Saúde
Covid: ‘Quem não tem imunidade pela vacina vira fábrica de variantes’
Felipe Llambías – BBC News Mundo
A descoberta da variante ômicron na África do Sul no fim de novembro levantou novas incógnitas sobre a pandemia em todo o mundo.
Seu surgimento também ocorre em um momento em que metade do mundo está vacinada, mesmo com doses de reforço, e a outra metade tem taxas de inoculação baixas ou muito baixas.
O médico John Swartzberg, professor emérito da cadeira de doenças infecciosas e vacinação da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, argumenta que não ter conseguido uma vacinação massiva a nível planetário, seja por falta de acesso às doses em alguns países, além da rejeição à imunização em outros, gera milhões de fábricas virais, uma para cada um desses indivíduos.
Serão eles que produzirão a próxima variante do coronavírus, diz Swartzberg.
O especialista acredita que, além disso, o hemisfério norte pode sofrer nas próximas semanas o que ele chama de “tridemia”, ou seja, três pandemias ao mesmo tempo, e acredita que a variante que aparecerá no mundo após a ômicron será uma que transformará o SARS-CoV-2 de uma pandemia a uma endemia.
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Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Swartzberg à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
BBC News Mundo: Como o senhor analisa o curso da pandemia três semanas após a detecção da ômicron na África do Sul?
John Swartzberg: Tenho uma imagem muito clara das possibilidades para as próximas seis a oito semanas e estou muito preocupado com tempos potencialmente difíceis, mais difíceis do que os que estamos passando agora.
Nos Estados Unidos e em grande parte do mundo, estamos vendo um ressurgimento da (variante) delta agora. A pandemia delta não acabou, apesar de o noticiário falar muito na ômicron. Ainda estamos no meio de uma pandemia de variante delta que está causando morbidade e mortalidade significativas, e então sobreposto a isso está a ômicron.
Há uma semana, nos Estados Unidos, 0,7% dos casos estava relacionado à ômicron; agora, essa taxa é de 2,8%, quatro vezes mais. Se continuar assim, vamos ver a ômicron como a variante dominante nos Estados Unidos no início de janeiro, enquanto ainda estamos lidando com a delta. Isso é chamado de pandemia dupla.
Mas minha preocupação é que não só teremos uma pandemia dupla, mas teremos uma tridemia: ômicron mais delta mais influenza.
No ano passado, tivemos pouco contágio de gripe, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul, mas este ano pode ser mediano. Em um ano médio, temos algumas centenas de milhares de hospitalizações e entre 25 mil e 35 mil mortes em excesso (mortes além do previsto) nos Estados Unidos.
Se tivermos a ômicron, a delta e a influenza ao mesmo tempo nestes meses de dezembro, janeiro e fevereiro, poderemos realmente estar em uma posição muito difícil nas próximas oito ou dez semanas nos Estados Unidos.
BBC News Mundo: O senhor acredita que as pessoas agora estão mais tranquilas em relação às medidas não farmacológicas contra a Covid-19 e é por isso que a gripe vai voltar?
Swartzberg: Se você tivesse me perguntado antes da ômicron, a resposta seria “sim”. Houve um grande surto de gripe no mês passado na Universidade de Michigan e também na Universidade de Wisconsin. Isso aconteceu porque as pessoas estavam mais relaxadas e a gripe se espalha da mesma forma que a Covid-19.
Mas se você me perguntar agora, quando as pessoas estão preocupadas com a ômicron e vão tomar a dose de reforço ou se vacinarem pela primeira vez por causa desse medo, espero que isso também leve as pessoas a tomarem a vacina contra a gripe e a serem mais cuidadosas.
Portanto, não tenho certeza se posso dizer que as pessoas estão mais relaxadas agora. Direi que, sem dúvida, a ômicron chegou em uma época ruim do ano, porque o frio (no inverno) leva as pessoas a ficarem em casa e isso é perigoso. Além disso, é a temporada de férias, quando as pessoas costumam viajar e se reunir para comemorar. É o momento perfeito para o espalhamento da ômicron, mas é muito ruim para nós.
