Saúde
Vacinação contra covid: argumentos contra e a favor da obrigatoriedade
Thom Poole – BBC News
Quase dois anos depois que médicos chineses observaram pela primeira vez misteriosos novos casos de pneumonia, a covid-19 continua entre nós. Além disso, surgiu aquilo que foi descrito como a mais preocupante variante do coronavírus que causa da doença. Diante desse quadro, será que a obrigação para que todos tomem a vacina contra a covid é uma solução para acabar com a pandemia?
A vacina contra a covid já é uma exigência para participação na vida pública em várias partes do mundo. Se você for um médico francês, um professor neozelandês ou um funcionário do governo do Canadá, tomar a vacina é exigência para que você possa ir ao trabalho. A Indonésia pode negar benefícios sociais àqueles que se recusam a se vacinar. A Grécia está tornando a vacina obrigatória para todos a partir dos 60 anos de idade.
A Áustria pode ir ainda mais além, com um plano para tornar a vacina contra covid obrigatória para todos em fevereiro de 2022. Isso significará que austríacos receberão injeções de maneira forçada. Haverá exceções de cunho médico e religioso, mas a maior parte da população que permanece sem receber a vacina poderá ser multada por não aceitá-la.
Com a Alemanha planejando uma medida semelhante, esse debate não irá embora tão cedo. Eu conversei com especialistas de saúde pública e outras áreas para obter uma ideia do que está em jogo.
A FAVOR: a vacina salva vidas
Há um argumento bastante simples a favor da obrigação da vacina contra covid-19. Ao receber a vacina, você reduz seu risco de desenvolver a doença num nível grave. Menos casos graves de covid significam menos mortes e menos pressão sobre os hospitais.
Historicamente, campanhas de imunização tiveram enorme sucesso, eliminando doenças como varíola ou reduzindo drasticamente os níveis de mortalidade de outras.
“Temos exemplos realmente muito bons que mostram uma relação de causa e efeito entre exigências, obter altas taxas de vacinação e a proteção não apenas de indivíduos, mas também de comunidades”, diz Jason Schwartz, professor-associado de história da medicina na Universidade Yale.
“As vacinas funcionam, elas absolutamente funcionam, nós temos muitas evidências para mostrar isso.”
Medidas mais leves que a proposta pela Áustria atingiram seu objetivo de elevar os níveis de vacinação. O chamado “passe sanitário” da França, exigido para ter acesso a restaurantes e outros espaços públicos, é apontado como responsável por ter aumentado a taxa de adoção da vacina, ao ponto de o governo francês esperar que possa evitar a adotação de vacinação compulsória.
CONTRA: Haverá resistência
Em Londres, em julho, manifestantes contra medidas de confinamento foram às ruas para protestar contra um “lockdown” que havia sido suspenso horas antes. A questão é: não importa o que o governo faça, haverá oposição. Restrições devido à covid, em particular, provocaram protestos mundo afora, e vacinação obrigatória é um passo além de, digamos, a exigência do uso de máscara.
“Quando se trata de vacina, as pessoas realmente pensam de forma bem diferente”, diz Vageesh Jain, doutor em saúde pública no Instituto pela Saúde Global da Universidade College London. “Qualquer coisa que seja administrada neles, em seu corpo, não será pensada da mesma maneira, embora acadêmicos e outros possam pensar teoricamente que seja apenas uma restrição. As pessoas realmente têm esse tipo de resposta emocional.”
“Enquanto sempre haverá alguns que nunca serão convencidos a se vacinar, é possível ser cético em relação a vacinas sem ser um completo “anti-vaxxer” – ou seja, radicalmente contra as vacinas.
Um estudo austríaco estabeleceu uma diferença entre os 14,5% da população do país, de 9 milhões de pessoas, que não estavam preparados para ser vacinados e os 9% que estavam simplesmente reticentes.
Governos precisam considerar se os benefícios da vacinação superam o lado negativo de uma reação à medida. Mas, como Cathleen Powell, professora de direito da Universidade de Cape Town, na África do Sul, argumenta, existe um argumento legal a ser defendido.
“O direito à integridade do corpo como uma pessoa que não quer ser vacinada, que quer fazer suas próprias escolhas sobre qual tratamento médico receber, aparece diretamente contra os direitos de outras pessoas de não serem infectados por doenças potencialmente fatais”, diz ela.
A FAVOR: Nós esgotamos nossas opções…
A covid já está no meio de nós faz um tempo, assim como as vacinas. Pelo menos na Europa, o momento em favor da vacinação obrigatória reflete uma frustração de que, depois de meses de vacinações e disponibilidade ampla, ainda continua a haver um número significativo de pessoas não vacinadas. Há uma diferença gritante entre as taxas de vacinação no continente, do oeste ao leste.
Leia Também
A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que chegou o momento de considerar a vacinação obrigatória, embora ela tenha destacado que a decisão seria dos governos nacionais.
“Temos as vacinas, as vacinas que salvam vidas, mas elas não estão sendo usadas adequadamente em todos os lugares”, afirmou.
