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Relacionamento aberto dá certo? Entenda as relações não-monogâmicas


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Entenda o que é a não-monogamia
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Entenda o que é a não-monogamia

Recentemente, Bela Gil revelou viver em um relacionamento não-monogâmico com seu marido, João Paulo Demasi . Além deles, a atriz Fernanda Nobre e o diretor José Roberto Jardim, e os atores Mariana Lima e Enrique Díaz também são desta forma de relacionar. 

As relações não-monogâmicas (também chamadas de relações abertas ou não-mono) são modos de se relacionar romanticamente com uma ou mais pessoas, uma alternativa ao relacionamentos fechados ou monogâmicos.  Anne Fonseca, especialista em cultura material e consumo e pesquisadora sobre amor e famílias, vive a não-monogamia há 12 anos e explica não se trata de quantidade de gente que se relaciona (seja sexualmente ou não), mas sobre entender que os afetos não são válidos apenas para quando servem à formação da família e manutenção de propriedade.  

“Seguimos dizendo que só a mulher que tem um homem ao seu lado, assumida como esposa, é a mulher que deu certo, não importa se num ambiente violento, por exemplo. Por isso, a não-monogamia é uma amplitude de possibilidades e segue sendo uma negação de um conceito que oprime. Ela nega que uma pessoa só possa ser válida, amada ou digna de afeto se estiver numa relação afetivo-sexual com alguém ou à espera disso”, conta. 

A influenciadora digital  Cah Fernandes , explica que a não-monogamia tenta romper o machismo e a ideia da posse sobre a sexualidade e corpo feminino. Além disso, quem é adepto das relações não-monogâmicas tende a estender os princípios desta forma de relacionar para além das relações românticas, incluindo os relacionamentos familiares e de amigos.

Desse ponto de vista, aquela hierarquia de relação, como “família é mais importante do que amigos”, não existe. “Os relacionamentos não serão formados em formato de pirâmide, mas sim no de rede. Todo mundo que te importa tende a estar dentro dessa rede e todos são igualmente importantes para você”, conta. 

Teoria e prática 

“É muito comum a gente acaba seguindo um roteiro pré-moldado de como criar relações dentro da monogamia. A gente nasce, cresce, namora e quando a gente namora, não pode se envolver com mais ninguém”, diz Cah. Ela conclui que desde que passou a se questionar as formas da monogamia e se esse roteiro fazia sentido para ela, ela começou a ser mais fiel aos sentimentos, respeitar a si mesma, o corpo, os sentimentos e a ficar em paz, já que estava tentando suprir uma expectativa que não era dela. 

“Eu tirei o peso da expectativa do outro, que te supra 100%, como se a outra pessoa tivesse a obrigação. Não existe um outro ser humano que vá te satisfazer 100%. A sua relação com uma pessoa não interfere a relação com outras pessoas diretamente […] Não existe uma forma certa de amar, tem que romper com essa ideia. Existe amor de mulher com mulher, existe amor de amor com homem, corpos pretos se amando também são políticos. Tem que romper com todas as ideias colonizadas que a gente tem”, diz. 

Para Anne, a não-monogamia proporciona encontrar suas próprias formas, em seu contexto e jornada de vida, de ser valorizada, amada e viver suas afetividades. “Toda liberdade exige alguma responsabilidade, principalmente sobre si, e essa talvez seja a parte mais difícil: lidar com nós mesmos e com o que desejamos pra vida. Estamos acostumados a ter uma linha pra seguir, do que é tido como sucesso pelos outros, mas muitos de nós não somos como os grandes heróis e heroínas. Somos feitos de muita diversidade de contextos. 

 Eu gosto de dizer que só fui jogada para pensar sobre mim mesma porque a monogamia nunca me escolheu. Eu nunca fui vista como uma mulher digna do casamento, dos filhos. E tudo isso só porque eu vivia minha vida sexual com responsabilidade, mas não aceitava uma pessoa controlando meus passos. Foi o suficiente para que eu buscasse outras formas de me relacionar, e foi assim que vi que esse sistema não fazia sentido. Até poucas dezenas de anos atrás, o casamento sequer se dava com o aval do afeto. Porque hoje só podemos ser amadas se for dentro dele ou na expectativa que ele aconteça?”, conta.  

Relação aberta x não monogamia

 A confusão entre relacionamento aberto X não-monogamia é bem comum. Anne conta que as relações abertas tendem a ter acordos limitantes, que são aqueles conjuntos de regrinhas que fazem com que o casal se sinta mais seguro emocionalmente ao se relacionarem com mais pessoas. Nem sempre isso é considerado não-monogamia, já que essas pessoas tendem a achar que só no casamento serão importantes, amadas e se manterão exclusivas num certo pódium afetivo. 