BBC News Mundo: Quase a metade da população do planeta completou o esquema vacinal. Qual é o risco para as pessoas que ainda não foram vacinadas?
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Swartzberg: Quando pessoas que não têm imunidade contra esse vírus são infectadas, elas se tornam fábricas de vírus; eles produzem bilhões de partículas virais. E se as pessoas são fábricas de vírus, elas se tornam fábricas de variantes, porque algumas dessas bilhões de partículas virais serão uma variante.
A maioria das variantes não tem êxito, mas algumas terão. Esse é claramente o nosso problema. Não temos pessoas suficientes com imunidade, o que permite que o vírus continue a encontrar um lar em humanos que funcionam como fábricas virais para produzir mais partículas virais, e isso significa mais variantes.
A única maneira de quebrar esse ciclo é vacinar os humanos a uma taxa muito maior do que temos em todo o mundo hoje. É inútil para os EUA vacinarem toda a sua população se o restante do mundo não for vacinado. O vírus não reconhece nacionalidades. Ele simplesmente procurará e encontrará humanos para infectar. Onde quer que estejam, ele estará lá; nos Estados Unidos, na América do Sul, na África ou em qualquer outro lugar.
BBC News Mundo: O que o senhor espera de uma variante futura? Deve ser menos prejudicial do que a ômicron?
Swartzberg: Geralmente, um vírus respiratório me faz espirrar e tossir, mas não me faz sentir muito mal, porque se eu tiver febre alta, dores terríveis no corpo e não conseguir sair da cama, não infectarei outras pessoas. Se os sintomas forem mínimos, mas só produzir tosse e espirros, ainda assim irei trabalhar e fazer coisas com outras pessoas. Isso espalha o vírus e é o seu cenário ideal.
Se com a ômicron o coronavírus evoluiu para um vírus menos sério, essa evolução pode continuar e se tornar mais benigna. Seria uma coisa muito boa.
BBC News Mundo: A ômicron pode ser então o prelúdio para transformar a pandemia em endemia?
Swartzberg: Pode ser. Dependerá de quão benigna é a doença que causa. Não é possível prever qual será seu comportamento além de dois meses, mas uma possibilidade é que a ômicron seja tão transmissível que infecte quase todo o planeta. E se não se tornar uma doença realmente séria, pode se tornar endêmica.
Mas meu palpite é que a ômicron será primeiro substituída por outra variante, que estará mais sujeita a se tornar uma infecção endêmica. Em qualquer caso, este vírus, o SARS-CoV-2, tem muitos truques na manga, continua a mostrar esses truques e continua a surpreender-nos. Não tenho ideia de quanto tempo vai demorar, mas sei que vamos chegar lá.
BBC News Mundo: Até quando o senhor acredita que os casos, hospitalizações e mortes por Covid-19 deveriam ser contabilizados?
Swartzberg: Enquanto for uma doença grave e ameaçar a capacidade de nossos sistemas de saúde, devemos monitorá-la de perto em relação a esses três parâmetros. Uma vez que se torne uma doença muito mais benigna, não ameace a capacidade de nossos hospitais e tenhamos muito menos mortes, podemos relaxar.
BBC News Mundo: Alguns antivacinas afirmam que a vacinação é inútil porque as pessoas vacinadas também ficam doentes e transmitem a doença. Qual é a sua opinião sobre isso?
Swartzberg: Vá a qualquer hospital agora ou a uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e veja quem está hospitalizado com covid. Existem entre 10 e 15 pacientes não vacinados para cada vacinado. É verdade que as pessoas podem contrair a infecção apesar de terem sido vacinadas e sim, estamos vendo mais infecções com ômicron nos vacinados, mais do que vimos com a delta (e, por sua vez, mais do que com a alpha). Tudo isso é muito verdadeiro. Mas essas infecções nos vacinados são muito menos graves e geralmente não levam as pessoas ao hospital.
