Saúde
Anvisa libera CoronaVac para menores de 6 a 17 anos; entenda o esquema
André Biernath – Da BBC News Brasil em São Paulo
Em reunião realizada nesta quinta-feira (20/1), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a CoronaVac para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.
A vacina contra a covid-19, desenvolvida e fabricada pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Instituto Butantan, em São Paulo, é a segunda a ficar disponível no país para essa faixa etária — a primeira, da Pfizer, já está em uso na campanha de imunização contra a covid-19 dos brasileiros mais jovens.
O pedido do Instituto Butantan era para que a CoronaVac fosse liberada para indivíduos de 3 a 17 anos, a exemplo do que já ocorre em China, Chile, Equador, Camboja e Indonésia, entre outros países.
A Anvisa, porém, decidiu aprovar o uso emergencial a partir dos 6 anos, por considerar que ainda não existem dados suficientes de efetividade do produto em crianças mais jovens (de 3 a 5 anos).
O imunizante que poderá ser utilizado nas crianças é a mesma formulação disponibilizada para adultos, com a aplicação de duas doses num intervalo de 14 a 28 dias entre elas.
Com a aprovação, o Ministério da Saúde pode comprar e começar a utilizar a CoronaVac nas crianças, que foram incluídas agora em janeiro na campanha nacional de vacinação contra a covid-19.
Entenda a seguir os dados que serviram de base para a aprovação da Anvisa e o que já se sabe sobre a efetividade e a segurança desse imunizante na faixa etária pediátrica.
A CoronaVac é efetiva nas crianças?
Durante a reunião, o farmacêutico Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, fez uma apresentação em que resumiu as evidências científicas sobre o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes.
Ele lembrou que o primeiro pedido de liberação desta vacina foi enviado à Anvisa pelo Instituto Butantan ainda em 2021, no mês de julho.
À época, a agência considerou que não tinha informações suficientes para liberar o uso do imunizante no país.
Uma segunda requisição, que trazia novos estudos, aconteceu mais recentemente, em 15 de dezembro. Desde então, a Anvisa e o Butantan têm feito reuniões constantes, informou Mendes.
Além das pesquisas anteriores, que já tinham determinado a dosagem ideal da CoronaVac para crianças (que segue igual ao utilizado em adultos) e o perfil de segurança do produto, o farmacêutico destacou evidências recentes, que mostram a efetividade da vacina para esse público.
“Nos foi apresentado um estudo de fase três, que é considerado padrão ouro. Trata-se de um estudo global, feito em vários locais, em que foi planejada a inclusão de 14 mil crianças de seis meses a 17 anos em Chile, Malásia, Filipinas, Turquia e África do Sul”, relatou Mendes.
Apesar de essa investigação inteira ainda estar em andamento, já foram divulgados dados preliminares sobre a parte do trabalho que está sendo conduzida no Chile.
“Esses dados incluem a população de 6 a 16 anos e comparou a população que recebeu CoronaVac, Pfizer e não vacinados entre junho e dezembro de 2021”, continuou o especialista.
Os resultados mostram uma efetividade de aproximadamente 90% da CoronaVac contra os casos mais graves de covid, em que há necessidade de hospitalização.
Mendes então concluiu que as evidências científicas disponíveis sugerem que há benefícios e segurança para utilizar essa vacina nos mais jovens.
Ele sugeriu que, por ora, esse imunizante seja aplicado em crianças de 6 a 17 anos não imunocomprometidas (ou seja, que não apresentam problemas que afetam o sistema imunológico).
Na avaliação do gerente da Anvisa, o uso deste produto na faixa etária dos 3 aos 5 anos ainda carece de mais estudos, que devem ser feitos e divulgados ao longo dos próximos meses.
“A quantidade de dados disponíveis para crianças acima de 6 anos é representativa. Para aqueles abaixo dessa idade, ainda não existe um acompanhamento significativo”, justificou.
O parecer de Mendes também levou em conta o ponto de vista e a avaliação de entidades médicas que estão relacionadas ao tema, como a Sociedade Brasileira de Imunizações, a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Imunologia e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
Todos esses grupos se mostraram favoráveis à liberação da CoronaVac para crianças de 6 a 17 anos, no esquema de duas doses com um intervalo de 14 a 28 dias entre elas.
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A CoronaVac é segura para crianças?