CONTRA: …ou talvez ainda não todas
Apesar de existir um forte argumento a favor da vacinação obrigatória, ela não é a única maneira de aumentar os níveis de adoção da vacina.
“O que se percebe bastante no passado é como políticos gostam da ideia da vacinação obrigatória, porque ela parece oferecer uma resposta rápida ao problema”, afirma Samantha Vanderslott, pesquisadora de ciências sociais do Oxford Vaccine Group.
“Eu não gostaria que o governo negligenciasse outras coisas que precisam ser feitas para garantir que as pessoas realmente tenha acesso às vacinas.”
A Áustria não tornará a vacinação obrigatória antes de fevereiro e continua usando outros meios de persuadir as pessoas. “Para aqueles que têm medo, que não têm confiança, para aqueles que avaliam que o risco para eles é baixo – para esses é importante que eles sejam ouvidos e que suas preocupações sejam consideradas seriamente”, disse à rede de TV e rádio ORF, da Áustria, a psicóloga de saúde Barbara Juen, da Universidade de Innsbruck.
Na África do Sul, 24% da população foi vacinada, menos da metade da média europeia, mas consideravelmente mais alta que a média de 7% registrada no continente africano. Não há falta de vacinas, e a baixa adoção tem sido atribuída em parte à falta de informação.
O governo sul-africano considerou tornar as vacinas obrigatórias em algumas situações, mas o número de vacinas administradas aumentou rapidamente desde a descoberta da variante ômicron. Não são apenas os governos que podem acabar dando um empurrãozinho.
A FAVOR: Fim do ciclo de confinamentos
A vacinação compulsória não é o único tipo de imposição das autoridades. A maioria dos governo ao redor do mundo já impuseram alguma forma de restrição, de passes de covid e proibição de viagens, que trazem seus próprios custos. Além das vidas que salvaria, uma obrigação generalizada de vacinação poderia significar o fim dos confinamentos – os chamados “lockdowns”.
“Não é apenas uma questão de ter sua liberdade alterada… É uma questão de dano econômico, de dano à saúde mental, de dano físico”, diz Alberto Giubilini, pesquisador do Centro Uehiro de Ética Prática de Oxford. Ele defende a obrigação para aqueles mais vulneráveis ao coronavírus.
“Não há por que impor os enormes custos dos lockdowns sobre as pessoas quando você tem uma outra medida disponível.”
CONTRA: Poderia ser contraproducente
Algumas pessoas têm preocupações mais de longo prazo. Entre elas, se um programa de vacinação obrigatória, mesmo bem-sucedido, poderia gerar desconfiança em relação a futuras campanhas.
“Esquemas compulsórios durante uma crise são contraproducentes”, disse à rede Aljazeera Dicky Budiman, epidemiologista que assessora a Organização Mundial da Saúde sobre recuperação da pandemia.
“Quando as pessoas têm o que chamamos de teorias da conspiração ou têm crenças equivocadas ou mal-entendidos, [esses esquemas de vacinação obrigatória] apenas reforçarão suas crenças.”
Vanderslott aponta para o clima político atual. “Nós já testemunhamos, especialmente na Europa, partidos entrando na oposição à vacina sabendo que isso pode ser uma forma de obter votos de uma certa parcela da população”, afirma ela.
“Nós poderíamos ver mais partidos – que tendem a ser de direita – divulgando esse tipo de mensagem em suas campanhas políticas e dizendo que eles querem remover as medidas de vacinação obrigatória. Isso é um perigo, e quando isso acontece, nós não temos mais a opção de usá-la como uma medida de política pública.”
Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal .
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube ? Inscreva-se no nosso canal!
Saúde
O perigo que vem da China. Infectologistas recomendam precaução contra Metapneumovírus
Sem vacina para HMPV, medidas como uso de máscaras e higiene são essenciais, dizem especialistas
Um surto de Metapneumovírus Humano (HMPV) foi identificado na China, levantando preocupações devido ao aumento de casos em algumas regiões do país.
Este vírus, responsável por sintomas como febre, tosse e congestão nasal, foi reportado nesta 3ª feira (08 de jan. de 2025). Apesar das preocupações, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia descartam a possibilidade de uma nova pandemia no momento.
A OMS comunicou que mantém contato constante com as autoridades chinesas, que têm tranquilizado tanto a população quanto a comunidade internacional.
As informações indicam que a intensidade e a escala da doença são inferiores às de anos anteriores. O governo de Pequim adotou um novo protocolo de monitoramento para gerenciar a situação.
Segundo a infectologista Emy Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein, a circulação do HMPV é comum, especialmente durante o inverno no hemisfério norte. Ela destacou a ausência de vacinas contra o HMPV e recomendou medidas preventivas como distanciamento social, uso de máscaras e higiene das mãos.
“Não existe um antiviral específico, e o tratamento para o paciente em casa consiste em medicamentos sintomáticos, repouso e hidratação,” afirmou Gouveia.
O HMPV foi identificado pela primeira vez em 2001 na Holanda, embora já circulasse antes dessa data. No Brasil, o vírus foi detectado em crianças menores de três anos em Sergipe, em 2004.
