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Brasil tem risco de nova onda com variante ômicron e falta de testes?


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Covid: Brasil corre risco de nova onda silenciosa com variante ômicron e testes escassos?
André Biernath – @andre_biernath – Da BBC News Brasil em São Paulo

Covid: Brasil corre risco de nova onda silenciosa com variante ômicron e testes escassos?

André Biernath – @andre_biernath – Da BBC News Brasil em São Paulo

O físico Wesley Cota, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, montou um dos sites mais completos para o monitoramento da pandemia de covid-19 no Brasil.

A página, que traz informações sobre casos, hospitalizações, mortes, testagem e vacinação detalhados pelas cidades do país, serve de referência até para o Our World In Data , portal criado na Universidade de Oxford, no Reino Unido, que reúne estatísticas globais sobre a crise sanitária.

O especialista se mostra apreensivo com a atual situação do país. “A gente está no escuro. Vemos os profissionais de saúde relatando aumento de casos de infecções respiratórias, mas não temos a menor ideia se é gripe ou covid”, aponta.

“Também não sabemos se esses casos têm a ver com a variante ômicron e o quanto ela está disseminada por aqui.”

Cota não é o único a levantar essa preocupação: ao longo das últimas semanas, diversos especialistas que acompanham a situação da covid-19 no Brasil fizeram uma série de críticas a respeito da disponibilidade de dados capazes de refletir o que realmente está acontecendo por aqui.

O temor deles é que, a exemplo do que ocorre agora em várias partes do mundo, como Reino Unido, França e Estados Unidos, a ômicron esteja se espalhando de forma silenciosa e acelerada pelo país, impulsionada pela maior capacidade de transmissão dessa variante e pelas aglomerações e festas de final e de início de ano.

A principal dificuldade para ver esse aumento claramente, dizem eles, é o fato de que o Brasil nunca teve uma política pública de testagem, isolamento de casos positivos e rastreamento de contatos.

Oportunidade desperdiçada

Desde março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) bate na tecla de que testar, isolar e rastrear são atitudes primordiais para lidar com a covid-19.

Num discurso realizado em 16 de março daquele ano, o biólogo etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da entidade, classificou essas três ações como “a espinha dorsal da resposta à pandemia”.

“A forma mais eficaz de prevenir infecções e salvar vidas é quebrar as cadeias de transmissão. Para fazer isso, é preciso testar e isolar”, declarou.

“Você não pode combater um incêndio com os olhos vendados. E não podemos parar esta pandemia se não soubermos quem está infectado.”

“Temos uma mensagem muito simples para todos os países: teste, teste e teste”, orientou Ghebreyesus.

A recomendação foi seguida à risca pelos países mais bem-sucedidos no controle do vírus: Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e partes da Europa são alguns exemplos de locais que conseguiram lançar um programa de testagem para detectar o aumento de casos positivos e agir rapidamente, antes que a situação saísse do controle.

A bióloga e divulgadora científica Tabata Bohlen, que morou em dois países europeus nos últimos meses, relata como é fácil ter acesso aos exames por lá.

“Na Alemanha, até o final de setembro, era possível realizar testes gratuitamente em cabines espalhadas na cidade. Eles eram feitos por profissionais e nós recebíamos uma mensagem de texto com o resultado”, conta.

“Além disso, você encontra testes para comprar em supermercados e farmácias, com preços que vão de 1 a 5 euros [6 a 30 reais].”

Esses autotestes, que são comprados por um valor baixo e podem ser feitos em casa, sequer estão disponíveis ou regulamentados no Brasil.

Caixa de teste de antígeno para diagnosticar a covid

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Os testes de antígeno estão disponíveis por um valor bem baixo em vários países no mundo. No Brasil, eles ainda não foram aprovados

“Na Áustria, pelo que vi até agora na cidade de Viena, as pessoas conseguiam retirar sete testes por semana para fazer em casa nas farmácias por semana e o valor era descontado do plano de saúde. Em alguns casos, era necessário enviar um vídeo do momento da testagem, para garantir que a coleta foi feita de forma apropriada.”

“Também há centros de testagem caso você não queira fazer por conta própria”, completa.

Na contramão desses lugares, o nosso país nunca teve uma política de testagem da covid bem definida, de acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil.

“Se tem um quesito que o Brasil realmente falhou e continua a falhar nesta pandemia é na testagem. Nunca houve uma disponibilidade de exames ou uma mensagem clara de quando, como e quem deve ser testado”, analisa Lorena Guadalupe Barberia, professora do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo e integrante do Observatório Covid-19 BR.

