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Covid: Não vacinados são quase 100% dos casos graves, diz anestesista


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Covid: ‘Hoje, não vacinados são quase 100% dos casos graves de covid’, diz anestesista que enfrentou falta de sedativos no pico da pandemia
Nathalia Passarinho – @npassarinho – Da BBC News Brasil em Londres

Covid: ‘Hoje, não vacinados são quase 100% dos casos graves de covid’, diz anestesista que enfrentou falta de sedativos no pico da pandemia

Nathalia Passarinho – @npassarinho – Da BBC News Brasil em Londres

Em 25 de março de 2021, o anestesista Leonardo Camargo descreveu à BBC News Brasil o que parecia ser uma cena de guerra. Uma tenda com cilindros de oxigênio havia sido montada na frente do hospital, pacientes intubados ocupavam UTIs improvisadas em salas de recuperação de cirurgia e o estoque de sedativos estava no fim.

Sem bloqueadores musculares para intubação, Camargo precisava combinar medicamentos em desuso para garantir que os pacientes continuassem inconscientes e temia chegar ao ponto de ter que amarrar pessoas ao leito para que não arrancassem o tubo de oxigênio, ferindo laringe e traqueia, caso acordassem da sedação.

Hoje, quase nove meses depois, o cenário é bem diferente. Nesta semana, pela primeira vez desde a primeira onda da pandemia, não há paciente com resultado positivo de covid-19 na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves (RS), onde ele trabalha.

E, segundo Camargo, atualmente, quase a totalidade dos pacientes internados com alguma gravidade é de não vacinados ou idosos que ainda não tomaram a dose de reforço contra a doença. A UTI do hospital Tacchini tem capacidade para 30 leitos, mas, em março, operou com mais de 100% da capacidade, com cerca de 70 pacientes em estado crítico.

“A gente ficou períodos sem relaxante muscular na segunda onda da covid. Ficamos uma semana ou duas contando ampolas de medicamentos de segunda linha. Não chegamos a ter que amarrar pacientes, mas chegamos perto”, lembra Camargo, em nova entrevista à BBC News Brasil. Ele coordena os estoques de medicamentos do hospital Tacchini e é antestesista há 15 anos.

“Hoje, o perfil dos pacientes graves é praticamente todo de não vacinados e idosos.”

Mudança de perfil etário entre pacientes graves

Com o avanço da vacinação no Brasil, a média móvel de mortes caiu nos últimos meses e se mantém em menos de 200 há nove dias. Até 13 de dezembro, 65,2% da população havia recebido duas doses da vacina contra covid.

Camargo diz que acompanhou no dia a dia de trabalho na UTI uma clara mudança na faixa etária dos internados da primeira onda da pandemia até agora.

“Lá em 2020, na primeira onda, a maioria dos pacientes críticos era de idosos, principalmente com mais de 80 anos, e pacientes oncológicos. Em março de 2021, na segunda onda, provavelmente porque houve a mutação do vírus, a faixa etária baixou muito. O grosso de pacientes na UTI tinha de 40 a 50 anos”, disse.

“Em julho, começamos a ter novamente nos hospitais idosos e outros pacientes com covid que tomaram a segunda dose há mais de cinco, seis meses, período em que a eficácia da vacina começa a cair. Aí veio a dose de reforço. Hoje os pacientes com gravidade são, na grande maioria, não vacinados e idosos que ainda não tomaram a dose de reforço.”

Leonardo Camargo em março

Hospital Tacchini
Nesta foto, tirada em março, a UTI do Hospital Tacchini, com capacidade para 30 leitos, estava lotada. Havia mais de 70 pacientes em estado crítico acomodados em UTIs improvisadas.

Com o surgimento da variante ômicron, que já teve casos detectados no Brasil, o temor é que hospitalizações voltem a subir. Essa nova cepa foi primeiro identificada em novembro na África do Sul e possui várias mutações na chamada proteína S, que é usada pelo coronavírus para se conectar à células humanas.

Dados preliminares apontam que a ômicron é mais passível de causar reinfecções que as variantes anteriores e reduz a eficácia das vacinas , mesmo em quem já tomou a segunda dose. Por isso, cientistas defendem o uso da dose de reforço para ajudar a controlar as infecções.

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“Eu tento viver um período de cada vez. Não se sabe qual vai ser o impacto da ômicron. Mas a gente tem que confiar na dose de reforço. Chegamos a ter 4 mil mortes por dia no Brasil e hoje estamos em 200. O que explica isso é a vacinação”, diz Camargo.

Medo de abraçar a filha

A rotina do médico gaúcho, que esteve em todo momento na linha de frente do atendimento de pacientes com covid, também passou por mudanças no decorrer da pandemia. O pior momento, segundo ele, foi a segunda onda da covid, quando passou a se deparar com conhecidos ao aplicar os sedativos necessários à intubação.

Como anestesista, era ele, muitas vezes, o último rosto que o paciente via antes de dormir para receber a ventilação mecânica. Na entrevista de março à BBC News Brasil, Camargo havia acabado de se deparar com o vizinho na UTI e participado da intubação dele. Na época, o homem estava em estado grave com covid e manifestou muito medo de ser intubado e não acordar mais.

