Saúde
Por que acumular gordura corporal nos deixa mais vulneráveis à Covid
Marta Domínguez Álvaro e Silvia Salado Font – The Conversation*
Você provavelmente conhece a história da Ilíada, de Homero.
O épico relata como os gregos, depois de vários anos tentando conquistar Troia, atingiram seu objetivo graças a um enorme cavalo de madeira, escondendo soldados no seu interior. Aproveitando a noite escura, eles tomaram a cidade pelo lado de dentro.
Bem, parece que nosso inimigo SARS-CoV-2 encontrou um cavalo de Troia inesperado dentro de nós para ajudar na sua luta: nossa gordura corporal.
Cavalo de Troia para a infecção por coronavírus
O SARS-CoV-2 entra nas células do organismo quando uma proteína do seu envoltório – a chamada proteína spike, ou proteína S viral – une-se à enzima conversora da angiotensina tipo 2, uma molécula encontrada na membrana de vários tipos de células humanas.
No fenótipo obeso, a expressão dessas moléculas da membrana aumenta no tecido adiposo, fazendo com que a gordura se torne o abrigo ideal para o vírus após sua entrada no organismo. Com isso, ele permanece no corpo dos pacientes com obesidade por mais tempo.
Como se não fosse o bastante, os cientistas observaram em modelos animais de obesidade que a enzima conversora da angiotensina tipo 2 também aumenta nas células pulmonares.
Desta forma, ela oferece maior número de locais de ligação para o vírus, favorecendo a entrada de partículas virais no epitélio pulmonar.
E a intensidade da infecção aumenta, bem como a reação local nos pulmões, o principal campo de batalha para evitar o desenvolvimento da covid-19.
Acrescente-se a isso que as pessoas com obesidade apresentam um estado inflamatório crônico de baixo grau que ativa uma reação imunológica local, caracterizada pela mobilização de células do sistema imunológico produtoras de substâncias pró-inflamatórias.
Isso provoca deficiência da reação imunológica, o que aumenta a susceptibilidade a infecções, incluindo a produzida pelo SARS-CoV-2.
Esse déficit imunológico, em conjunto com a inflamação anterior, pode ampliar a conhecida tempestade de citocinas desencadeada após a infecção viral, gerando piora dos sintomas.
Por outro lado, o excesso de gordura abdominal das pessoas com obesidade impede o deslocamento correto do diafragma durante a respiração, reduzindo a capacidade pulmonar e gerando dificuldades que as predispõem ao desenvolvimento de infecções respiratórias.
Na verdade, esta não é a primeira vez que a obesidade é definida como fator de risco para as infecções causadas por vírus respiratórios.
Em 2009, durante a pandemia do vírus influenza H1N1, a obesidade foi associada ao aumento do risco de hospitalização e internação em UTI após a infecção viral.
Obstruções e problemas de abastecimento
Vamos imaginar o corpo de uma pessoa com obesidade como uma cidade murada.
A alta quantidade de tecido adiposo desregulado faz com que, em condições normais, a cidade sofra obstrução das vias de fornecimento (por hipertensão, arteriosclerose ou patologias cardiovasculares).
Mas há também dificuldades com o fornecimento e administração dos alimentos (resistência à insulina e diabetes) e com a entrada de ar (por dificuldades respiratórias).
Leia Também
O acesso a essa cidade, que já está doente e debilitada, seria relativamente fácil para um invasor como o causador da covid-19, já que o tecido adiposo se comportaria como um cavalo de Troia. Ou seja, ele serviria de refúgio para o novo inimigo – que, diga-se de passagem, encontraria mais portas de entrada na zona verde de fornecimento de ar da cidade (no nosso corpo, os pulmões).
O desastre seria absoluto, especialmente porque, quando os soldados do exército imunológico da cidade tentassem expulsar o inimigo, sua reação deficitária provocaria ainda mais danos “urbanos”, em consequência da tempestade de citocinas.
Além disso, o ataque ao cavalo de Troia (nosso tecido adiposo) invadido pelo vírus produziria a morte de adipócitos, as células que armazenam gordura.
As ruas da cidade ficariam cheias de resíduos (gotas de gordura), que as obstruiriam, predispondo o organismo a desenvolver a síndrome da embolia gordurosa – uma síndrome que faz disparar a probabilidade de um evento trombótico, que geraria problemas ainda maiores de circulação de mercadorias e distribuição de alimentos.
Em resumo, o excesso de gordura corporal só faz piorar os sintomas da infecção por SARS-CoV-2 e aumentar o risco de hospitalização e morte.
As ‘cidades’ velhas e do sexo feminino sofrem mais
Quando a cidade afetada pela obesidade é do sexo masculino, a distribuição do tecido adiposo em nível visceral é maior.
Isso provoca aumento das citocinas pró-inflamatórias, que leva à maior ativação das células imunológicas. Com isso, os homens apresentam maior risco de desencadeamento da famosa tempestade de citocinas, responsável pela piora e agravamento dos sintomas da covid-19.
Por tudo isso, aparentemente o efeito devastador da enfermidade a longo prazo é maior quando essa cidade é do sexo feminino.
Agora que já decorreu tempo suficiente para podermos ver as sequelas da enfermidade, pôde-se comprovar que, dentro dos fatores de risco da síndrome pós-covid-19, ter obesidade e ser mulher pré-dispõem as cidades a apresentar covid persistente.
Prosseguindo com a comparação, vem se observando desde o início da pandemia que cidades mais envelhecidas (com mais de 55 anos) teriam maior risco de serem totalmente destruídas pela invasão (maior mortalidade), incluindo as pessoas com peso normal.