“E não basta disponibilizar os kits de exames: o governo deveria ter um programa amplo e coerente. Era preciso deixar claro o que fazer se o resultado fosse positivo, como se isolar adequadamente, além de avisar as pessoas com quem você teve contato nos últimos dias para que elas também fossem testadas”, complementa.

O enfermeiro e epidemiologista Laio Magno, professor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), entende que o país tinha tudo para ser um exemplo mundial na testagem da covid, mas perdeu essa oportunidade.

“Poderíamos ter aproveitado nossa imensa rede de atenção básica de saúde. Nós temos equipes de saúde da família, médicos, enfermeiros, agentes comunitários e outros profissionais que estão espalhados por todo o país e fazem esse elo do Sistema Único de Saúde com as comunidades”, avalia o especialista, que também integra a Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

“Imagina se essa rede inteira pudesse fazer teste rápido de covid e tivesse integrada à vigilância epidemiológica? Quase nenhum país do mundo tem uma estrutura dessas.”

“A nossa atenção primária é exemplo e está diretamente relacionada com a diminuição da mortalidade infantil, além de já ter experiência na testagem de outras doenças, como infecção por HIV, sífilis e hepatites B e C”, conclui.

Profissionais de saúde conversar com um homem

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As equipes de saúde da família do SUS poderiam ser usadas para ampliar a testagem da covid no país, sugere pesquisador

Onda silenciosa?

Sem essa informação dos diagnósticos, fica difícil entender como o vírus está se espalhando e se há alguma região que apresenta aumento nos casos de covid.

Vale lembrar aqui que essa doença costuma demorar alguns dias para apresentar sintomas, e só uma parcela dos infectados vai desenvolver sinais mais graves, que exigem uma avaliação médica e eventualmente até uma internação.

Ou seja: sem testes, os indivíduos com sintomas leves (ou sem incômodo algum) não sabem que estão com o coronavírus e muitas vezes seguem a vida normalmente, passando o patógeno adiante.

É justamente isso que cria as cadeias de transmissão viral na comunidade. Após algum tempo, isso pode desembocar em aumento das hospitalizações, escassez de insumos, leitos e profissionais e até o colapso do sistema de saúde.

Agora, quando esse repique é observado com antecedência, logo em sua origem, é possível reforçar as ações preventivas nessa região específica, como o uso de máscaras e distanciamento social, para controlar o problema no local e evitar que ele se espalhe para outros lugares.

Saber dessas estatísticas, aliás, é ainda mais estratégico num momento em que temos uma nova variante com alto potencial de transmissão, como a ômicron, que está por trás de recordes de casos registrados nos últimos dias em várias partes do mundo.

Coronavírus

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Variante ômicron do coronavírus está por trás dos recordes de casos registrados em várias partes do mundo nas últimas semanas

“Estamos vivendo uma onda silenciosa de infecções de ômicron e nem notamos isso, porque não temos uma política de testagem adequada”, observa o epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas.

Embora essa “onda silenciosa” ainda não apareça nas estatísticas oficiais, ela já começa a despontar em alguns levantamentos feitos por grupos privados.

A Dasa, que conta com mais de 900 unidades laboratoriais no país, divulgou que houve um aumento importante na taxa de positividade dos testes de covid-19 nas últimas semanas.

Em 4 de dezembro, 1,3% dos exames realizados traziam resultado positivo. Já no dia 26/12, essa porcentagem subiu para 11,4%.

Já a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) revelou que essa taxa de positividade dos testes realizados em cerca de 3 mil estabelecimentos saltou de 5% no início de dezembro para 20% após o Natal.

Falta de referências

Os especialistas se queixam da falta de transparência e na forma como os números sobre testagem são disponibilizados pelo Governo Federal, os Estados e os municípios.

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Para piorar, algumas dessas bases de dados não são atualizadas desde agosto ou outubro.

Um exemplo dessa falta de referências aparece no site Our World In Data . Por lá, não há informações sobre a taxa de positividade de testes realizados no Brasil, o número de testes feitos para cada positivo ou os detalhes de quais são as políticas de testagem adotadas por aqui.

Esses mesmos dados relativos aos países da América do Norte, da Europa, da Oceania e de partes da Ásia e da América Latina estão facilmente disponíveis na plataforma.

Cota, da UFV, também sente na pele essa dificuldade de encontrar as estatísticas de testagem no Brasil.

“É muito complicado achar o número de testes realizados por dia ou por semana. Desde o início da pandemia, as Secretarias Estaduais de Saúde nunca priorizaram essa informação”, comenta.

