Saúde
Covid-19: Por que cientistas estão comparando a variante ômicron com o sarampo
Guillermo López Lluch – The Conversation*
O imunologista espanhol Alfredo Corell causou polêmica recentemente ao afirmar que a variante ômicron do SARS-CoV-2 é tão contagiosa quanto o sarampo, um dos vírus mais contagiosos do mundo.
Obviamente, o coronavírus não produz os mesmos sintomas do sarampo. Mas a afirmação de Corell se refere à sua transmissibilidade e não aos seus sintomas.
E, nesse sentido, ele está absolutamente certo.
A variante ômicron causou grande furor desde o primeiro momento em que foi detectada na África do Sul, pois acumula grande número de mutações em proteínas que facilitam a entrada do vírus em nosso organismo.
O alvoroço inicial político e midiático não se devia a uma maior gravidade dos sintomas, mas à sua maior capacidade de infecção.
Mas, como aconteceu com outras variantes anteriores, quando uma nova variante é detectada é porque ela já está circulando entre a população.
Por isso, todos os cuidados dos governos com o fechamento das fronteiras foram inúteis. Agora, em vários países, a variante ômicron está prevalecendo sobre as anteriores, incluindo a delta, até então a mais transmissível.
É essa infecciosidade aumentada, tão alta quanto a do sarampo, que torna a ômicron mais preocupante do que outras variantes.
Mas qual é a capacidade de infecção da variante ômicron?
Para determinar a capacidade de dispersão de um organismo patogênico, um parâmetro conhecido como número básico ou taxa de reprodução básica (R₀) é aplicado.
Nada mais é do que o número médio de novos casos que um caso positivo gera durante um período de infecção. Por exemplo, se um patógeno tem um R₀ de 2, significa que uma pessoa infectada infectará duas outras, em média.
E isso já faz com que o número de infectados aumente exponencialmente.
O parâmetro R₀ é inerente aos vírus, mas pode variar conforme as condições e depende diretamente do número de contatos.
Em casos de pandemia, é essencial reduzir o R₀ por meio de medidas de confinamento ou quarentena para evitar que uma pessoa infectada infecte outras pessoas. Só assim R₀ é reduzido.
Assim, se o R₀ atinge um valor inferior a 1, o patógeno desaparece com o tempo. Por outro lado, se for maior, o contágio aumenta.
Entre os patógenos mais contagiosos, encontramos o vírus do sarampo, que é transmitido por via aérea e cujo R₀ está entre 12 e 18.
Logo abaixo dele, estão a coqueluche, com um R₀ de 12 a 17; difteria, 6 a 7; varíola, poliomielite e rubéola, com um R₀ de 5 a 7.
Curiosamente, embora sejam patógenos muito contagiosos, todos eles foram controlados graças às vacinas. Para todos eles, exceto para a varíola que foi erradicada, temos vacinas dentro do calendário oficial que são injetadas nos primeiros anos de vida.
Ou seja, apesar de sua alta capacidade de contágio, esses patógenos não nos causam mais doenças, exceto surtos que ocorreram principalmente em grupos não vacinados, pois somos imunizados desde a infância.
E o R₀ das diferentes variantes do SARS-CoV-2 aumentou à medida que o vírus se espalhou entre os humanos.
Um estudo publicado recentemente indica que o R₀ da variante inicial de Wuhan, na China, era de 2,5.
Para a variante delta, mais transmissível, o R₀ era de cerca de 7.
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Já o da ômicron é de 10 — e isso significa que ela tem grandes chances de se tornar a variante prevalente no mundo.
Para contextualizar, a gripe de 1918 tinha um R₀ entre 1,4 e 2,3, inferior ao do coronavírus e muito inferior ao da variante atual.
Ao que devemos acrescentar uma situação de mobilidade global muito mais limitada do que a dos dias de hoje.
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E aí está o problema.
Outro aspecto importante é que ambos os vírus, sarampo e coronavírus, utilizam a mesma via de transmissão: o ar.
Apesar das primeiras hesitações sobre seu mecanismo de contágio, já está claro que o SARS-CoV-2 é transmitido principalmente por aerossóis. E esse também é outro fator importante para sua dispersão.
Embora existam outros vírus como HIV (4,2 a 10,6), hepatite C (2,1 a 3,9) e Ebola (1,2 a 1,9) que apresentam R₀ preocupante, seu mecanismo de transmissão é facilmente controlável.
Mas no caso de um vírus transportado pelo ar, com um R₀ alto e um longo período pré-sintomático, os contatos são quase impossíveis de evitar.
A tudo isso devemos acrescentar o fato de que muitas das pessoas infectadas sofrem a infecção de forma assintomática.
Os últimos estudos na Espanha mostram que 30% dos infectados passaram a infecção de forma assintomática ou com sintomas tão leves que não requerem atenção especial.
Isso torna a propagação do vírus ainda mais incontrolável, pois muitas pessoas podem estar contribuindo para a propagação sem perceber.
Novas condições, novas soluções
Os vírus evoluem, especialmente se conseguirem infectar um novo hospedeiro.
As condições iniciais da pandemia exigiram medidas drásticas para evitar infecções em massa e o colapso dos sistemas de saúde.
Sem antivirais, sem terapias eficazes, sem protocolos clínicos comprovados e sem vacinas, estávamos todos à mercê do vírus.
Agora, a maioria da população está vacinada com o esquema vacinal completo e seu sistema imunológico contém células de memória preparadas para serem detectadas e ativadas rapidamente, ainda mais com o reforço da terceira dose.
Apenas uma pequena quantidade de pessoas com baixa imunidade e de não vacinadas correm perigo real.
Dados na Espanha mostram que pessoas não vacinadas estão sujeitas a um risco 20 vezes maior de sofrer hospitalização, admissão em UTI ou morrer devido à covid-19 do que as vacinadas.
Com essa situação, o debate sobre as medidas que devem ou não ser tomadas torna-se muito complexo.
Um cenário mudando a todo momento, um vírus mais contagioso e uma alta porcentagem da população vacinada são fatores importantes que afetam as decisões.
Como já se faz em parte no caso da gripe sazonal, o acompanhamento dos casos sintomáticos, o reforço do atendimento primário e de urgência e a vacinação são as medidas sanitárias mais adequadas.
Os cidadãos podem contribuir reduzindo ao máximo os contatos e evitando situações que favoreçam a propagação do vírus.
A única defesa e saída para essa pandemia é a imunidade e evitar contatos, se você estiver infectado. Assim, chegaremos ao equilíbrio que já existe com os quatro coronavírus humanos que causam resfriados e que já percorreram o mesmo caminho que o atual SARS-CoV-2 está percorrendo.
Guillermo López Lluch é membro da Sociedade Espanhola de Biologia Celular, da Sociedade Espanhola de Bioquímica e Biologia Molecular, da Sociedade Espanhola de Geriatria e Gerontologia, da Sociedade para Pesquisa de Radicais Livres e da Associação Internacional de Coenzima Q10.
Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation . Clique aqui para acessar o artigo original.
Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
Saúde
Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo
Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana
Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.
Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.
A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.
As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.
O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.
Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.
Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação.
Saúde
Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-
Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações
O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.
A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.
Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.
A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).
Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.
Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.
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