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Desabafo: “O dia seguinte foi o pior da minha vida: presa, sozinha, sem chão”


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Sandra Bullock em cena do filme
Reprodução/Instagram

Sandra Bullock em cena do filme “Imperdoável”, onde vive uma mulher que cometeu um crime, cumpriu a pena e agora volta a conviver em sociedade

Sandra Bullock  está de volta à Netflix, desta vez com o drama “Imperdoável”, onde ela vive Ruth, uma mulher que cumpriu 20 anos de prisão e agora volta a viver em sociedade. Assim como o título indica, nem todo mundo está disposto a perdoar pessoas que, em algum momento da vida, cometeram um crime. Com isso,  o debate acerca a reinserção social volta a pauta e ganha novos tons, especialmente por falar sobre uma perspectiva feminina.

Como o livro “Presos que menstruam”, de Nana Queiroz (Editora Record), mostra, mulheres sofrem mais com o sistema carcerário em todas as suas etapas e deixa marcas profundas na vida delas, incluindo a vida depois de cumprir sua pena. “Quando um homem é preso, comumente sua família continua em casa, aguardando seu regresso. Quando uma mulher é presa, ela perde o marido e a casa, os filhos são distribuídos entre familiares e abrigos. Enquanto o homem volta para um mundo que já o espera, ela sai e tem que reconstruir seu mundo.”

O iG Delas conversou, com exclusividade, com Natália Rodriges, 25 anos, presa em 2017 pela receptação de um notebook e três celulares. 

Voz de prisão

“Era um sábado lindo de sol, 08 de abril, um dia antes do meu aniversário de 21 anos. Fomos presos na Rua Guaianases, no centro de São Paulo. De primeiro momento não foi dada a voz de prisão, me vi dentro de um pesadelo. Jamais me imaginei naquela situação. Domingo, dia 09 de abril separaram nos dois e o meu desespero dobrou, eu estava com medo e sozinha. Fui transferida do DP (Departamento de Polícia) do Bom Retiro para o trânsito no mar murumbi e, de lá, para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Franco da Rocha.”

A prisão

“Fui muito bem recebida. Conheci histórias malucas, de pessoas que estavam ali por necessidade, outras por costume, o que me deixou chocada eram as senhoras, tinham muitas senhoras. Na segunda feira eu recebi um documento onde eu recebi direito de fiança, eu só pedia pra Deus me tirar daquele lugar. Foram quatro longos e intermináveis dias. A comida parecia estar estragada, as noites eram mais longas que os dias, dava medo de dormir e acordar como elas dizem “com a cadeia virando” e toda guarda invadir as celas em busca de droga ou telefone (até onde eu fiquei sabendo, Franco da Rocha não tem nenhum dos dois, a segurança é pesada).”

Choque de realidade

“Em diálogo com outras mulheres, descobri que o abandono em CDP feminino é enorme. Mulheres que foram presas e os maridos se separaram, mulheres que foram presas com o marido e não tinha alguém que pudesse dar suporte, mulheres que chegaram lá sem ninguém e estavam a mais de um ano lá, sozinhas, sem poder ver os filhos ou qualquer outro parente, mulheres que foram presas grávidas.”

“Tive a sorte de Deus me direcionar pra um raio onde não tinha mulheres de alta criminosidade. As celas não estavam super lotadas, tinha uma cama (ou jegue como costumam chamar) pra cada uma. Dentro só tinha a ducha gelada (quente era no pátio) e a partir das 17h não podia sair mais ninguém até as 7h da manhã do dia seguinte.”

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A saída

“Fiz amizade com uma mulher que foi meu porto seguro, dormiu do meu lado, secou minhas lágrimas por todos os dias que esteve comigo. Ela tinha sido recapturada e não ia sair tão cedo. Meu alvará de soltura cantou as 17h na quinta feira e ela me disse “Eu sonhei que você ia embora hoje, agora eu posso pedir meu bonde pra um lugar melhor”. Eu saí com a promessa de que mandaria algo pra ela, e nunca mais tive notícias. Entrei em contato no CDP e ela já não estava mais lá.”

“Acordei na quinta feira atormentada, só queria chorar e dormir, não aguentava mais olhar pro céu e não ter saída, aqueles murros imensos e guardas armados pra todos os lados. Eu dormi e acordei com uma mulher gritando meu nome, porque meu alvará tinha cantado. Eu nem lembro como foi minha ação porque eu só sentia o alívio de estar saindo daquele lugar. Jurei pra Deus que nunca mais me colocaria na posição de perder minha liberdade.”

“Na saída encontrei minha mãe sozinha e um peso de culpa enorme. Assinei durante dois anos como L.A. (liberdade assistida). Fui grávida, com a minha filha nos braços, mas cumpri a missão de não faltar durante as assinaturas.”

Reinserção social

“Para mim não foi difícil voltar ao mercado de trabalho, graças a Deus. Eu fiquei seis ou sete dias presa, não sei ao certo porque pareceu uma eternidade. Eu engravidei um ano depois do que aconteceu. Então eu fui grávida e com a minha filha nos braços, todos os meses, por um ano, ao fórum, para mostrar que eu não tinha sumido e estava cumprindo com as ordens da liberdade assistida. Não podia ficar na rua depois das 22 horas. Tinham algumas regrinhas.”

