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Jacqueline Sato: “Se ver representada  amplia as possibilidades”


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Jacqueline Sato comandou a série
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Jacqueline Sato comandou a série “Bruce Lee: A Lenda” e o programa “Encantadores de Pets”, da Band



Descendente de oriental, Jacqueline Sato, de 33 anos, sabe a importância da representatividade para inspirar na luta pela carreira. “É uma mensagem de que aquela pessoa também pode ocupar aquele espaço”, conta, em entrevista ao IG Delas .

Com passagens pelo cinema, pelo teatro e pela televisão, a atriz se destacou em produções como “Sol Nascente” e “Orgulho e Paixão”, na TV Globo. Atualmente, pode ser vista na série “Os Ausentes”, na HBO MAX.

No papo, a atriz e apresentadora relembra os desafios que teve que passar durante a trajetória profissional e o silenciamento social que pessoas amarelas passam. “Na minha vida e na de muita gente, o não se ver representada afetou demais. Acreditar que essa era uma profissão possível foi algo mais difícil, por não ter referências.”

Além do trabalho em frente às câmaras, Jacqueline atua como ativista  ambiental e carrega o título de embaixadora do Greenpeace Brasil. Ela ainda atua como CEO da associação de proteção animal “House of Cats”. 

iG Delas: Qual é a importância da representatividade na sua carreira?  Jacqueline Sato:  Dizem que a arte imita a vida, mas a vida de muita gente é transpassada e influenciada pela arte, pelas obras audiovisuais, pelos anúncios publicitários. Tudo isso tem forte impacto. Se ver representada em uma obra audiovisual amplia as possibilidades de tantas pessoas, causa identificação, e é uma mensagem de que aquela pessoa também pode ocupar aquele espaço, tanto como artista, que está interpretando a personagem ali na tela ou no palco, quanto na profissão que a personagem exerce na ficção.

Na minha vida e na de muita gente, o não se ver representada afetou demais. Acreditar que essa era uma profissão possível foi algo mais difícil, por não ter referências. Sem contar que isso fortalece a sensação de não pertencimento e não valorização. Ter a pluralidade étnico-racial da qual é composta a humanidade nas telas e páginas só traz impactos positivos.

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Jacqueline Sato

iG Delas: A falta de representatividade de pessoas amarelas impactou você? Jacqueline: Quando eu era criança, quase não via ninguém parecida comigo na escola, na TV, nas revistas, nos outdoors… De alguma forma, tudo o que era belo, valorizado e chegava até mim era muito diferente do que eu era, ou viria a ser. Se para uma pessoa branca, a carreira de atriz já é algo incerto e cheio de riscos, para uma pessoa amarela isso é ainda maior. Depois, quando já iniciada na profissão, veio o impacto de receber um número infinitamente menor de testes. Amigas brancas me contam que fazem testes semanalmente, enquanto eu e outras atrizes amarelas recebemos um há cada 2 ou 3 meses. E muitas vezes, para papéis estereotipados. Então, existiu um grande desafio no antes de se tornar atriz, na construção dessa coragem de encarar e arriscar, mesmo não tendo referências, e existiu também o desafio e perseverança em permanecer na carreira, mesmo com muito menos oportunidades.

Abri essa aba da vivência enquanto atriz, mas continuando nos relatos dos impactos, quando eu era muito pequena, cerca de 4 ou 5 anos, lembro do desejo de ser loira de olhos azuis. Mais pra frente, mas ainda bem criança, tipo 7 anos, comecei a pensar que, já que eu não poderia ser assim, então que um dia eu tivesse um filho ou filha que fosse. Olha que absurdo que começava a querer morar em mim implantado pelo que eu recebia do mundo externo. 

iG Delas:  Por muitas vezes as pessoas acabam descredibilizando as pautas raciais de pessoas amarelas. Como você enxerga esse silenciamento? Jacqueline:  Nossa, isso é tão delicado. O antirracismo deve combater qualquer forma de racismo que exista. A luta de um grupo étnico racial não se opõe a outro. Pelo contrário, se soma. Eu mesma duvidei do quanto isto era de fato uma pauta relevante por saber dos privilégios que tenho, mas criei coragem de começar a falar cada vez mais sobre isso quando entendi que ao falar sobre o meu grupo eu também estou indo contra a mesma hegemonia branca que segue sendo a mais privilegiada, em detrimento de todos os outros grupos.