Gouveia observou que as mutações do HMPV são mais estáveis e raras em comparação com a Covid-19, o que facilita a gestão da doença.
A transmissão do HMPV ocorre por vias aéreas e contato com secreções contaminadas. O período de incubação varia de cinco a nove dias. Estudos indicam que a maioria das crianças até cinco anos já teve contato com o vírus.
Gouveia também alertou sobre o risco do HMPV em agravar doenças pulmonares pré-existentes, especialmente em crianças, devido à inflamação prolongada e hiperprodução de secreção.
Saúde
Saquinhos de chá liberam milhões de microplásticos, alerta estudo
Pesquisa internacional mostra contaminação por plásticos em chás e possíveis impactos na saúde humana
Pesquisadores do projeto PlasticHeal, em colaboração com a Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) e o Centro Helmholtz de Investigação Ambiental de Leipzig, Alemanha, descobriram que bolsitas de chá comerciais liberam milhões de microplásticos e nanoplásticos (MNPL) nas infusões.
Este estudo, divulgado em 03.jan.2025, revela que essas partículas podem penetrar nas células intestinais humanas e potencialmente alcançar a corrente sanguínea, destacando a necessidade de abordar a contaminação por plásticos em produtos de consumo diário.
A pesquisa focou em bolsitas de chá feitas de polímeros como nailon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que o polipropileno foi o material que mais liberou partículas, com aproximadamente 1.200 milhões por mililitro de infusão.
As técnicas analíticas avançadas utilizadas incluíram microscopia eletrônica de barrido (SEM), microscopia eletrônica de transmissão (TEM), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), dispersão dinâmica de luz (DLS), velocimetria laser Doppler (LDV) e análise de seguimento de nanopartículas (NTA), afirmou Alba García, investigadora da UAB.
O estudo também observou a interação dessas partículas com células intestinais humanas, descobrindo que as células produtoras de muco absorvem uma quantidade significativa desses MNPL, que podem inclusive penetrar no núcleo celular.
Isso sugere um papel crucial do muco intestinal na absorção dessas partículas e ressalta a necessidade de investigar mais a fundo os efeitos da exposição crônica a MNPL na saúde humana.
Os pesquisadores enfatizam a importância de desenvolver métodos padronizados para avaliar a contaminação por MNPL em materiais plásticos em contato com alimentos e a necessidade de políticas regulatórias para mitigar essa contaminação.
Saúde
Alegrete convoca doadores para enfrentar escassez de sangue O-
Com estoque crítico, Hemocentro de Alegrete organiza coleta externa e estende horários para receber doações
O Hemocentro Regional de Alegrete enfrenta uma situação crítica em seu estoque de sangue, com especial urgência para o tipo O-. A instituição possui apenas uma unidade disponível e busca atender às crescentes demandas por transfusões.
A crise levou ao pedido de auxílio ao Hemocentro de Santa Maria, que foi solicitado a enviar mais bolsas de sangue. A situação foi divulgada nesta 4ª feira (26 de dezembro de 2024), com o objetivo de mobilizar a comunidade para doações urgentes.
Fernanda Soares, assistente social do Hemocentro, destacou a necessidade de doações. “Devido à alta demanda por sangue do tipo O- e outras tipagens, foi lançada uma campanha de urgência para mobilizar doadores a comparecerem ao hemocentro e realizarem suas doações,” afirmou.
A meta é alcançar dez unidades até o final da manhã de 6ª feira (27 de dezembro de 2024).
Para facilitar o acesso dos doadores, o Hemocentro de Alegrete manterá o atendimento normal nesta 5ª e 6ª feira. Uma coleta externa está programada para a próxima 2ª feira (30 de dezembro de 2024) na cidade de Itaqui. “Fazemos um apelo para que a população se dirija ao Hemocentro de Alegrete e contribua com as vidas que dependem dessas doações,” reforçou Soares.
Localizado na Rua General Sampaio, 10, bairro Canudos, o Hemocentro opera das 7h às 13h. A necessidade de sangue do tipo O- é urgente devido à sua capacidade de ser transfundido em pacientes de qualquer tipo sanguíneo, o que o torna vital em emergências.
-
Cidade4 anos atrás
Cavalarianos desfilam pelas ruas do Alegrete em homenagem ao 20 de Setembro
-
Polícia4 anos atrás
Racismo em Alegrete. Idosa é gravada xingando com injúria racial
-
Manchete4 anos atrás
Jovem médica alegretense morre em acidente na 290
-
Polícia8 meses atrás
Acidente fatal faz vítima fatal mulher jovem de 28 anos
-
Esportes3 anos atrás
Pauleira em baile viraliza nas redes sociais
-
Polícia2 anos atrás
Advogada é surpreendida por depoimento de Emerson Leonardi
-
Cidade5 anos atrás
Folia e diversão no enterro dos ossos da descida dos blocos 2020
-
Polícia4 anos atrás
Atualizado. Carro com placas de Alegrete é esmagado por Scânia em Eldorado