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“Esses casais tendem a se enxergar como um só e buscam pessoas que satisfaçam suas vontades. Isso não me parece estar contra os valores monogâmicos, apenas estão flexibilizando (ainda mais se falamos de sexo). Agora, relações não monogâmicas tendem a dialogar mais sobre como se sentem, sobre o que cada pessoa quer fazer, sentir e quais medos e angústias sentem nessa jornada. Isso pode levar a situações em que uma pessoa quer fazer algo e outra não, e elas precisarão entender o que podem fazer pra que vivam aquilo da forma que se sintam seguras. Muitas vezes será apenas sobre ouvir a dor do outro e reforçar seus laços, outras pessoas preferirão pausar um pouco e depois seguir. Tudo vai depender muito de cada contexto e das pessoas”, diz a pesquisadora. 

 Cah, que atualmente está em um relacionamento não-monogâmico, explica que os combinados mais comuns dependem do ‘guarda-chuva da monogamia’, se for o que não é a não-monogamia política, existem os trisais, quadrisal, mas com o relacionamento fechado entre eles. A não-monogamia política, segundo Cah, é quando se rompe com tudo relacionado a monogamia. “Não tem sentido para a gente vim adequando ou levando conceitos monogâmicos para dentro das relações quando você se diz não-monogâmico”. 

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Quem é adepto do relacionamento aberto normalmente mantém regras para não se apaixonar e que são bem comuns, como avisar quando for sair com alguém. “Dentro da monogamia política, isso acaba não se enquadrando porque essas regras limitantes acreditamos que não fazem sentido, porque a nossa liberdade não deve ser negociada. Eu sou livre para me relacionar e eu não deveria pedir permissão para ninguém por isso, porque é o meu corpo, é o meu afeto”, afirma Cah.

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 Na não-monogamia fora desse eixo político, essas liberdades muitas vezes não são negociadas. Então, os acordos que acontecem são de convivência, como explica a influencer. Se os parceiros moram juntos, por exemplo, eles avisam sobre trazer pessoas em casa, pergunta se o parceiro já tinha algum encontro combinado e etc. Tudo pensado para que os parceiros e os afetos desses parceiros vivam bem.   

Desmistificando a não-monogamia

Para quem não entende e não estuda sobre o assunto, alguns mitos comuns sobre o relacionamento aberto podem gerar bastante preconceito e até mesmo ataques de ódio. Convidamos Anne e Cah a listarem alguns dos mitos mais comuns que ganharam sucesso na boca do povo: 

“Corno Gourmet”: Cah explica que para ser ‘corno’, a pessoa tem que ter um acordo de exclusividade, que não é o que acontece na não-monogamia. Se o acordo não existe, consequentemente a traição também não. 

“Não-monogamia é central de IST”: Pelos parceiros poderem se relacionar com mais pessoas sexualmente, muitos pensam que isso pode necessariamente acabar em doenças sexuais. Cah explica que a monogamia nunca foi garantia de que ninguém iria pegar IST. Os cuidados para qualquer relação segue sendo usar camisinha e se prevenir!  

Anne ressalta que solteiros e casados monogâmicos seguem expostos a ISTs e pouco ou nada é falado sobre isso. “Nem sempre é sobre sexo, nem sempre é sobre ter mais de uma parceira. Se fosse só sobre isso, se estaria solteiro, apenas. Percebemos que essa questão pega muito nas pessoas, porque elas usam um argumento racional (como controle de IST), para garantir um valor moral”, diz. 

“Não-monogamia gera mais liberdade para o homem”: O homem já tem uma liberdade superior a da mulher, e isso é perceptível pelo fato de que a traição masculina é muito mais aceita do que a feminina, como ressalta a influencer. “A gente já cansou de ver exemplos por aí e coisas básicas, que acabam até culminando em um feminicídio por conta de ciúmes que, às vezes, a mulher nem fez nada”, conta Cah. Dentro da não-monogamia, não existe isso de querer dar mais liberdade para um dos gêneros, todos devem ser iguais. 

“Quem é não-monogâmico é irresponsável afetivamente”: A influencer pontua que os adeptos do relacionamento não saem por aí ficando com as pessoas e depois descartando, usando e abusando. Se for algo mútuo onde a pessoa quer ficar com a outra, que é correspondida da mesma maneira, funciona igualmente com os relacionamentos monogâmicos. “Se for a questão de construir um relacionamento, cada relação tem suas expectativas. Vocês vão sentar, vão conversar e ver o que é melhor para cada um. Eu acho que na não-monogamia a gente acaba sendo mais responsável com isso”, explica.

Um outro tópico que deve ser bem lembrado é o fato de casais que usam o relacionamento aberto para “salvar” o namoro ou casamento. Anne explica que nestes casos, eles não buscam resolver os problemas na não-monogamia, mas sim, com a abertura sexual, quebrar a exclusividade na expectativa de que isso ajuda a reafirmar que eles são melhores juntos. 

