Saúde
Cientistas avaliam possível elo entre cepa Ômicron e HIV não tratado
Andrew Harding – Correspondente da BBC News na África
Cientistas sul-africanos — elogiados pela descoberta da ômicron — estão investigando a “hipótese altamente plausível” de que o surgimento de novas variantes da Covid-19 poderia estar relacionado, em alguns casos, a mutações que ocorrem dentro de pessoas infectadas cujo sistema imunológico já foi enfraquecido por outras doenças, como HIV não tratado.
Os pesquisadores já observaram que a Covid-19 pode durar muitos meses em pacientes HIV positivos, e que, por diversos motivos, não tomam os medicamentos que lhes permitiriam levar uma vida saudável.
“Normalmente, o seu sistema imunológico expulsaria um vírus rapidamente, se totalmente funcional”, diz a professora Linda-Gayle Bekker, que dirige a Fundação Desmond Tutu HIV na Cidade do Cabo.
“Em alguém com a imunidade suprimida, vemos o vírus persistindo. E ele não fica parado, ele se replica. E conforme se replica, sofre mutações em potencial. E em alguém imunossuprimido, esse vírus pode ser capaz de continuar por muitos meses — sofrendo mutação”, acrescenta ela.
Mas, à medida que avançam com suas pesquisas, os cientistas estão ansiosos para evitar estigmatizar ainda mais as pessoas que vivem com o HIV, tanto na África do Sul — onde ocorre a maior epidemia mundial de HIV — e globalmente.
“É importante enfatizar que as pessoas que estão tomando medicamentos anti-retrovirais têm sua imunidade restaurada”, diz Bekker.
Dois casos de particular interesse já foram detectados em hospitais sul-africanos. Uma mulher continuou a receber diagnóstico positivo para Covid-19 por quase oito meses, no início deste ano, enquanto o vírus passou por mais de 30 alterações genéticas.
O brasileiro Túlio de Oliveira, que chefia a equipe que confirmou a descoberta da ômicron, assinala que “10 a 15” casos semelhantes foram encontrados noutras partes do mundo, incluindo no Reino Unido.
“É um evento muito raro. Mas é uma explicação plausível que indivíduos imunossuprimidos… podem basicamente ser uma fonte de evolução do vírus”, diz ele.
Cientistas sul-africanos enfrentaram críticas — e até ameaças de morte nas redes sociais — depois que sua recente descoberta da variante ômicron desencadeou proibições de viagens rápidas, polêmicas e economicamente prejudiciais em países ocidentais.
Eles não querem que seu país, ou continente, possa ser visto como uma espécie de criadouro de novas variantes.
A ligação entre pacientes imunossuprimidos e novas variantes de covid é “uma hipótese altamente plausível”, diz o professor Salim Karim, um importante especialista em HIV e ex-presidente do comitê consultivo para Covid-19 do governo sul-africano.
“Mas não está provado. Vimos cinco variantes virem de quatro continentes diferentes. Portanto, transformar a África em bode expiatório é simplesmente ultrajante”.
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Cientistas também observam que há muitas outras razões, globalmente, pelas quais o sistema imunológico das pessoas pode estar comprometido.
O surgimento, por exemplo, da variante alpha foi associado a um paciente recebendo tratamento para câncer no Reino Unido.
“Diabetes, câncer, fome, doenças autoimunes, tuberculose crônica, obesidade — temos uma enorme população de pessoas com imunidade suprimida por outras razões”, diz o professor Marc Mendelson, chefe de doenças infecciosas do hospital Groote Schuur da Cidade do Cabo.
Na África do Sul, quase 8 milhões de pessoas vivem com o HIV, o vírus causador da Aids. Mas cerca de um terço deles não está tomando medicamentos.
Em Masiphumelele, um município populoso espremido entre encostas rochosas e o Oceano Atlântico, ao sul da Cidade do Cabo, estima-se que um quarto da população adulta do município tenha HIV.
“Há muitos problemas. Algumas [pessoas] não querem fazer o teste. Algumas não querem saber. Há um estigma em torno do HIV”, diz o agente comunitário Asiphe Ntshongontshi, explicando por que, apesar de a presença de um programa de saúde extremamente eficaz, um número significativo de pessoas não está tomando os medicamentos prescritos.
Atualmente, não há evidências de que qualquer uma das variantes de preocupação da Covid-19 tenha surgido na África, embora a chegada repentina de uma variante tão transmissível como a ômicron no sul da África tenha alimentado especulações de que pode estar ligada a alguém com um sistema imunológico comprometido.
Cientistas que rastreiam o vírus dizem esperar que essa preocupação com uma possível ligação com o HIV estimule uma ação global maior em um momento em que a luta contra o HIV tem sido negligenciada, em algumas áreas, devido à pandemia.
“É um problema mundial — essa necessidade de entender como as infecções virais prosperam em nossa comunidade global. E o melhor recurso que temos (para enfrentá-la) no momento é a vacinação. Essa mensagem deve ser dita em alto e bom som”, diz Bekker.
Embora a África ainda esteja muito atrás do restante do mundo nas vacinações contra a covid, os pesquisadores sul-africanos dizem ser importante dar atenção especial às pessoas com sistema imunológico enfraquecido, que podem precisar de quatro ou até cinco doses de reforço para que as vacinas desencadeiem uma resposta imune adequada.
“Se quisermos diminuir o risco de novas variantes, temos que enfrentar esse desafio em todos os países do mundo. Isso é tentar garantir que os indivíduos imunocomprometidos sejam totalmente vacinados e tenham respostas imunológicas detectáveis às vacinas”, explica.
“E, caso contrário, eles devem receber doses extras até que desenvolvam uma resposta imunológica. Essa é a nossa melhor proteção contra a possibilidade de que pessoas com sistema imunológico comprometido estejam desenvolvendo variantes”, conclui Karim.
No Brasil, o Ministério da Saúde acaba de anunciar a aplicação da quarta dose para imunossuprimidos.
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Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
Saúde
Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo
Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana
Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.
Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.
A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.
As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.
O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.
Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.
Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação.
Saúde
Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-
Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações
O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.
A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.
Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.
A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).
Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.
Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.
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