Saúde
Teste de covid: por que está tão difícil conseguir testagem no Brasil?
Paula Adamo Idoeta – Da BBC News Brasil em São Paulo
Histórias de pessoas peregrinando por farmácias, laboratórios ou unidades de saúde em busca – nem sempre bem-sucedida – por testes de covid-19 viraram comuns, em um momento que combina o avanço da variante ômicron com uma escassez de exames.
Por trás disso estão, segundo especialistas, tanto uma oferta global insuficiente de testes e insumos para atender o aumento da demanda, quanto problemas e limitações na estratégia de testagem do Brasil (veja mais abaixo), que bateu o recorde de 204 mil novos casos oficialmente conhecidos de covid-19 nesta quarta-feira (19/1).
Nas farmácias, foram feitos 482,1 mil testes entre 3 e 9 de janeiro – um recorde e um aumento de 70% em relação à semana anterior, informou em nota a Abrafarma, associação que reúne as 26 maiores redes farmacêuticas do país.
Tanto essa entidade quanto a associação de laboratórios alertaram que, no atual cenário, será necessário hierarquizar a realização dos testes, priorizando quem mais precisa.
“A alta transmissibilidade da ômicron causou um aumento exponencial de casos, o que vem demandando significativo aumento da capacidade produtiva global de testes, tanto de PCR como de antígeno”, afirmou em comunicado recente a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
“E se os estoques não forem recompostos, rapidamente poderá ocorrer a falta de oferta de exames.”
O presidente do conselho de administração da Abramed, Wilson Shcolnik, afirmou na nota que o ideal seria seguir testando qualquer pessoa que de alguma forma se expôs ao vírus, mas, “com o cenário que vislumbramos a curto prazo, recomendamos fortemente que sejam submetidos a testes apenas os pacientes que tenham maior gravidade de sintomas, pacientes hospitalizados e cirúrgicos, pessoas no grupo de risco, trabalhadores assistenciais da área da saúde, e colaboradores de serviços essenciais (…) até que o cenário seja normalizado”.
Quanto aos testes de farmácia, a Abrafarma recomenda que, por enquanto, as pessoas procurem-no somente se estiverem sintomáticas, e o façam com agendamento online.
Sem testar o suficiente, e ainda no rescaldo de um apagão de dados do Ministério da Saúde, o Brasil fica ainda mais no escuro no enfrentamento à pandemia – tanto no âmbito individual quanto no coletivo.
“Para as pessoas, se tratando de uma doença altamente infecciosa como a covid-19, é importante ter acesso a um diagnóstico precoce, para que busquem isolamento social e cuidados”, explica a epidemiologista Ana Luiza Bierrenbach, assessora técnica sênior da empresa de saúde Vital Strategies.
“E, do ponto de vista de saúde pública, a testagem é parte da vigilância epidemiológica. Se boa parte da população faz testagem, sabemos qual a porcentagem de contaminados, quantos deles passaram a doença para outros (…), para sabermos em que pé está a pandemia.”
São essas informações, agrega Bierrenbach, que tornam possível identificar focos comunitários onde o vírus esteja crescendo e tomar decisões bem informadas de saúde pública (como alocação de recursos, de médicos e de hospitais de campanha) e de política pública (como restringir a circulação em determinada região, por exemplo).
Baixa testagem
O Brasil, porém, é parte do grupo de países do mundo com menor índice de testagem por mil habitantes, segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford. O país testa muito menos, inclusive, que nossos vizinhos, em proporção a sua população (veja gráfico abaixo do Our World in Data , com a gradação de mais claro a mais escuro entre os países que menos e mais testam).
O Plano Nacional de Expansão de Testagem contra Covid-19, lançado em setembro do ano passado, previa a entrega de 60 milhões de testes de antígeno, quantidade que já era insuficiente desde o início, dado o tamanho da população brasileira (212 milhões), opina Celina Pereira, vice-presidente da Associação Nacional dos Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (Anesp) e professora e pesquisadora universitária de políticas públicas na Universidade de Brasília.
“Hoje a gente sabe que pessoas com sintomas ou que tenham tido contato com infectados precisam ser testadas diariamente, porque sua carga viral pode mudar” e alguém que testou negativo em um dia pode acabar testando positivo no dia seguinte, explica.
Pesquisa do Datafolha feita entre 12 e 13 de janeiro identificou que 8,1 milhões de brasileiros não haviam conseguido encontrar testes em farmácias ou unidades de saúde nos 30 dias anteriores.
Trazendo novas pistas sobre o tamanho da subnotificação da covid-19 no país, a mesma pesquisa apontou que 42 milhões de brasileiros disseram ter se infectado com o coronavírus desde o início da pandemia – quase o dobro da cifra oficial, que contabiliza 23 milhões de infecções desde março de 2020.
