Agro Notícia
Artigo/Lígia Dutra: A Ásia além da China
Em geral, quando escuto falar do comércio do agro com a Ásia, o assunto costuma ser, na realidade, o comércio com a China. Não é coincidência que o país seja chamado de gigante asiático. O peso geopolítico e a crescente demanda chinesa por produtos agropecuários chamam mais a atenção do que as oportunidades comerciais que despontam em seus vizinhos. O poder de atração da China é tão grande que, por vezes, nos esquecemos de olhar para outras partes do Sudeste Asiático, região de economias dinâmicas, comercialmente interconectadas e com mercados consumidores crescentes.
Cingapura, por exemplo, tem uma renda per capita acima de US$ 65 mil, com consumidores exigentes para produtos de qualidade. O Vietnã apresenta PIB per capita bem menor, aproximadamente US$ 2,7 mil, mas o país tem um crescimento expressivo de renda, acima de 30% entre 2015 e 2019. Tailândia, Indonésia e Malásia também tiveram aumento de renda per capita acima de dois dígitos.
O reflexo do aumento de renda é sentido diretamente no consumo de alimentos. Segundo dados da FAO, o consumo de café no Vietnã aumentou mais de 30% entre 2014 e 2018. No mesmo período, o consumo de leite cresceu 13,2% no país. As frutas também se tornaram mais presentes na dieta da população da região. O consumo de maçãs aumentou mais de 5,7% na Malásia e as vendas de uvas subiram 20% na Indonésia.
O crescimento da renda ajuda a formar uma nova classe média e impacta diretamente no aumento da demanda por alimentos de maior valor agregado. Esses cinco países juntos – Cingapura, Malásia, Indonésia, Tailândia e Vietnã – reúnem mais de 470 milhões de habitantes. Pela dimensão, pelo dinamismo, a região não pode ficar de fora dos planos de atuação internacional do setor agropecuário brasileiro.
Para ampliar suas ações de internacionalização das empresas do agro, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deu um passo importante no mês de novembro: instalou em Cingapura sua segunda representação na Ásia – a primeira foi aberta em 2020 em Xangai, na China.
Nova frente de atuação da CNA, Cingapura se tornou no último século um centro cosmopolita, moderno, que busca conectar ocidente e oriente. Ampla presença de capital e facilidade para negócios são apenas algumas características desse país que também é um eficiente hub logístico, com impressionante capacidade portuária, responsável por distribuir cerca de 30% dos produtos comercializados na região.
A representação da CNA tem o objetivo de buscar oportunidades de negócios para empresas do setor agropecuário no Sudeste Asiático. Não apenas no mercado de Cingapura, mas também em países como Tailândia, Indonésia, Malásia e Vietnã. Em 2020, as exportações de produtos do agro brasileiros para esse conjunto de países somaram US$ 7,2 bilhões, o que representou um crescimento de 32% em relação a 2019. Mas ainda bastante concentradas em produtos como grãos, proteína animal, açúcar e algodão.
O valor exportado para os países do Sudeste Asiático é superior ao total de exportações do agro para os Estados Unidos no mesmo período. No entanto, com os norte-americanos conseguimos estabelecer uma pauta mais diversificada, que inclui não apenas estrelas da nossa balança comercial, como celulose, carne bovina e suco de laranja, mas também produtos como mel, frutas e castanhas.
O fato de não exportarmos diretamente não significa que as populações dos países do Sudeste Asiático não estejam consumindo produtos com qualidade brasileira. Elas estão, mas não sabem. E isso acontece porque as marcas são europeias ou norte-americanas, mas os insumos são brasileiros.
A Europa e os Estados Unidos se especializaram em importar produtos agrícolas de todo o mundo. Processam, adicionam uma marca e reexportam em seguida. Viraram grandes exportadores de alimentos porque absorveram etapas de agregação de valor e, assim, conquistam consumidores em todo o mundo. É o caso do café brasileiro vendido para torrefação na Europa e que invade os supermercados da Ásia com indicação de origem italiana, alemã ou suíça.
Instalar-se na Ásia é mais do que apenas buscar novos mercados para o agro. É criar atalhos para permitir o contato direto com os consumidores e para favorecer a agregação de valor de produtos no Brasil. É uma estratégia para abrir novos caminhos para negócios que envolvam maior número de elos nas diferentes cadeias agropecuárias.
O agro brasileiro precisa olhar para a região sem ser ofuscado pela grandiosidade da demanda do mercado chinês. Aliás, a demanda chinesa é um facilitador para a presença na Ásia, pois permite ganhos de escala na complexa logística de distribuição de produtos na região. Nesse quesito, a excelência de Cingapura em infraestrutura portuária e de distribuição complementa o esforço exportador de empresas que buscam entrar na região. Por isso, as oportunidades de negócios no sudeste asiático demonstram que é possível ir além da China, combinando estratégias que favoreçam o produto brasileiro.