Na sequência, a farmacêutica Helaine Capucho, gerente de farmacovigilância da Anvisa, fez uma avaliação sobre o risco de eventos adversos da CoronaVac entre os mais jovens.
Ela lembrou que mais de 85 milhões de unidades dessa vacina foram utilizadas até agora em adultos na campanha de vacinação contra a covid-19 em curso no país, o que representa 25% do total de doses aplicadas.
“E, quando olhamos em retrospectiva, vemos a redução da taxa de ocupação de UTIs por covid ao longo de 2021. Isso é resultado da vacinação”, lembrou.
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A gerente revelou que, de acordo com os sistemas de monitoramento da Anvisa, até o dia 15 de janeiro de 2022 foram notificados 38 casos de reações adversas não graves (como dor no local da aplicação, febre e dor de cabeça) a cada 100 mil doses aplicadas de CoronaVac.
Também foram observados 10 reações graves suspeitas a cada 100 mil doses.
Nesse mesmo período, não foi identificado nenhum óbito relacionado a algum efeito colateral após aplicação da CoronaVac.
Vale ressaltar que todos esses dados se referem à população adulta.
Já em crianças e adolescentes, as melhores evidências vêm, mais uma vez, do Chile. Um relatório do Instituto de Saúde Pública deste país calcula que foram aplicadas mais de 640 mil doses da CoronaVac em indivíduos de 6 a 11 anos por lá.
“A taxa de notificações é de 0,11 eventos adversos a cada mil doses. Destes, 94% são considerados ‘não graves'”, calcula Capucho.
A farmacêutica considerou que o perfil de eventos adversos após a aplicação da CoronaVac em crianças parece ser bem semelhante ao observado em adultos. E mesmo os efeitos colaterais mais graves são considerados raros ou raríssimos.
Ela também ressaltou que a vigilância e o acompanhamento sobre a segurança das vacinas continua, mesmo após elas receberem o aval da Anvisa — e isso não significa que esses produtos sejam experimentais ou não tenham evidências suficientes.
A CoronaVac foi aprovada para crianças. O que acontece agora?
Com a liberação da Anvisa, a CoronaVac pode agora ser aplicada em crianças brasileiras de 6 a 17 anos.
Para que isso vire realidade, o Ministério da Saúde precisa comprar as doses e distribuí-las para os Estados.
“A Anvisa tem o papel de emitir um parecer para que o Ministério da Saúde, que é quem aplica as vacinas, tenha possibilidades de enfrentar melhor a pandemia de covid-19 e qualquer outro desafio de saúde que se apresente no futuro”, discursou o médico Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa.
Numa entrevista recente à CNN Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que a CoronaVac será usada em crianças, caso ela fosse aprovada pela Anvisa.
“Sempre queremos que tenha mais insumos, mais vacinas, mais medicamentos disponíveis. Mas é preciso observar os aspectos regulatórios”, disse.
“Uma vez havendo a aprovação da Anvisa, como de costume, o ministério vai usar o inteiro teor desta aprovação para que essa ou qualquer outra vacina que seja aprovada para qualquer faixa etária seja disponibilizada para a população brasileira”, concluiu.
Em anúncios realizados nos últimos dias, o governo de São Paulo anunciou que tinha reservado 15 milhões de doses da CoronaVac para as crianças.
“A vacinação de crianças é um ponto mais que relevante nesse momento em que observamos pelos gráficos apresentados uma demanda evolutiva de internações de crianças. Isso é um fenômeno de deslocamento epidemiológico, quando se vacina os mais idosos, a pandemia se desloca para os não vacinados”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.
“Uma vez aprovada a CoronaVac, o Butantan estará aberto a solicitações. Estamos prontos e otimistas para ajudar o estado de São Paulo e outros estados que assim desejem. Não temos nenhum acordo nesse momento com o Ministério da Saúde, mas estamos abertos a essa possibilidade”, concluiu o diretor do instituto.
Até o momento, o governo federal encomendou 20 milhões de doses pediátricas da vacina da Pfizer, que serão entregues aos poucos, até o final do primeiro trimestre de 2021.
A quantidade, porém, é insuficiente para proteger todas as crianças brasileiras: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tem cerca de 20 milhões de pessoas com 5 a 11 anos.
São necessárias, portanto, 40 milhões de doses para proteger todo esse grupo.
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Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
Saúde
Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo
Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana
Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.
Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.
A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.
As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.
O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.
Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.
Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação.
Saúde
Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-
Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações
O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.
A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.
Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.
A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).
Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.
Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.
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