Entendo que amarelos, pretos e indígenas, cada um com suas pautas, estão juntos buscando a mesma coisa: desfazer o racismo estrutural no qual vivemos, combater qualquer tipo de violência e conquistar uma sociedade mais justa. Todas as pessoas amarelas com quem eu converso sabem perfeitamente que o que vivemos é incomparável ao que pessoas pretas e indígenas vivem, mas não é por isto que devemos nos calar. Devemos apontar o quanto o racismo está presente nas mais diferentes formas, contra as mais diversas pessoas, para que possamos mudar essa realidade frente a qualquer tipo de preconceito.

iG Delas: Como a falta de personagens amarelos nas produções artísticas afeta a sua carreira?  Jacqueline: Como eu disse, a quantidade de testes que recebemos são infinitamente menores. Isso diminui muito as chances de mostrarmos nosso trabalho e, possivelmente, sermos escalados. Quebrar esse preconceito e passar a escalar pessoas amarelas para uma gama maior de personagens é imprescindível para que possamos mudar este cenário. E, claro, que sejamos testados para bons personagens, que sejam complexos, humanos, longe de estereótipos.

iG Delas: Nos últimos anos foi possível ver uma ascensão de séries e filmes do leste asiatico. Isso ajudou a melhorar o mercado de trabalho para pessoas amarelas? Jacqueline:  Acho que essa ascensão em larga escala influencia positivamente, pois as pessoas passam a enxergar os talentos e a enorme gama de personagens que pessoas do leste asiáticos são capazes de interpretar. Acho que isto ajuda a quebrar alguns preconceitos que se tem com as pessoas amarelas em geral, tanto as nascidas no leste asiático, quanto às nascidas aqui no Brasil. Por exemplo: isto de que somos sempre certinhas, submissas, tímidas, boas em exatas e etc. Quanto a trazer mais trabalho imagino que sim, ajudará. Fora do Brasil já vejo isso acontecer com mais intensidade, mas espero que aqui também siga este fluxo em direção a castings com representatividade. E espero que isso aconteça exponencialmente e rapidamente. Pra você ter noção, três décadas de novelas se passaram até que surgisse a presença da primeira amarela em uma delas (Cristina Sano em “Roda de Fogo”, 1986). E depois mais três décadas para que houvesse a primeira protagonista em uma delas (Ana Hikari em “Malhação: Viva a Diferença”, 2017). É muito tempo! 66 anos especificamente. Não dá para seguir neste ritmo.

E eu creio que, uma vez que a sociedade acordou para esta questão, e ainda com a internet democratizando vozes, a representatividade pode caminhar mais rápido em direção ao que é justo. Algo que  só vai trazer mais riqueza e complexidade às obras, e mais identificação do público para com elas. Nosso país é multiétnico. O público gosta de se ver representado nas telas, ou nas páginas. E cada vez mais, quando percebe que não está, tem reclamado e sido ouvido. Acho que muitas empresas têm prestado mais atenção. Vivemos um momento de mudança positiva em relação a isso, se compararmos com anos atrás, mas é preciso muito mais. 

iG Delas: Uma das pautas de pessoas amarelas é não ser reconhecidas como brasileiros e não ter as opressões reconhecidas. Existe um sentimento de esquecimento social e de não pertencimento?  Jacqueline: Sem dúvida. Muita gente nos vê como estrangeiros no nosso próprio país. Descendentes de imigrantes de outros locais não tem isso, ninguém fica chamando um neto, bisneto, ou tataraneto de italiano ou espanhol pela nacionalidade dos seus ancestrais. Nem brincando com sotaque, por exemplo. Quem nunca ouviu alguém chamar de “Japa” algum brasileiro descendente de qualquer país do leste asiático? Essa generalização que atrela qualquer pessoa amarela à nacionalidade japonesa é terrível.

Em relação a japoneses e descendentes, temos a maior concentração [de pessoas] depois do próprio Japão. E até hoje existe uma exotização, uma não integração real dos amarelos na sociedade brasileira, vide a falta de representatividade, por exemplo, que tanto discutimos ao longo da entrevista. Vide as pessoas que continuam achando que na casa de pessoas amarelas só se come de hashi. Vide pessoas que se dirigem a nós por apelidos sem sequer quererem saber nossos nomes. Vide pessoas que falam “volta pro seu país”… Enfim, são vários os exemplos.

Fonte: IG Mulher

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Crédito: Paulo Garcia Agência ALRS

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Luciana é diretora do Instituto Libertas, que atua no combate à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil.

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