagioso e uma alta porcentagem da população vacinada são fatores importantes que afetam as decisões.

Como já se faz em parte no caso da gripe sazonal, o acompanhamento dos casos sintomáticos, o reforço do atendimento primário e de urgência e a vacinação são as medidas sanitárias mais adequadas.

Bebê com erupção no rosto

Getty Images

Os cidadãos podem contribuir reduzindo ao máximo os contatos e evitando situações que favoreçam a propagação do vírus.

A única defesa e saída para essa pandemia é a imunidade e evitar contatos, se você estiver infectado. Assim, chegaremos ao equilíbrio que já existe com os quatro coronavírus humanos que causam resfriados e que já percorreram o mesmo caminho que o atual SARS-CoV-2 está percorrendo.

Guillermo López Lluch é membro da Sociedade Espanhola de Biologia Celular, da Sociedade Espanhola de Bioquímica e Biologia Molecular, da Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia, da Sociedade para Pesquisa de Radicais Livres e da Associação Internacional de Coenzima Q10.

Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation . Clique aqui para acessar o artigo original.

Fonte: IG SAÚDE

Publicidade
Comentários

Saúde

Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

Continue lendo

Saúde

Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

Continue lendo

Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

Continue lendo

Popular