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Pegar covid para ‘se livrar’ é péssima ideia, alerta Natália Pasternak


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BBC News Brasil

Pegar covid de propósito para 'se livrar' é péssima ideia, alerta Natália Pasternak
André Biernath – @andre_biernath – Da BBC News Brasil em São Paulo

Pegar covid de propósito para ‘se livrar’ é péssima ideia, alerta Natália Pasternak

André Biernath – @andre_biernath – Da BBC News Brasil em São Paulo

As informações preliminares de que a variante ômicron causaria uma covid mais leve e com menor risco de complicações serviram para dar forças a argumentos do tipo: “melhor se infectar logo, ou de propósito, para se livrar da doença e seguir a vida com menos restrições”.

Na visão da microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência, a ideia é “péssima”, está baseada em “falsas premissas” e pode colocar em risco a saúde individual e coletiva.

A especialista não está sozinha nessa avaliação. Nenhuma entidade de saúde nacional ou internacional recomenda essa prática — a vacinação continua sendo a forma mais segura e efetiva de obter uma imunidade contra o coronavírus, especialmente contra as formas mais graves da infecção, que levam à hospitalização e morte.

O médico Drauzio Varella também abordou o assunto e fez um alerta parecido numa coluna da revista Carta Capital intitulada “Fuja da ômicron”.

“Alguns se perguntam se não seria melhor pegarmos de uma vez essa variante menos agressiva. Não é melhor, não”, escreveu.

Já no Twitter, o cofundador da Microsoft Bill Gates e a especialista em saúde pública Devi Sridhar, da Universidade de Edimburgo, na Escócia, promoveram um debate e alertaram para o desafio que a onda de ômicron pode significar para vários países — mais um fator que pesa contra uma tentativa de “infecção proposital”.

“Enquanto os países atravessam a atual onda de ômicron, os sistemas de saúde serão desafiados. A maioria dos casos severos serão em pessoas não vacinadas”, escreveu Gates.

Ambos concordaram que, quando a onda da ômicron terminar, pode até ser que a covid-19 fique mais parecida com a gripe sazonal, mas ainda não chegamos nesse estágio.

Confira a seguir os argumentos contrários à ideia de pegar a ômicron por vontade própria.

1. Essa não é uma ideia nova — e não funcionou no passado

Pasternak lembra que, há algumas décadas, quando não existiam vacinas, os pais costumavam promover as chamadas “festas” do sarampo, da catapora ou da rubéola.

Em resumo, a ideia era que uma criança infectada transmitisse o vírus para as demais. Como essas doenças costumam ser mais leves na infância, a prática poderia criar, em tese, uma imunidade e evitar problemas maiores na adolescência ou na vida adulta.

“Essas festas eram extremamente arriscadas, porque não dá pra saber qual criança que pegar sarampo e vau ter um quadro mais leve ou morrer”, explica.

“Mortes por sarampo nos primeiros anos de vida são raras, mas também acontecem”, aponta.

E esse mesmo raciocínio pode se aplicar à covid, como você confere no próximo tópico.

2. A covid não é sempre mais branda

A microbiologista entende que os indícios de que a ômicron causa uma infecção mais leve ainda são muito iniciais.

“Esses estudos foram feitos em animais e não podemos transpor essas informações para seres humanos”, diz.

“O que vemos na prática até agora é que, numa população de pessoas vacinadas, a ômicron causa uma doença menos grave. Já em não vacinados, a variante está internando e matando”, diferencia.

Ilustração de uma seringa com representações do coronavírus no fundo

Getty Images
Mesmo com ômicron, vacinas seguem contra principal barreira para conter as formas graves de covid

Ou seja, mesmo que passemos a observar menos hospitalizações, pelo avanço da vacinação e pelo espalhamento da ômicron, a covid ainda está bem longe de ser comparada a um resfriado simples.

3. Mesmo quadros amenos podem causar transtornos

Pra começar, mesmo a infecção aguda leve, que se arrasta por dias, tem consequências imediatas na vida das pessoas, como o afastamento do trabalho pelo período de recuperação.

Mas há efeitos de médio e longo prazo que também precisam ser colocados na balança.

Pasternak usa a própria experiência para mostrar como os efeitos dessa doença são complicados.

“Eu peguei covid há um mês, muito provavelmente foi pela variante ômicron. E até hoje não recuperei meu olfato”, relata.

“É óbvio que ficar sem sentir cheiros é bem melhor do que ser internada e intubada, mas eu preferiria que isso não tivesse acontecido”, complementa.

A microbiologista lembra que muitos pacientes apresentam queixas por tempo prolongado após a infecção.

“Tem gente que fica com dor nas articulações ou na cabeça por meses. São sequelas desagradáveis, mesmo que não causem hospitalização”, conta.

Natalia Pasternak sorri para foto

Divulgação
A microbiologista Natália Pasternak avalia que mesmo sintomas menores podem ser incômodos no dia a dia

4. Ninguém sabe o que vai acontecer com o passar dos anos

Os efeitos de longo prazo da covid-19, aliás, ainda são um grande mistério para a ciência.

