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Laqueadura aos 25: “Nunca me passou pela cabeça ser mãe”


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Giovanna no centro cirúrgico, no dia da laqueadura
Arquivo pessoal

Giovanna no centro cirúrgico, no dia da laqueadura

“Eu nunca quis ter filho. Eu acho que desde criança eu nunca fui de brincar de casinha e sempre gostei mais de outros tipos de brincadeira. De brincar na rua, de ser mais ‘moleque’. Meus pais nunca me incentivaram falando ‘você vai casar, vai ter filho’. Eu também sempre gostei muito de bicho, então decidi seguir nessa área. A maternidade nunca passou na minha cabeça, que eu seria mãe, não combina com meu estilo de vida. Eu gosto muito da minha liberdade, o meu trabalho exige muito isso, exige que eu tenha uma dedicação maior, que eu faça plantão em horário nada a ver e então não caberia uma criança, cuidar e ser responsável por ela na minha vida. 

Desde que eu iniciei a minha vida sexual, se eu pudesse eu já estaria laqueada. Mas como ela exige que a gente tenha pelo menos 25 anos, eu esperei e assim que eu atingi essa idade fui atrás da laqueadura. Eu já tinha o DIU desde os 18 anos. O médico disse que eu precisava ter filho para colocar. Com a laqueadura foi mais ainda. Você escuta muitos “nãos”, mas você tem que ir atrás do seu direito.

Então eu conhecia leis na cabeça [sobre direitos reprodutivos] e levava elas impressas para os médicos. Eles acabavam me encaminhando para os colegas que faziam. Até porque assim, não é só você achar um médico que aceite, mas tem que ser um médico que aceite e que faça no método que você quer. Eu queria fazer por vídeo, por conta do tamanho de incisão mesmo e cicatriz. Eu fui me encaminhando, já procurando com 24 anos, né? Antes de completar a idade mínima para cirurgia, para já ter o meu médico quando eu completasse 25 anos. Até que eu encontrei o doutor Marcelo, que foi ótimo. Ele me perguntou também o porquê, ele tentou falar para mim sobre outros métodos, como a lei prevê, mas ele acabou aceitando fazer. 

Eu passei por uns cinco ginecologistas até encontrar o que aceitasse fazer pelo método que eu queria e depois ter liberação do plano com a ginecologista. É difícil, mas eu acho que também você com muita certeza do que você quer, que você está falando e dos seus motivos faz com que o ginecologista aceite fazer a cirurgia. Se for uma mulher e mesmo que já tenha filhos, se ela fica meio em dúvida quando ele questiona dos motivos dela, o médico não vai fazer.

Eu tive até problema com o plano de saúde em questão de autorização, porque eles alegavam que eles só teriam cobertura se eu estivesse internada. Ou seja, se eu tivesse tido uma gestação, parido lá no hospital e aí eles iam cobrir a cirurgia. Só que a lei não diz isso, a ANS [Agência Nacional de Saúde] fala outra coisa. Eu fiz reclamação na ANS, depois de 10 dias eles liberaram a resposta e depois de mais 5 dias eles liberaram um outro hospital. Nesse a doutora foi superprofissional, mas ela só aceitou fazer a cirurgia porque eu já tinha autorização e a documentação. Ela falou que ela não gosta de fazer em mulheres jovens sem filhos. 

Mas ela acabou fazendo e a minha cirurgia foi ótima. Quase não vai ficar marca. Eu estou com dez dias hoje e já quase não aparecem as marcas da cirurgia. Acredito que logo elas vão sumir e não vai ficar nada. A operação foi muito simples, eu internei seis horas antes e fiz o jejum também de oito horas, eu fiz um pouquinho mais, mas não precisava. Fiquei menos de duas horas no centro cirúrgico e aí já voltei para o quarto acordada e bem, sem dor. Minha recuperação foi ótima, nem tomei analgésico. 

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Foi muito gratificante. Eu estava ansiosa para a cirurgia, eu nunca tinha sido internada, nunca levei ponto, nada. Então ia ser uma coisa bem diferente para mim, e acabou que foi super simples. Eu não senti dor em nenhum momento, o procedimento rápido, então foi só felicidade de saber que agora eu posso ficar despreocupada em colocar uma criança indesejada no mundo. Eu acho que principalmente se você é mãe, você tem que querer. Então eu consigo me ver mais leve, mais feliz e também mais dedicada aos meus objetivos. Eu e meu noivo já estamos planejando uma viagem para comemorar, assim que eu estiver recuperada.

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“Uma decisão só minha”

Giovanna e o noivo, Thiago
Arquivo pessoal

Giovanna e o noivo, Thiago

Os meus amigos sempre me apoiaram muito. Eles sempre me conheceram. Sabem como eu sou, que nunca nem cogitei ser mãe. Então foi bem tranquilo, eles nunca me questionaram, me apoiaram. Meu pai e minha mãe falam que eles querem ter netos. Se for de mim não vão ter, eles ainda têm o meu irmão, quem sabe. A gente sempre conversou de forma muito aberta, eles sempre me deram muita liberdade pra ser amiga deles. Então eu sempre falei: ‘Olha, se vocês tiverem escolhido ser pais, essa é uma escolha minha e não de vocês. Se vocês querem uma criança, é mais fácil vocês terem outra do que esperar que eu vá ter por vocês, porque eu não vou. Até porque vocês não me criaram para isso. Me criaram para ser uma mulher livre, independente e estudada e é tudo que eu sou. Agora mãe eu não vou ser’.

