Mulher
Solidão da mulher negra: entenda o choro de Natália no BBB 22
Desde a madrugada do dia 27, Natália Deodato, participante do BBB 22, vem sendo alvo de críticas e deboches após chorar ao ver seu interesse romântico Lucas, beijando outra participante durante a festa do líder . Acusada de ser emocionada e de estar querendo chamar atenção, muitas pessoas parecem não entender o motivo do choro de Natália para além de ter levado um fora em uma festa.
A solidão de mulher negra é uma pauta que há alguns anos vem sendo amplamente discutida dentro da academia e dos movimentos negros. Contudo, ainda é um tema pouco conhecido fora desses meios. Jaque Conceição, psicanalista e ativista preta, explica que a solidão da mulher negra é um conceito da psicanálise que discute os processos de rejeição racial que as mulheres pretas sofrem por conta do racismo na cultura brasileira.
“É uma ideia antiga na psicanálise, inclusive. É a ideia de que mulheres negras, por sua condição racial, são rejeitadas amorosamente por seus parceiros, seja homens brancos ou negros, pelo imaginário que se tem em torno da figura da mulher negra”, diz. Ela acrescenta que as mulheres são ensinadas desde criança a desejarem a aprovação masculina e a só se sentirem verdadeiramente femininas a partir da validação dos homens.
Contudo, Jaque explica que desde o periodo da escravidão a mulher negra teve sua feminilidade retirada. “As mulheres negras por conta da escravidão são tiradas do seu lugar de genero e colocadas em seu lugar de raça”, diz. Como em nossa sociedade a feminilidade é caracterizada pela visão da mulher como alguém a ser cuidada, isso tem várias consequências. Entre elas, o preterimento afetivo e o favorecimento sexual.
Ou seja, as mulheres negras não são vistas como objeto de afeição, mas como objetos sexuais, o que é reforçado por estereótipos como o da “mulata exportação”, a mulher para ter aventuras, não uma relação séria.
“A ideia da solidão da mulher negra é um fenômeno psíquico que atravessa diversas esferas, principalmente afetiva, porque na nossa sociedade tem um valor muito importante a experiência feminina no campo das relações afetivas. Mulheres são ensinadas desde os contos de fadas que a ideia de ser mulher é quando um homem valoriza essa experiência feminina”, diz.
Para a psicóloga Damiana Cássia Sobral, do grupo Reinserir de Psicologia, o choro e a reação “exagerada” Natália são os efeitos do racismo que a atravessam e como ela, muitas mulheres pretas que são socialmente forçadas a ser forte sempre.
“Natália é atravessada pelos efeitos nocivos do racismo, que são tão fortes em nossa sociedade, que separa os lugares que as mulheres negras irão ocupar : às retintas o cuidado com a casa e cozinha ou como babás, às de pele mais clara, ao sexo casual e à hiper sexualização dos seus corpos, o que as coloca em uma posição de objeto, ignorando a sua constituição psíquica como ser que sofre, sente, chora e que, assim como todos, busca amor e acolhimento. Desse ponto de vista, a mulher negra está mais vulnerável ao adoecimento psíquico emocional”, explica.
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“É como se uma mulher negra não precisasse de afeto, por justamente por sua força tanto física, quanto existencial. Uma mulher negra numa sociedade que odeia mulheres negras precisa de muita resiliência para sobreviver”, completa Jaqueline.
Damiana diz ainda que essa visão romantizada da mulher negra como “guerreira” que se tem acaba afetando negativamente o psicológico das mulheres pretas, as fazendo adoecer e a chegarem em seu limite como aconteceu com Natália na madrugada de ontem.
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Sororidade entre pretas
Nas redes sociais, diversas mulheres pretas vieram demonstrar o seu apoio e a sua solidariedade a Natália, ampliando o debate da solidão da mulher negra, seja explicando o conceito ou partilhando suas próprias experiências. Maíra Azevedo, também conhecida como Tia Má, foi uma das que usou suas redes para defender Natália e comentar a situação do ponto de vista de uma mulher preta.
“Quem já viveu isso na pele? O cara dizer que não se sente pronto, que não quer se envolver com ninguém e de repente…Aparece com alguém. Então, você entende que ninguém ERA VOCÊ! Lembro, que eu ficava com um cara, e nosso lance era massa, mas ele me dizia que não queria namorar com NINGUÉM e eu dizia tudo bem, apenas para “não perder ele” , até que um dia, ele surge com sua namorada padrão e eu entendi, que ele não queria namorar ALGUÉM COMO EU! E ser preterida dói! Não é questão de emoção, é ter que lidar constantemente com a rejeição!” escreveu em seu post no Instagram.