Problema global…
A escassez não é exclusiva do Brasil. Mesmo cidadãos em países com políticas de ampla testagem, como EUA e Reino Unido, se queixaram de dificuldades em encontrar testes em momentos de pico de procura nos últimos meses, ou de ter que esperar horas em filas para conseguirem se testar.
Um relatório do Serviço de Pesquisas do Congresso dos EUA feito um ano atrás já apontava que “a cadeia de suprimentos de testagem mostrou significativo e contínuo estresse desde o início da pandemia, e persistem problemas com a averiguação, produção e distribuição de quase todos os componentes da cadeia”.
A complexidade é ainda maior com os testes PCR, que dependem de uma cadeia que inclui coleta de amostra, armazenamento, transporte e análise laboratorial.
O jornal The New York Times detalhou, em seu podcast The Daily, como as fabricantes de testes americanas tiveram dificuldade em acompanhar os altos e baixos da demanda durante as diferentes fases da pandemia: essa demanda começou alta em 2020 e caiu fortemente depois do advento das vacinas contra covid-19 – quando locais de testagem passaram a ser locais de vacinação nos EUA.
Também segundo o New York Times, a farmacêutica Abbott chegou a destruir milhões de testes de covid-19 entre junho e julho do ano passado nos EUA.
Até que veio a ômicron – que pegou as fábricas com uma capacidade de produção reduzida para dar conta do aumento súbito na necessidade de testagem.
…com agravantes no Brasil
“Os grandes produtores de testes são multinacionais, e existe no momento uma demanda global, assim como houve com a vacina”, reforça à BBC News Brasil Priscila Laczynski de Souza Miguel, coordenadora do centro de excelência em logística da FGV-SP.
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“E o mercado farmacêutico (brasileiro) é, em geral, altamente dependente de insumos importados.”
Ou seja, apesar de haver no Brasil uma ampla estrutura de fábrica e produção, o país depende muito de produtos que vêm de fora, desde componentes variados até princípios ativos farmacêuticos.
Mas, para além de questões produtivas e de oferta versus demanda, especialistas questionam a coordenação da resposta à pandemia.
Na ultima semana, a GloboNews noticiou que a planta de produção de testes de antígeno da Fiocruz, onde são produzidos os 60 milhões de testes do Plano de testagem do Ministério da Saúde, poderia produzir até 4 milhões de unidades a mais por mês, caso fosse contratada para tal pelo governo federal.
A Fiocruz confirma ter essa capacidade de produção (de 15 milhões de testes de antígeno mensais) “em caso de aumento de demanda” pelo ministério. A Pasta foi consultada a respeito e, caso responda, esta reportagem será atualizada.
Falta, também, o governo proporcionar um acesso mais democrático e equitativo à testagem, diz a infectologista Ana Luiza Bierrenbach. “É a classe alta quem está esgotando os testes de farmácia (que custam a partir de R$ 100)”, afirma.
“São poucos os testes disponíveis para quem tem quadro leve de covid-19 e só tem acesso ao SUS. Isso faz com que o mais pobre deixe de se testar, de descobrir se está infectado e de se isolar.” E, assim, fica mais difícil interromper a cadeia de transmissão do coronavírus.
O Brasil “ainda padece de uma limitação essencial: uma política universal de testagem em escala suficiente para atender a maioria da população”, e “aperfeiçoar o plano nacional de testagem é uma medidade extrema urgência neste momento”, afirma uma carta enviada ao Ministério da Saúde e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pelo Observatório Covid-19 BR, pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pela Anesp, a associação dos especialistas em políticas públicas.
A carta sugere compra e distribuição de testes diretamente à população, via SUS, e a liberação dos autotestes, junto a orientações ao público sobre como usá-lo e sobre como reportar seu resultado, seja ele negativo ou, principalmente, positivo – quando o paciente deve ser orientado a se isolar ou a buscar atendimento médico.
A BBC News Brasil consultou o Ministério a respeito da política de testagem e aguarda manifestação. Quanto aos autotestes, tanto o ministro Marcelo Queiroga quanto o presidente Jair Bolsonaro já se posicionaram em favor de eles serem vendidos em farmácias.
O impasse sobre os autotestes
Nesta quarta-feira (19), a Anvisa se reuniu para discutir a liberação dos autotestes, mas acabou decidindo pedir mais esclarecimentos ao Ministério da Saúde a respeito de que maneira esses exames farão parte da política de testagem do país.
Não está claro, por exemplo, como será a notificação às autoridades sanitárias caso a pessoa faça o autoteste e o resultado saia positivo.
Procurado na quarta-feira, o Ministério da Saúde informou que irá se manifestar no prazo dado pela agência, que é de 15 dias.
“O receio é que (nesse intervalo de tempo) se perca o senso de urgência de algo que é para ontem”, adverte Celina Pereira, da Anesp.
Isso porque o uso massificado de testes de antígeno – cujo resultado sai rapidamente, em 15 minutos – “tem a função de cortar a cadeia de transmissão do coronavírus, sobre a qual nós perdemos o controle”.