Há 13 ou 14 meses, falávamos sobre o fato de que as vacinas precisariam de 50% de eficácia contra o contágio para serem aprovadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Algumas foram 95% eficazes, o que excedeu em muito as nossas expectativas. E não só isso. Elas também estavam evitando a transmissão, então estavam fazendo muito mais do que esperávamos, e todos estavam pensando: “Uau, isso é ótimo! Isso é o que podemos esperar das vacinas.”
Francamente, essa era uma expectativa irreal e tem sido decepcionante que as vacinas não previnam infecções como gostaríamos. No entanto, felizmente, elas nos protegem contra hospitalização e morte.
BBC News Mundo: Algumas pessoas receberam duas doses, mas não querem mais uma terceira.
Swartzberg: Esta é uma pandemia em evolução, e nossa compreensão de como as vacinas funcionam melhor e como usá-las da melhor forma ainda está evoluindo. O fato de agora precisarmos de uma terceira dose é uma realidade. E podemos precisar de outra em seis meses ou um ano, dois ou 10. Ninguém tem a resposta neste momento.
De qualquer forma, acho que há uma boa chance de não precisarmos de outra dose por muito tempo depois da terceira. Mas essa é a realidade. Isso é o que precisamos entender.
Afinal, depois de algum tempo após receber as duas doses, a imunidade diminui e precisamos de uma terceira para continuar vivos e manter nossos entes queridos vivos. Então vacine-se. Podemos não precisar de uma quarta dose, mas é uma possibilidade e, se precisarmos, teremos que receber uma quarta dose. É isso que devemos fazer quando estamos no meio de uma pandemia.
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Saúde
HOSPITAL SANTA CASA DE CARIDADE RECEBE EMENDA DO DEPUTADO FREDERICO ANTUNES
Nesta quinta-feira (22/5), o Hospital Santa Casa de Caridade de Alegrete, recebeu a confirmação do pagamento de uma emenda parlamentar de autoria do deputado estadual Frederico Antunes (Progressistas), no valor de R$ 200 mil. O recurso será utilizado para equipar a nova UTI Adulto, que irá contar com 10 novos leitos intensivos.
No total, o Avançar na Saúde já investiu R$ 10,2 milhões na Santa Casa, que foi o único hospital do estado beneficiado em todas as fases do programa. Além dos R$ 2,2 milhões do ambulatório e da casa de acolhimento, outros R$ 980 mil foram repassados para a construção da UTI. A previsão da direção do hospital é de que seja concluída até o final do ano.
“Só tenho a agradecer ao governador Eduardo Leite e a secretária Arita por mais essa parceria com a área da saúde do nosso Alegrete”, destacou Frederico Antunes. Todos esses recursos tem qualificado ainda mais os serviços prestados pelo hospital, que atualmente recebe 72% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Saúde
Vacinação contra a gripe é ampliada para todas as idades em Alegrete
Alegrete agora oferece a vacina contra a gripe para toda a população a partir dos seis meses de idade
A medida segue a decisão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de liberar a imunização para todas as faixas etárias. De acordo com Juliana Michael, chefe da vigilância epidemiológica de Alegrete, os moradores podem procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para se vacinar e devem verificar os horários de funcionamento de cada unidade.
Até a última quinta-feira, 15 de maio, Alegrete alcançou uma cobertura vacinal geral de 32,25%. As taxas de vacinação para os grupos prioritários são: 37,66% entre idosos, 15,21% entre crianças e 30,39% entre gestantes. A meta do município é atingir 90% de cobertura nesses grupos.
No Rio Grande do Sul, mais de 1,4 milhão de pessoas já receberam a vacina contra a gripe este ano, o que representa 28,5% de cobertura entre crianças, idosos e gestantes. Para reforçar os estoques nos municípios, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) está distribuindo mais 703 mil doses de vacinas às coordenadorias regionais da SES.
A ampliação da vacinação para todas as idades visa aumentar a proteção da população contra a gripe, especialmente com a chegada do outono e inverno, períodos de maior circulação do vírus.
A vacina é segura e eficaz na prevenção das formas mais graves da doença e suas complicações. Portanto, procure a UBS mais próxima e garanta sua proteção e a de sua família.
Saúde
Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde
Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre
Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.
A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.
Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.
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