O físico diz que, para manter o site, ele colhe as estatísticas sobre testagem de um outro repositório, chamado de Giscard.

“É onde encontrei as informações mais confiáveis até agora”, aponta Cota.

Lá, é possível ver o número de testes realizados por Estado, a porcentagem da população que passou pelo exame e a taxa de positividade.

Mas há um outro problema: os dados disponibilizados por algumas secretarias de Saúde estão muito desatualizados.

Em mais de dez Estados, como Pará, Mato Grosso e Rio de Janeiro, a última informação disponível sobre testagem é de 2 de outubro, há três meses.

“Infelizmente, o Brasil nunca foi capaz de trazer informações do tipo ‘ontem foram realizados 100 mil testes e 15% deles foram positivos'”, exemplifica Barberia.

“Até hoje, não foi realizada uma comunicação sobre a importância de as pessoas testarem e se isolarem quando o resultado é positivo”, lamenta.

A especialista em políticas públicas da USP faz uma comparação do que ocorreu com a testagem recentemente em dois locais: um nos Estados Unidos e outro no Brasil.

“Nos últimos setes dias, o Estado de Nova York, que tem 19 milhões de habitantes, realizou 1,5 milhões de testes RT-PCR “, informa.

“Já São Paulo, com 40 milhões de habitantes, sequer traz dados atualizados. Temos que nos nortear pelas estatísticas de novembro, em que foram realizados 300 mil testes RT-PCR durante todo o mês no Estado, sendo que dois terços vêm da rede privada de saúde e têm custo elevado”, compara.

Melhor indicador segue paralisado

Para completar o cenário de incertezas, o Boletim Infogripe, divulgado semanalmente por representantes da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), não é publicado há mais de 21 dias.

No início de dezembro, o site e os sistemas de informática do Ministério da Saúde sofreram um ataque hacker que até agora não foi 100% solucionado.

O boletim é considerado uma das principais fontes para entender o estágio da pandemia no país. Ele compila e analisa os números de hospitalizações e mortes por Síndrome Aguda Respiratória Grave (SRAG) e indica as tendências de diminuição ou crescimento de casos.

Por lei, os hospitais são obrigados a notificar todos os pacientes com SRAG ao Ministério da Saúde. Em razão da pandemia e da alta circulação do coronavírus, depreende-se que a maioria desses indivíduos esteja mesmo com covid-19.

Homem é levado em maca de hospital

Getty Images
Principal indicador de hospitalizações por infecções respiratórias do Brasil está paralisado há três semanas

“Terceira semana consecutiva sem poder fazer a atualização do Boletim Infogripe por conta de entraves técnicos que seguem fazendo com que o ministério não repasse os dados. Em nome da equipe do Infogripe, pedimos desculpas à rede de vigilância nacional e à população”, escreveu no Twitter o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do relatório na FioCruz.

“Não temos como avaliar como está a situação das internações por infecções respiratórias em todo o território nacional. Na última semana de novembro, publicamos um alerta sobre a possível retomada do crescimento em diversos Estados. Como está hoje? Quais são os vírus que estão dominando em cada local? Quais as faixas etárias mais afetadas? Não sabemos…”

“Com isso, a rede [de vigilância] fica na dependência de sistemas próprios, nem sempre equivalentes entre os Estados, e a população fica desinformada ou com acesso apenas a relatos de unidades de saúde específicas”, lamentou.

Também no Twitter , o físico Roberto Kraenkel, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) classificou a situação como “um escândalo que ainda não recebeu a devida atenção”.

“A Polícia Federal e o Ministério da Saúde não explicam claramente o que está acontecendo, nem porque está demorando tanto para restabelecer as bases de dados num momento em que a ômicron está em expansão iminente”, escreveu.

Magno, da Uneb e da Abrasco, destaca mais uma vez a sensação de estar às cegas num momento tão sensível da pandemia.

“A gente não sabe o que está acontecendo agora. Além da testagem muito aquém do ideal, vivemos esse apagão de dados, em que Estados e municípios apresentam dificuldade para divulgar o pouco que tínhamos à disposição”, critica.

Já Cota, da UFV, não aparenta ter muitas esperanças de que as coisas possam se modificar.

“Estamos praticamente completando o segundo ano de pandemia, não conseguimos evoluir na disponibilidade dos dados e não temos nenhuma expectativa de que isso vá melhorar”, avalia.

“Nos resta torcer para que os sistemas sejam restabelecidos para voltarmos ao que tínhamos antes do ataque hacker”, completa.