Outras pessoas de grupos minoritários também vieram demonstrar o seu apoio, contribuindo com o debate, como a influeciadora e ativista gorda, Jéssica Balbino.
Diz Jéssica em um trecho da thread: “Ser rejeitada deve ser algo recorrente na vida e história dela. E protagonizar isso em rede nacional, deve ser ainda mais dilacerador. Ser invisibilizada como mulher é uma realidade, tanto para pessoas pretas, como para pessoas gordas. É raro encontrarmos alguém que esteja disposto a construir do nosso lado. E quando dizemos sobre essa dor que nos invade de forma sistêmica, somos taxadas de loucas, exageradas. Queríamos o quê? É o que dizem”.
Em suma, o episódio do choro da Natália pede que prestemos mais atenção em dores que nem sempre atingem às fadas sensatas ou às princesas da Disney. Como vaticinou Linn da Quebrada para Naiara: “isso não é sobre você”. No caso, era um dor particular que é coletiva: a solidão da mulher negra.
Mulher
Neste domingo, escritora alegretense será entrevistada na TV Cultura
Escritora Eliana Rigol aborda a história oculta das mulheres no Café Filosófico .Programa da TV Cultura vai ao ar no próximo domingo, dia 3, às 19h
A escritora gaúcha Eliana Rigol será a convidada do próximo Café Filosófico, que vai ao ar no domingo, dia 3, às 19h, na TV Cultura. No programa, ela irá abordar o tema da história oculta das mulheres, como parte da série “Novas mulheres, antigos papeis”, gravada em maio, no Instituto CPFL, em Campinas (SP), com curadoria da historiadora e roteirista Luna Lobão.
Para Eliana, que atualmente vive em Barcelona, na Espanha, foi uma honra ter sido convidada a subir no palco de um programa do qual sempre foi fã, mas onde, normalmente, só via homens sendo entrevistados. “Foi uma alegria genuína estar representando tantas e tantas mulheres no Brasil e no mundo que não tiveram momento para fala e escuta nesse mundo desenhado por homens e para homens”, conta.
Nascida em Alegrete, Eliana já morou em São Paulo, Toronto e Lisboa. Advogada de formação e escritora por vocação, ela atua com mentoria de mulheres (Jornada da Heroína) Ela é autora de quatro livros: Moscas no Labirinto (Pergamus, 2015), indicado ao Prêmio AGES, Afeto Revolution, finalista do Prêmio Jabuti, Herstory e Parir é sexual, os três últimos publicados pela editora Zouk, de Porto Alegre.
Mulher
Câncer de Mama: Proposta estabelece prazo para substituir implantes mamários
Com o objetivo de garantir bem-estar e dignidade às pacientes com câncer de mama, o deputado Gustavo Victorino protocolou, na Assembleia Legislativa, Projeto de Lei 350/23 que estabelece prazo para procedimentos cirúrgicos e garante acompanhamento às mulheres em tratamento.
A proposta determina o limite de 30 dias para substituição do implante mamário sempre que ocorrerem complicações inerentes à cirurgia de reconstrução da mama, bem como garante o acompanhamento psicológico e multidisciplinar especializado às pacientes que sofrerem mutilação total ou parcial de mama decorrente do tratamento de câncer.
Conforme o parlamentar, a proposição, que modifica o Estatuto da Pessoa com Câncer no Rio Grande do Sul (Lei nº 15.446/20), é um direito previsto na Lei Federal (no 14.538/2023), garantindo assim, um cuidado integral e humanizado à saúde da mulher: “Física e emocionalmente, o câncer de mama é devastador para a mulher e é nessa hora que o suporte médico e psicológico deve se fazer presente”, pontua o deputado Gustavo Victorino.
Crédito: Paulo Garcia Agência ALRS
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Bolsonaro sanciona lei de enfrentamento à violência contra às mulheres
Está publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (5), a Lei 14.330/22 que inclui o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.
A norma determina a previsão de ações, estratégias e metas específicas sobre esse tipo de violência que devem ser implementadas em conjunto com órgãos e instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal, responsáveis pela rede de prevenção e de atendimento das mulheres em situação de violência.
Depois de passar pela Câmara, o texto foi aprovado pelo Senado em março, como parte da pauta prioritária da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.
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