Ou seja, com um resultado rapidamente em mãos, as pessoas podem tomar medidas mais rápidas a respeito da necessidade ou não de se isolar, evitando o contágio de pessoas ao seu redor, algo que seria particularmente importante no atual estágio de número recorde de casos, diz Pereira.
Isso ajudaria, também, diz ela, a liberar funcionários de saúde hoje alocados para a testagem para funções mais cruciais, como atendimento emergencial de pacientes.
“O autoteste pode ajudar a orientar a conduta das pessoas. Se acordo com uma dor de garganta, mas não sei o que é, não sei como me comportar e vou acabar passando o vírus adiante”, argumenta.
“Hoje não temos como confirmar contaminações porque temos falta de teste, e não temos uma variedade de formas de oferta”, uma vez que, no momento, essa oferta é restrita às unidades de saúde, farmácias e laboratórios, agrega Pereira.
A Anesp, a Abrasco e o Observatório Covid-19 BR argumentam que países como Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Israel, Cingapura, França e Alemanha têm usado o autoteste como uma das estratégias de controle da pandemia – por exemplo, permitindo que o resultado dos exames seja notificado às autoridades via QR Code.
Para além do impasse em torno dos autotestes, diz a representante da Anesp, o governo federal subestimou as necessidades de testagem do país e subaproveitou seu poder em acionar entidades públicas (como a Fiocruz) e privadas para a produção de mais testes.
“Pode ser que mesmo assim não tivéssemos toda a nossa demanda atendida (por conta da escassez global), mas estaríamos com uma política bem desenhada pronta para funcionar quando houvesse insumos” para a fabricação de testes, alega.
Para Priscila Miguel, da FGV-SP, a estratégia federal foi o tempo todo reativa, em vez de se basear na experiência de países que estiveram, ao longo da pandemia, em estágios à frente do nosso e assim preparar estoques, acionar cadeias produtivas e elaborar estratégias para as variantes que foram (e seguirão) surgindo.
“Em vez de pensar no que está por vir, estamos o tempo todo apagando incêndios”, avalia. “É claro que é difícil se antecipar por conta das novas variantes, mas a gente está trabalhando abaixo da nossa capacidade.”
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Saúde
HOSPITAL SANTA CASA DE CARIDADE RECEBE EMENDA DO DEPUTADO FREDERICO ANTUNES
Nesta quinta-feira (22/5), o Hospital Santa Casa de Caridade de Alegrete, recebeu a confirmação do pagamento de uma emenda parlamentar de autoria do deputado estadual Frederico Antunes (Progressistas), no valor de R$ 200 mil. O recurso será utilizado para equipar a nova UTI Adulto, que irá contar com 10 novos leitos intensivos.
No total, o Avançar na Saúde já investiu R$ 10,2 milhões na Santa Casa, que foi o único hospital do estado beneficiado em todas as fases do programa. Além dos R$ 2,2 milhões do ambulatório e da casa de acolhimento, outros R$ 980 mil foram repassados para a construção da UTI. A previsão da direção do hospital é de que seja concluída até o final do ano.
“Só tenho a agradecer ao governador Eduardo Leite e a secretária Arita por mais essa parceria com a área da saúde do nosso Alegrete”, destacou Frederico Antunes. Todos esses recursos tem qualificado ainda mais os serviços prestados pelo hospital, que atualmente recebe 72% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Saúde
Vacinação contra a gripe é ampliada para todas as idades em Alegrete
Alegrete agora oferece a vacina contra a gripe para toda a população a partir dos seis meses de idade
A medida segue a decisão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de liberar a imunização para todas as faixas etárias. De acordo com Juliana Michael, chefe da vigilância epidemiológica de Alegrete, os moradores podem procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para se vacinar e devem verificar os horários de funcionamento de cada unidade.
Até a última quinta-feira, 15 de maio, Alegrete alcançou uma cobertura vacinal geral de 32,25%. As taxas de vacinação para os grupos prioritários são: 37,66% entre idosos, 15,21% entre crianças e 30,39% entre gestantes. A meta do município é atingir 90% de cobertura nesses grupos.
No Rio Grande do Sul, mais de 1,4 milhão de pessoas já receberam a vacina contra a gripe este ano, o que representa 28,5% de cobertura entre crianças, idosos e gestantes. Para reforçar os estoques nos municípios, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) está distribuindo mais 703 mil doses de vacinas às coordenadorias regionais da SES.
A ampliação da vacinação para todas as idades visa aumentar a proteção da população contra a gripe, especialmente com a chegada do outono e inverno, períodos de maior circulação do vírus.
A vacina é segura e eficaz na prevenção das formas mais graves da doença e suas complicações. Portanto, procure a UBS mais próxima e garanta sua proteção e a de sua família.
Saúde
Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde
Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre
Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.
A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.
Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.
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