“Mas, fazem isso sem dialogar muito sobre como se sentem ou sobre o que buscam de verdade. E isso sempre acaba com muita dor. Então, se posso dar um conselho é: se sua relação está com problemas, tente entender primeiro porque, como e se querem mesmo seguir juntos pelo afeto, e não porque precisam (seja para manter a família ou financeiramente). Depois de dialogar, aí decidam o que fazer. Na maioria das vezes vocês podem chegar a outros lugares mais confortáveis sem precisar envolver sentimentos e ações de outras pessoas”, conta. 

Envolver terceiros sem realmente se interessar em ser não-monogâmico é perigoso até mesmo para os sentimentos dessa pessoa que será envolvida no relacionamento. Pessoas poligâmicas usam o termo “caçador de unicórnio” para descrever pessoas que buscam por uma terceira, normalmente mulheres bissexuais, para ter experiências sexuais com o casal. 

Algo que acaba sendo uma vertente desses casais e é comum, é quando os homens topam ou propõe abrir a relação de forma não-monogâmica, mas isso só vale para eles. Se a parceira ou o parceiro sai com outras pessoas, faz de um inferno na vida do outro. “Uma coisa que acho importante é sempre entender o que está por trás dessa busca por uma relação aberta. Se o cara tá só querendo diversidade sexual e não está querendo entender o que você sente vontade, necessidade e, principalmente, sem querer acolher seus medos e angústias, ele pode viver isso sendo solteiro, mande ele pra longe. Isso é muito diferente de pessoas que não querem e não desejam ter mais de um parceiro, mas não querem ter controle sobre a vida desse parceiro”, diz Anne. 

A pesquisadora completa dizendo que a maioria dos casais que recebe essa sugestão do perceiro mas não se interessa por viver outros tipos de relação, acaba apenas cedendo por medo do abandono, da solidão e de perder aquela pessoa. Mas que isso é ceder a uma chantagem emocional.

Fonte: IG Mulher

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Neste domingo, escritora alegretense será entrevistada na TV Cultura

Escritora Eliana Rigol aborda a história oculta das mulheres no Café Filosófico .Programa da TV Cultura vai ao ar no próximo domingo, dia 3, às 19h

A escritora gaúcha Eliana Rigol será a convidada do próximo Café Filosófico, que vai ao ar no domingo, dia 3, às 19h, na TV Cultura. No programa, ela irá abordar o tema da história oculta das mulheres, como parte da série “Novas mulheres, antigos papeis”, gravada em maio, no Instituto CPFL, em Campinas (SP), com curadoria da historiadora e roteirista Luna Lobão.

Para Eliana, que atualmente vive em Barcelona, na Espanha, foi uma honra ter sido convidada a subir no palco de um programa do qual sempre foi fã, mas onde, normalmente, só via homens sendo entrevistados. “Foi uma alegria genuína estar representando tantas e tantas mulheres no Brasil e no mundo que não tiveram momento para fala e escuta nesse mundo desenhado por homens e para homens”, conta.

Nascida em Alegrete, Eliana já morou em São Paulo, Toronto e Lisboa. Advogada de formação e escritora por vocação, ela atua com mentoria de mulheres (Jornada da Heroína) Ela é autora de quatro livros: Moscas no Labirinto (Pergamus, 2015), indicado ao Prêmio AGES, Afeto Revolution, finalista do Prêmio Jabuti, Herstory e Parir é sexual, os três últimos publicados pela editora Zouk, de Porto Alegre.

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Câncer de Mama: Proposta estabelece prazo para substituir implantes mamários

 

Com o objetivo de garantir bem-estar e dignidade às pacientes com câncer de mama, o deputado Gustavo Victorino protocolou, na Assembleia Legislativa, Projeto de Lei 350/23 que estabelece prazo para procedimentos cirúrgicos e garante acompanhamento às mulheres em tratamento.

A proposta determina o limite de 30 dias para substituição do implante mamário sempre que ocorrerem complicações inerentes à cirurgia de reconstrução da mama, bem como garante o acompanhamento psicológico e multidisciplinar especializado às pacientes que sofrerem mutilação total ou parcial de mama decorrente do tratamento de câncer.

Conforme o parlamentar, a proposição, que modifica o Estatuto da Pessoa com Câncer no Rio Grande do Sul (Lei nº 15.446/20), é um direito previsto na Lei Federal (no 14.538/2023), garantindo assim, um cuidado integral e humanizado à saúde da mulher: “Física e emocionalmente, o câncer de mama é devastador para a mulher e é nessa hora que o suporte médico e psicológico deve se fazer presente”, pontua o deputado Gustavo Victorino.

 

Crédito: Paulo Garcia Agência ALRS

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Bolsonaro sanciona lei de enfrentamento à violência contra às mulheres

Está publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (5), a Lei 14.330/22 que inclui o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.

A norma determina a previsão de ações, estratégias e metas específicas sobre esse tipo de violência que devem ser implementadas em conjunto com órgãos e instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal, responsáveis pela rede de prevenção e de atendimento das mulheres em situação de violência.

Depois de passar pela Câmara, o texto foi aprovado pelo Senado em março, como parte da pauta prioritária da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.

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