Já são muitos anos eles ouvindo a mesma coisa. Eles sabiam que não ia mudar de ideia. Então, agora eles já estão conformados. A minha mãe ela aceita já, acha até legal, acha que eu vou ser feliz assim. O meu pai ele ainda fica meio triste, mas aí já é uma questão dele. Não é uma questão minha.

O meu atual noivo também me apoia muito nessa decisão, ele também nunca quis ser pai. Já tive ex-namorados que quiseram, eu sempre falei: ‘Eu não vou ser mãe. Você vai ter, mas não vai ser comigo’. Porque eu não terei filhos, acho que ser pai é mais fácil né? Agora ser mãe é mais difícil.

Eu e meu noivo namoramos há 5 anos. A gente já se conhece há 10 anos. Éramos muito amigos. Ele sempre morou sozinho desde novo, então ele sabe da responsabilidade que é você sustentar outra pessoa, porque ele sustentava a ele mesmo. Desde que a gente se conheceu ele sempre me apoiou, nunca quis ter filho. 

Ele é 10 anos mais velho que eu, mas a gente se dá super bem no nosso estilo de vida. A gente trabalha bastante e ele é farmacêutico, eu sou médica veterinária, agora tô fazendo pós-graduação. Focamos muito no trabalho e em viver a nossa vida. A gente gosta de sair bastante, somos amigos, viajamos, vamos para festas a e já faz 5 anos que estamos junto. Vai fazer 3 anos que moramos juntos e vivemos superbem sem filhos, sem nenhuma pretensão de ter também.

A mãe do meu noivo apoia bastante a gente, fala que por ela até a irmã dele já tinha feito isso. Ela entende as dificuldades de criar um filho hoje em dia. Quem mais questiona são conhecidos ou parentes que a gente nunca vê na vida e quando vê, são inconvenientes, mas hoje em dia ele até tem bem menos paciência do que eu para esse tipo de conversa.

Eu operei porque era um sonho meu. Mesmo que meu noivo fosse vasectomizado, eu ainda faria. Até porque nunca se sabe se uma relação vai durar um ano ou uma vida. Mesmo sendo uma ótima relação, eu não quero me preocupar com uma gravidez indesejada. Sigo realizada. ‘Nossos direitos nunca são nossos, sempre temos que lutar por eles'”.

Fonte: IG Mulher

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Neste domingo, escritora alegretense será entrevistada na TV Cultura

Escritora Eliana Rigol aborda a história oculta das mulheres no Café Filosófico .Programa da TV Cultura vai ao ar no próximo domingo, dia 3, às 19h

A escritora gaúcha Eliana Rigol será a convidada do próximo Café Filosófico, que vai ao ar no domingo, dia 3, às 19h, na TV Cultura. No programa, ela irá abordar o tema da história oculta das mulheres, como parte da série “Novas mulheres, antigos papeis”, gravada em maio, no Instituto CPFL, em Campinas (SP), com curadoria da historiadora e roteirista Luna Lobão.

Para Eliana, que atualmente vive em Barcelona, na Espanha, foi uma honra ter sido convidada a subir no palco de um programa do qual sempre foi fã, mas onde, normalmente, só via homens sendo entrevistados. “Foi uma alegria genuína estar representando tantas e tantas mulheres no Brasil e no mundo que não tiveram momento para fala e escuta nesse mundo desenhado por homens e para homens”, conta.

Nascida em Alegrete, Eliana já morou em São Paulo, Toronto e Lisboa. Advogada de formação e escritora por vocação, ela atua com mentoria de mulheres (Jornada da Heroína) Ela é autora de quatro livros: Moscas no Labirinto (Pergamus, 2015), indicado ao Prêmio AGES, Afeto Revolution, finalista do Prêmio Jabuti, Herstory e Parir é sexual, os três últimos publicados pela editora Zouk, de Porto Alegre.

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Câncer de Mama: Proposta estabelece prazo para substituir implantes mamários

 

Com o objetivo de garantir bem-estar e dignidade às pacientes com câncer de mama, o deputado Gustavo Victorino protocolou, na Assembleia Legislativa, Projeto de Lei 350/23 que estabelece prazo para procedimentos cirúrgicos e garante acompanhamento às mulheres em tratamento.

A proposta determina o limite de 30 dias para substituição do implante mamário sempre que ocorrerem complicações inerentes à cirurgia de reconstrução da mama, bem como garante o acompanhamento psicológico e multidisciplinar especializado às pacientes que sofrerem mutilação total ou parcial de mama decorrente do tratamento de câncer.

Conforme o parlamentar, a proposição, que modifica o Estatuto da Pessoa com Câncer no Rio Grande do Sul (Lei nº 15.446/20), é um direito previsto na Lei Federal (no 14.538/2023), garantindo assim, um cuidado integral e humanizado à saúde da mulher: “Física e emocionalmente, o câncer de mama é devastador para a mulher e é nessa hora que o suporte médico e psicológico deve se fazer presente”, pontua o deputado Gustavo Victorino.

 

Crédito: Paulo Garcia Agência ALRS

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Bolsonaro sanciona lei de enfrentamento à violência contra às mulheres

Está publicada no Diário Oficial da União desta quinta-feira (5), a Lei 14.330/22 que inclui o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social.

A norma determina a previsão de ações, estratégias e metas específicas sobre esse tipo de violência que devem ser implementadas em conjunto com órgãos e instâncias estaduais, municipais e do Distrito Federal, responsáveis pela rede de prevenção e de atendimento das mulheres em situação de violência.

Depois de passar pela Câmara, o texto foi aprovado pelo Senado em março, como parte da pauta prioritária da campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher.

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