A CNA quer estimular uma estratégia de internacionalização coordenada, a partir da presença em Cingapura e em Xangai, para permitir ao setor aproveitar as oportunidades do mercado chinês, sem perder de seu campo de visão as dinâmicas economias do sudeste asiático. Porque é naquela parte do mundo que está o grande consumidor dos produtos do agro brasileiro. Cabe ao setor privado construir atalhos para agregar valor aos seus produtos e, com isso, conquistar esses mercados ávidos por alimentos de qualidade.
Lígia Dutra é diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
(*) Artigo originalmente publicado na Broadcast
Agro Notícia
Pedidos de recuperação judicial crescem entre produtores rurais
No segundo trimestre de 2024, solicitações aumentaram mais de três vezes, com produtores de soja liderando
Fatores como juros altos e custos de produção elevados impactam negativamente o setor, especialmente em MG e MT. Agricultores enfrentam dificuldades financeiras crescentes e o primeiro semestre de 2024 registra alta em pedidos de recuperação judicial, refletindo a pressão sobre o agronegócio.
Um levantamento da Serasa Experian, divulgado nesta terça-feira (23 de outubro de 2024), mostrou um aumento nos pedidos de recuperação judicial por produtores rurais no Brasil. No segundo trimestre de 2024, o número de solicitações cresceu de 34 para 121. Esse aumento representa um crescimento de mais de três vezes em relação ao mesmo período do ano anterior. Os produtores de soja lideram com 53 pedidos.
Marcelo Pimenta, chefe de agronegócios da Serasa Experian, atribuiu o crescimento a uma série de fatores adversos. “O aumento dos juros, o preço ameno das commodities e os custos mais altos para a produção impactaram de forma negativa aqueles que já estavam comprometidos financeiramente”, afirmou. Essa situação destaca as dificuldades enfrentadas pelo setor, marcado por custos elevados e retornos financeiros incertos.
Minas Gerais e Mato Grosso foram os estados mais afetados, com 31 e 28 pedidos, respectivamente. No primeiro semestre de 2024, 207 produtores rurais buscaram recuperação judicial, um número significativamente maior que no mesmo período de 2023. Além disso, 94 empresas do agronegócio também solicitaram recuperação judicial no segundo trimestre de 2024, um aumento de 71% em comparação ao ano anterior.
Os desafios financeiros não se limitam a produtores individuais. O setor agrícola como um todo enfrenta problemas, afetando desde pequenos produtores até grandes corporações. A situação dos produtores de soja é particularmente preocupante, com preços desfavoráveis e custos de produção elevados. A volatilidade dos preços das commodities e o aumento dos custos de insumos, como fertilizantes e combustíveis, exercem pressão adicional sobre os agricultores, muitos dos quais operam com margens de lucro reduzidas
Agro Notícia
Crianças vivenciam o agro na prática durante à Exposição Agropecuária
Associação De olho no material escolar? Isto mesmo existe uma associação criada no RS, dentro da Farsul, que está se espalhando pelo Brasil inteiro. Na Exposição Agropecuária de Alegrete ela está atuando para um público que participa ativamente. Tem sido assim manhã e tarde.
A Comissão Jovem do SRA, através do projeto Vivenciando a prática, abraçou à idéia Associação de olho no material escolar, a partir da associada Martha Louzada e aí às aulas fluiram.
Nesta quinta-feira foi uma turma do Colégio Luíza de Freitas Valle Aranha. Os alunos são acolhidos e inicia um tour pelo parque.
O objetivo do “De olho”, segundo Martha é “gerar um conhecimento sobre a importância do agro no cotidiano destas crianças”.
A caminhada inicia com a entrega de uma folha com as respectivas estações que ao longo do percurso vão sendo preenchidas com adesivos até à chegada na mina do tesouro. Cataventos para orientação climática e meio ambiente.
Eles são levado às baias, tocam nos cavalos, são sensibilizados sobre a importância dos animais na lida do campo, já no box dos bovinos, a turma pode falar e aprender um pouco mais sobre a produção leiteira e carne, e tiveram ainda a experiência de um couro estaqueado, sendo preparado para os guasqueiros.
Em todas estas paradas, eles
portanto, ali na prática, dezenas de crianças tomaram ciência de outro vasto léque de produtos feitos à partir do couro com impacto no cotidiano das pessoas, como gelatinas, capsulas, shampus e é claro, calçados, cintas e outros subprodutos.
Os alunos ainda visitaram os bretes dos ovinos, interagindo e aprendendo mais sobre os diversos usos tanto da carne como da lã.
Depois fizeram fotos e a caminhada prosseguiu. No setor de máquinas agrícolas outra aula entusiasmada, alegre e interativa. A penúltima.