O que diz o governo

No dia 17 de setembro , o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional de Expansão da Testagem para Covid-19.

Nas palavras do ministro Marcelo Queiroga, o principal objetivo era “ampliar a nossa capacidade de testagem”.

“Todos lembram que no começo da pandemia era difícil realizar os testes, porque a infraestrutura, não só do Brasil, mas do mundo todo, não existia. Hoje, os nossos sistemas foram aprimorados com investimento do Ministério da Saúde para realizar testes. E a tecnologia evoluiu, agora nós temos os testes rápidos de antígenos que em 15 minutos nós dão resultados”, discursou.

Marcelo Queiroga no Senado

Ag Senado
Queiroga anunciou que Ministério da Saúde distribuiria 60 milhões de testes até o final de 2021

A previsão era que fossem realizados até o final de 2021 cerca de 60 milhões de testes de antígeno, que dá o resultado em poucos minutos.

Na visão de Barberia, essa quantidade é insuficiente para o tamanho da população brasileira e não sinaliza o início de uma política efetiva para a detecção de novas ondas da covid em território nacional.

“O governo anuncia compras de 20, 40, 60 milhões de testes, que são muito inferiores à capacidade que precisávamos instalar no país”, comenta a especialista da USP.

“E sem contar que esses números precisam estar alinhados a uma estratégia. Quem vai ser testado? Por que? E o que acontece se o indivíduo for diagnosticado com covid? Onde ele ficará isolado? E o que fazer com as pessoas com quem ele teve contato?”, questiona.

“Da forma como são feitos esses anúncios, nunca entendemos de verdade o que será feito.”

A BBC News Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde e pediu esclarecimentos sobre quatro questões relacionadas à política de testagem e aos anúncios feitos recentemente, como você confere abaixo:

  • Em setembro, o Ministério da Saúde divulgou um plano nacional para expansão da testagem de covid-19 no Brasil, cuja meta era distribuir 60 milhões de testes até o final de 2021. Como está esse plano? Quantos testes foram efetivamente distribuídos e utilizados até agora?
  • Há algum site ou boletim onde esses números de testagem são atualizados periodicamente?
  • Quais são os planos para a testagem da covid para 2022?
  • Pelo que se observa até agora, os casos de covid causados pela variante ômicron parecem ser mais leves e até assintomáticos. Isso pode representar um risco de uma “epidemia silenciosa” no país, se os testes de indivíduos assintomáticos (ou com sintomas muito iniciais) não forem ampliados?

Até a publicação desta reportagem, não recebemos nenhuma resposta.


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Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.

 

A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.

 

 

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Saúde

Aumento da depressão em idosos preocupa no Brasil

Dados do IBGE revelam que 13,2% dos idosos entre 60 e 64 anos sofrem de depressão, superando a média nacional. Solidão e perdas agravam depressão entre idosos

A incidência de depressão entre idosos no Brasil tem apresentado um aumento preocupante, com 13,2% das pessoas entre 60 e 64 anos diagnosticadas com a condição, superando a média nacional de 10,2% para indivíduos acima dos 18 anos, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Este aumento é ainda mais acentuado entre aqueles com 75 anos ou mais, registrando um crescimento de 48% entre 2013 e 2019. A história de Ciro Martins, 71 anos, reflete essa realidade. Após perder sua esposa em 2023, Ciro enfrentou uma profunda solidão que o levou à depressão.

A intervenção de um ex-colega de trabalho o encorajou a buscar ajuda profissional, resultando em um diagnóstico de depressão e um tratamento eficaz que revitalizou seu interesse pelas atividades diárias e pela socialização.

Especialistas apontam que a depressão em idosos é causada por uma combinação de fatores biológicos, como alterações nos níveis de neurotransmissores e o uso de medicamentos que podem agravar os sintomas, e sociais, principalmente o isolamento social e a solidão.

Alfredo Cataldo Neto, professor da Escola de Medicina da Pucrs, destaca a importância de uma abordagem diferenciada no tratamento da depressão em idosos, observando que os sintomas muitas vezes se manifestam de maneira distinta, com queixas físicas frequentemente substituindo expressões diretas de sofrimento emocional.

A solidão, agravada pela perda de cônjuges e mudanças familiares, é um dos principais desafios enfrentados pelos idosos. A taxa de suicídio entre essa faixa etária tem crescido no Brasil, evidenciando a gravidade da situação.

No Rio Grande do Sul, a expectativa de que 40% da população terá mais de 60 anos até 2070 ressalta a urgência de implementar políticas públicas voltadas para a saúde mental dos idosos.

Com informações do JC

 

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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