Mas, a notícia neste caso é boa. Camargo contou que o vizinho se recuperou e já está em casa. “Aquelas semanas de março e abril foram assustadoras. A gente entrava nas UTIs e quem estava lá eram pessoas da nossa idade, pais de família, conhecidos. Felizmente, o meu vizinho se recuperou depois de ficar semanas internado e teve alta.”

Mulher sendo vacinada no Brasil

REUTERS/Pilar Olivares
Com avanço da vacinação no Brasil, Camargo diz que o perfil de internados mudou. Agora, segundo ele, quase todos os casos graves que ele recebe são de não vacinados e idosos que tomaram a segunda dose há mais de cinco meses

Diariamente em contato com pacientes graves com covid-19, Camargo também diz que viveu mais de um ano “com medo de chegar em casa” e transmitir a doença para a esposa e a filha de quatro anos.

“Eu chegava em casa, estacionava o carro, tomava banho de álcool, depois colocava a roupa para lavar e tomava banho antes de ficar perto delas. Mesmo assim, eu tinha medo de abraçar a minha filha.”

Na segunda onda da pandemia no Brasil, além de lidar com a escassez de sedativos, Camargo e seus colegas tinham que administrar uma fila diária de pacientes graves esperando leito de UTI. “Tinha dias em que a gente amanhecia no pronto-socorro com cinco pacientes aguardando UTI, daí os pacientes iam piorando, e mais pessoas em estado grave chegavam”, contou.

“No decorrer da tarde, leitos vagavam e, de noite, a gente finalmente conseguia colocar esses pacientes na UTI. No dia seguinte, tudo se repetia, era a mesma coisa: fila de pacientes esperando UTI. A gente chegou a pensar: ‘se isso continuar, não sei se vamos aguentar’.”

O anestesista diz que, neste mês, o fluxo finalmente voltou a patamares semelhantes ao período pré-covid. “Em março e abril, chegamos a ter 72 pacientes em terapia intensiva. Agora, voltamos ao número normal de 30 leitos. Hoje, não temos nenhum paciente ativo (que esteja atualmente testando positivo) de covid na UTI.”

Lições da pandemia

Camargo diz que, apesar do drama de presenciar tantas mortes, os grandes momentos de tensão e crise na pandemia serviram para melhorar as práticas nos hospitais, tanto em técnicas de higiene e equipamentos de proteção, quanto na gestão de medicamentos.

“Aprendemos a evitar ao máximo o desperdício de remédios, melhoramos práticas de higiene, passamos a usar máscaras com proteção mais alta e tivemos que melhorar as práticas médicas e de enfermagem para dar vazão às cirurgias eletivas que ficaram paralisadas na pandemia”, destaca.

Já imunizado com a terceira dose da vacina contra a covid-19, Camargo agora se sente mais confortável para abraçar a filha e visitar a mãe de 70 anos, que mora em Santa Catarina, mas diz que, na própria família, teve que lidar com resistências à vacina.

“Meu sogro não queria se vacinar. Ele pegou covid e só depois disso tomou a vacina. Como médico que acompanha internações por covid desde o início da pandemia, observo na prática o efeito da vacina e a importância, agora, da dose de reforço.”


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Fonte: IG SAÚDE

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HOSPITAL SANTA CASA DE CARIDADE RECEBE EMENDA DO DEPUTADO FREDERICO ANTUNES

Nesta quinta-feira (22/5), o Hospital Santa Casa de Caridade de Alegrete, recebeu a confirmação do pagamento de uma emenda parlamentar de autoria do deputado estadual Frederico Antunes (Progressistas), no valor de R$ 200 mil. O recurso será utilizado para equipar a nova UTI Adulto, que irá contar com 10 novos leitos intensivos.

No total, o Avançar na Saúde já investiu R$ 10,2 milhões na Santa Casa, que foi o único hospital do estado beneficiado em todas as fases do programa. Além dos R$ 2,2 milhões do ambulatório e da casa de acolhimento, outros R$ 980 mil foram repassados para a construção da UTI. A previsão da direção do hospital é de que seja concluída até o final do ano.

“Só tenho a agradecer ao governador Eduardo Leite e a secretária Arita por mais essa parceria com a área da saúde do nosso Alegrete”, destacou Frederico Antunes. Todos esses recursos tem qualificado ainda mais os serviços prestados pelo hospital, que atualmente recebe 72% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Vacinação contra a gripe é ampliada para todas as idades em Alegrete

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No Rio Grande do Sul, mais de 1,4 milhão de pessoas já receberam a vacina contra a gripe este ano, o que representa 28,5% de cobertura entre crianças, idosos e gestantes. Para reforçar os estoques nos municípios, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) está distribuindo mais 703 mil doses de vacinas às coordenadorias regionais da SES.

A ampliação da vacinação para todas as idades visa aumentar a proteção da população contra a gripe, especialmente com a chegada do outono e inverno, períodos de maior circulação do vírus.

A vacina é segura e eficaz na prevenção das formas mais graves da doença e suas complicações. Portanto, procure a UBS mais próxima e garanta sua proteção e a de sua família.

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Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde

Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre

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A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.

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