Conduzidos pela turma da Comissão Jovem, em todo o trajeto, não escondem a expectativa do fechamento fo circuíto. Enfim, chegaram ao estande do Sicredi.
Lanche, atividade lúdica, com filme da turma da Mônica, sobre educação financeira e questionamentos sobre mesada, como gastar o dinheiro, uso racional da renda familiar, pagamentos das despesas, o que o dinheiro compra e o que não compra(valores éticos, afetivos e morais) e até sonho das carreiras profissionais.
Este era o tesouro, acompanhado de brinde e um baita lanche, fotos e muita alegria e novos aprendizados.
“Este projeto vem crescendo, porque nasceu da necessidade de termos dados para contrapor a base curricular injusta e preconceituosa com relação ao agro”, explica Martha Louzada.
Os sindicatos rurais, outras entidades e associados particulares, pagam para que insituições como a USP e a Embrapa façam levantamentos e criem acervos robustos em defesa do agro, para que sejam semeadas versões pedagógicas para públicos que vão desde alunos da primeira infância, até contrapontos na esfera política.
“Os dados levados à Brasília, junto à congressistas fez adiar a aprovação do novo texto do Plano Nacional de Educação. “O texto distorcia e tornava o agro como bandido na bibliografa que seria distribuída massivamente nas escolas brasileiras”, dispara Martha.
A difusão deste projeto está tomando corpo para “evitar os estragos de uma pedagogia distorcidade sobre à produção agropecuária e sua vasta cadeia produtiva” assegura ela.
Agro Notícia
Produtores de Alegrete se somam ao grande protesto do agro gaúcho
Em Alegrete a concentração dos tratores, máquinas e caminhões acontece próximo do posto Texacão, na Br 290.
O movimento divulgou a pauta e o apartidarismo dos produtores.
Confira os 10 pontos que mobiliza o agro neste dia 8.
❌❌ *REGRAS
Nosso objetivo é o *direito para os produtores*, totalmente pacífico, buscando defender os produtores:
01. Unindo os produtores rurais em uma frente unificada em prol dos interesses e direitos dos produtores da *agricultura e pecuária e toda sua cadeia produtiva* no estado do Rio Grande do Sul.
02. Inclusão e Representatividade:
• *Todos os produtores*, independentemente do porte ou especialização (seja na agricultura familiar, pequena, média, grande, do setor leiteiro, pecuária, orizicultura, uva, psicultura, apicultura, soja, hortaliças, fruticultura, *toda a cadeia produtiva*, etc.), são essenciais e bem-vindos.
03. Apartidarismo e Foco no Produtor:
• Nosso movimento é *apartidário*, *sem uso de quaisquer bandeiras*, centrado nos desafios e necessidades dos produtores, acima de quaisquer interesses políticos. Todo aquele que tiver interesse contrário, pedimos que se retire voluntariamente, e se, identificado será retirado do grupo e responderá por quaisquer atitudes que não seja as do objetivo do grupo. Buscamos aqui *renegociação* de dívidas que os produtores já vêm sofrendo primeiro com a seca dos últimos 3 anos e por último as chuvas que devastaram parte de nosso Estado. *Se esse não for seu objetivo ou não concordar com estas regras pode se retirar do movimento SOS AGRO RS.*
04. Apoio à Farsul e a FETAG:
• Comprometemos-nos integralmente com as demandas e propostas apresentadas pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (FARSUL), e pela FETAG.
05. *Defesa da Agricultura e Pecuária e de toda sua cadeia produtiva*
• Nossa missão é assegurar que as políticas públicas atendam efetivamente às demandas da agricultura e pecuária gaúcha, garantindo sua *viabilidade* e crescimento sustentável.
06. Transparência e Democracia:
•Todas as decisões do movimento serão tomadas de forma transparente e democrática, assegurando a participação *igualitária* de todos os membros.
07. Mobilização Responsável:
• Nosso engajamento será sempre *pacífico* e responsável, respeitando integralmente as leis e regulamentações vigentes.
08. Diálogo e Negociação:
• Priorizamos o diálogo contínuo com autoridades e instâncias pertinentes, buscando a negociação como principal meio de alcançar nossos objetivos.
09. Respeito e Solidariedade:
• Celebramos a diversidade de opiniões e experiências entre os produtores, promovendo um ambiente de respeito mútuo e solidariedade.
10. Compromisso com o Futuro:
• Assumimos o compromisso de trabalhar incansavelmente pelo futuro próspero da agricultura e pecuária no Rio Grande do Sul, garantindo sua sustentabilidade para as gerações vindouras.
Queremos possibilitar a permanência dos agricultores no setor e assim contribuir para reerguer o *ESTADO* do Rio Grande do Sul.”
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