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Os trabalhos publicados até agora calculam que entre 10 e 30% dos acometidos pela doença sentem incômodos que perduram por vários meses.

E ninguém sabe como isso pode repercutir na saúde daqui há anos, ou décadas.

Para ilustrar essa incerteza e os riscos para o futuro, Pasternak cita outra enfermidade causada por um vírus: a catapora.

“Ela sempre foi vista como uma doença benigna. Afinal, todo mundo tinha catapora”, se recorda.

“Hoje sabemos que esse vírus fica no corpo mesmo após a infecção e pode ser ativado depois de vários anos. Quando isso acontece, a pessoa tem herpes-zóster, um quadro que causa muita dor e sofrimento”, descreve.

Será que o coronavírus responsável pela pandemia atual pode ter algum efeito de longo prazo? Não se sabe.

Na dúvida, portanto, melhor não se expor ao risco de forma proposital, orienta a microbiologista.

5. Você pode transmitir para pessoas vulneráveis

A covid chega a demorar dias para dar os primeiros sintomas — e alguns infectados sequer sentem algum incômodo.

Mesmo assim, esses indivíduos têm a capacidade de transmitir o vírus adiante se não tomarem alguns cuidados, como fazer isolamento, manter distanciamento físico e usar máscaras de qualidade, como a PFF2.

Ou seja: se você está vacinado, é mais jovem e não tem nenhuma comorbidade, o risco de complicações da covid é até mais baixo, mas nada impede de você passar a doença para alguém que vai desenvolver problemas mais sérios.

Homem de perfil espirra

Getty Images
Indivíduos sem sintomas, ou com incômodos muito leves, também transmitem o coronavírus para contatos próximos

“Existe uma parcela da população que é mais vulnerável, como os idosos e as pessoas não vacinadas”, exemplifica Pasternak.

A especialista também destaca o cuidado com as crianças, uma das faixas etárias que, segundo alguns registros internacionais, estão sendo internadas com mais frequência agora nessa nova onda.

A vacinação para quem tem entre 5 a 11 anos começou em janeiro no Brasil. Para aqueles que são ainda mais jovens, não existem imunizantes aprovados no país por enquanto.

“São grupos que não têm a mesma proteção e que podem desenvolver quadros sérios”, informa.

6. Você pode sobrecarregar o sistema de saúde

O avanço da variante ômicron está por trás de recordes de novos casos de covid-19 registrados nesses últimos tempos.

Para ter ideia, na segunda semana de janeiro, o mundo superou a marca de 18 milhões de infectados — o número mais alto registrado anteriormente havia sido o de 5 milhões de pacientes, num período de sete dias no mês de abril de 2021.

No Brasil, após um segundo semestre de 2021 marcado por quedas nas estatísticas da covid, os números de casos voltaram a crescer e já se aproximam aos dos piores momentos da pandemia.

Na prática, isso representa um desafio enorme: mais gente com covid é sinônimo de aumento na demanda para todo o sistema de saúde.

“Ao pegar covid de propósito, você pode contribuir para sobrecarregar ainda mais esse sistema”, adverte Pasternak.

“Mesmo uma doença mais leve significa aumento na procura por testagem, pronto-socorros, ambulatórios, leitos de atendimento e necessidade de profissionais de saúde”, lista.

Criança sendo vacinada

Getty Images
As crianças, que acabaram de ser incluídas na campanha de vacinação, são um dos grupos vulneráveis na atual onda provocada pela variante ômicron

7. Não há certeza de imunidade duradoura

Por fim, a microbiologista alerta: não existe nada que garanta que a imunidade contra a covid dure por toda a vida.

Inclusive, o próprio espalhamento da ômicron mostra que é possível ter a doença mais de uma vez: a taxa de reinfecção em locais como África do Sul e Reino Unido nunca foi tão alta como agora.

“Quem é que disse que, ao pegar covid de propósito, você vai se livrar dela para sempre? A gente não tem como garantir isso”, explica.

“Pode ser que você pegue a ômicron agora e se infecte com outra variante que consegue escapar da imunidade prévia no futuro”, completa a microbiologista.

Por isso, é importante que todo mundo continue se cuidado e evite ao máximo a covid-19.

De acordo com as principais autoridades em saúde do mundo, as melhores maneiras de prevenir a doença e suas formas mais graves são tomar as duas ou as três doses de vacina, usar máscaras de boa qualidade (como a PFF2), manter um distanciamento físico de pessoas que não fazem parte do seu convívio diário, evitar aglomerações, procurar marcar encontros e reuniões em locais abertos e cuidar da circulação de ar nos lugares fechados.


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Fonte: IG SAÚDE

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Saúde

O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus

 Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas

Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.

Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.

A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.

As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.

Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.

“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.

O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.

Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.

A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.

Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.

 

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Saúde

Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo

Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana

Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.

 

Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.

A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.

As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.

O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.

Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.

Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação. 

 

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Saúde

Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-

Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações

O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.

 

 

A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.

Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.

A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).

Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.

Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.

 

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