Mas, também desde o início da pandemia, observamos que “cidades obesas” jovens sofrem efeitos iguais a “cidades com peso normal” com maior idade.
Tudo isso explica a maior propensão das pessoas com obesidade a desenvolver infecção por SARS-CoV-2 com sintomas mais graves e necessitar de hospitalização, ventilação mecânica e cuidados intensivos.
E também explica por que as pessoas com obesidade costumam necessitar de hospitalização prolongada e tratamentos mais intensos: elas demoram mais para eliminar a presença do vírus.
Com o passar do tempo, a presença da obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de sequelas crônicas da covid-19.
Portanto, deveríamos refletir sobre a necessidade de dedicar esforços consideráveis, tanto a nível pessoal quanto por todos os grupos envolvidos, para colocar em prática todas as medidas que ajudem a reduzir a atual epidemia de obesidade.
*Marta Dominguez Álvaro é pesquisadora cursando pós-doutorado em enfermidades crônicas na Universidade Camilo José Cela, na Espanha.
Silvia Salado Font é diretora do Escritório de Transferência de Resultados de Pesquisas (OTRI, na sigla em espanhol) da Universidade Camilo José Cela, na Espanha.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado sob licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal .
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube ? Inscreva-se no nosso canal!
Saúde
HOSPITAL SANTA CASA DE CARIDADE RECEBE EMENDA DO DEPUTADO FREDERICO ANTUNES
Nesta quinta-feira (22/5), o Hospital Santa Casa de Caridade de Alegrete, recebeu a confirmação do pagamento de uma emenda parlamentar de autoria do deputado estadual Frederico Antunes (Progressistas), no valor de R$ 200 mil. O recurso será utilizado para equipar a nova UTI Adulto, que irá contar com 10 novos leitos intensivos.
No total, o Avançar na Saúde já investiu R$ 10,2 milhões na Santa Casa, que foi o único hospital do estado beneficiado em todas as fases do programa. Além dos R$ 2,2 milhões do ambulatório e da casa de acolhimento, outros R$ 980 mil foram repassados para a construção da UTI. A previsão da direção do hospital é de que seja concluída até o final do ano.
“Só tenho a agradecer ao governador Eduardo Leite e a secretária Arita por mais essa parceria com a área da saúde do nosso Alegrete”, destacou Frederico Antunes. Todos esses recursos tem qualificado ainda mais os serviços prestados pelo hospital, que atualmente recebe 72% dos pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Saúde
Vacinação contra a gripe é ampliada para todas as idades em Alegrete
Alegrete agora oferece a vacina contra a gripe para toda a população a partir dos seis meses de idade
A medida segue a decisão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) de liberar a imunização para todas as faixas etárias. De acordo com Juliana Michael, chefe da vigilância epidemiológica de Alegrete, os moradores podem procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para se vacinar e devem verificar os horários de funcionamento de cada unidade.
Até a última quinta-feira, 15 de maio, Alegrete alcançou uma cobertura vacinal geral de 32,25%. As taxas de vacinação para os grupos prioritários são: 37,66% entre idosos, 15,21% entre crianças e 30,39% entre gestantes. A meta do município é atingir 90% de cobertura nesses grupos.
No Rio Grande do Sul, mais de 1,4 milhão de pessoas já receberam a vacina contra a gripe este ano, o que representa 28,5% de cobertura entre crianças, idosos e gestantes. Para reforçar os estoques nos municípios, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) está distribuindo mais 703 mil doses de vacinas às coordenadorias regionais da SES.
A ampliação da vacinação para todas as idades visa aumentar a proteção da população contra a gripe, especialmente com a chegada do outono e inverno, períodos de maior circulação do vírus.
A vacina é segura e eficaz na prevenção das formas mais graves da doença e suas complicações. Portanto, procure a UBS mais próxima e garanta sua proteção e a de sua família.
Saúde
Governador entrega veículo para Coordenadoria da Saúde
Na sexta-feira, 14 de fevereiro, o governador Eduardo Leite entregou 50 veículos novos à Secretaria da Saúde (SES) em Porto Alegre
Os veículos, sendo 25 sedans e 25 caminhonetes 4×4, custaram cerca de R$ 8,1 milhões, com recursos do Estado e do governo federal. Destinados às 18 coordenadorias regionais da SES e ao nível central, os carros visam melhorar a prestação de serviços de saúde.
A cerimônia contou com autoridades, como o próprio Governador Eduardo Leite, o deputado Frederico Antunes e a Secretária da Saúde, Arita Bergmann.
Entre os beneficiados estava a 10ª Coordenadoria de Saúde, representada por Haracelli Fontoura.
-
Cidade5 anos atrás
Cavalarianos desfilam pelas ruas do Alegrete em homenagem ao 20 de Setembro
-
Polícia5 anos atrás
Racismo em Alegrete. Idosa é gravada xingando com injúria racial
-
Manchete4 anos atrás
Jovem médica alegretense morre em acidente na 290
-
Polícia1 ano atrás
Acidente fatal faz vítima fatal mulher jovem de 28 anos
-
Esportes3 anos atrás
Pauleira em baile viraliza nas redes sociais
-
Polícia2 anos atrás
Advogada é surpreendida por depoimento de Emerson Leonardi
-
Cidade5 anos atrás
Folia e diversão no enterro dos ossos da descida dos blocos 2020
-
Polícia5 anos atrás
Atualizado. Carro com placas de Alegrete é esmagado por Scânia em Eldorado