“Sinceramente, o egoísmo e a ganância me levaram pra minha ruína. Era meu aniversário e o dia seguinte foi o pior dia da minha vida. Presa, sozinha, sem chão. Eu tive sorte de ter pessoas que me amavam pra me ajudar. Hoje eu sou mãe de uma menina de 2 anos e meio, estou casada com o mesmo homem que foi preso comigo. Mudamos a direção, mudamos de vida. Saímos da loucura e focamos em trabalhar. Temos nossa casa, nosso carro, nossa moto que conquistamos com muito suor e trabalho.”

“Se passaram 5 anos do que aconteceu e eu nem sei como vou explicar tudo isso pra ela (filha) um dia. Espero, desejo e alerto a todas as pessoas que estão nessa vida, que é um labirinto sem saída. Não desejo que a mãe de ninguém passe pelo que a minha passou.”

Fonte: IG Mulher

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Cinema brasileiro brilha com Globo de Ouro para Fernanda Torres

A conquista por sua atuação em “Ainda Estou Aqui” eleva as expectativas para uma futura indicação ao Oscar

Na noite de 05.jan.2025, a atriz Fernanda Torres fez história no cinema brasileiro ao receber o Globo de Ouro de Melhor Atriz (Drama) por sua atuação em “Ainda Estou Aqui”.

A cerimônia, realizada em Los Angeles, destacou-se pela presença de estrelas internacionais e marcou a primeira vez que uma brasileira conquistou tal prêmio, elevando o nome de Fernanda Torres no cenário mundial do cinema. A premiação ocorreu nesta 2ª feira (06.jan.2025).

Torres competiu com atrizes de renome, como Pamela Anderson, Angelina Jolie, Nicole Kidman, Tilda Swinton e Kate Winslet. Sua vitória não só celebra seu talento excepcional, mas também ressalta a qualidade do cinema nacional no exterior.

“Ainda Estou Aqui”, sob direção de Walter Salles, é um longa biográfico que narra a vida de Eunice Paiva, mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva e viúva do ex-deputado federal Rubens Paiva.

O filme aborda a luta de Eunice durante a ditadura militar no Brasil, buscando manter sua família unida após o desaparecimento de seu marido. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o filme atraiu mais de 3 milhões de espectadores no Brasil e recebeu aclamação internacional.

Embora “Ainda Estou Aqui” não tenha vencido na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, superado por “Emilia Pérez”, a conquista de Fernanda Torres eleva as expectativas para uma indicação ao Oscar.

Este reconhecimento pode aumentar a visibilidade da atriz e do filme entre os votantes da Academia, potencialmente abrindo caminho para indicações em categorias como Filme Internacional e Melhor Roteiro Adaptado.

 

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Patroa assume o CTG Oswaldo Aranha em evento tradicionalista

Eva Ivone Pinto Neri é a nova patroa, prometendo reforçar tradições e valores locais com sua equipe

Com foco em tradições, a nova gestão apresenta líderes para invernadas cultural e artística, além de apoio social

Foi no domingo, a comunidade tradicionalista presenciou a posse da nova liderança do CTG Oswaldo Aranha. O evento, realizado na sede do grupo, teve a coordenação de Kellen Iung, da 4ª Região Tradicionalista. Eva Ivone Pinto Neri assumiu como a nova patroa, prometendo fortalecer as tradições e valores locais.

A nova equipe inclui José Bonassa e Erotinha Silveira como patrões de honra, e Ênio Pereira Aurélio e Marlon Dornelles Marchezan como os principais responsáveis pelas atividades do CTG, ocupando as posições de 1º e 2º capatazes, respectivamente.

O grupo também apresentou líderes para áreas como cultura, esportes, apoio social e atividades campeiras. Nívea Pinto Neri ficará à frente da Invernada Cultural, enquanto Daniela Marchezan comandará a Invernada Artística.

 

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Neste domingo, escritora alegretense será entrevistada na TV Cultura

Escritora Eliana Rigol aborda a história oculta das mulheres no Café Filosófico .Programa da TV Cultura vai ao ar no próximo domingo, dia 3, às 19h

A escritora gaúcha Eliana Rigol será a convidada do próximo Café Filosófico, que vai ao ar no domingo, dia 3, às 19h, na TV Cultura. No programa, ela irá abordar o tema da história oculta das mulheres, como parte da série “Novas mulheres, antigos papeis”, gravada em maio, no Instituto CPFL, em Campinas (SP), com curadoria da historiadora e roteirista Luna Lobão.

Para Eliana, que atualmente vive em Barcelona, na Espanha, foi uma honra ter sido convidada a subir no palco de um programa do qual sempre foi fã, mas onde, normalmente, só via homens sendo entrevistados. “Foi uma alegria genuína estar representando tantas e tantas mulheres no Brasil e no mundo que não tiveram momento para fala e escuta nesse mundo desenhado por homens e para homens”, conta.

Nascida em Alegrete, Eliana já morou em São Paulo, Toronto e Lisboa. Advogada de formação e escritora por vocação, ela atua com mentoria de mulheres (Jornada da Heroína) Ela é autora de quatro livros: Moscas no Labirinto (Pergamus, 2015), indicado ao Prêmio AGES, Afeto Revolution, finalista do Prêmio Jabuti, Herstory e Parir é sexual, os três últimos publicados pela editora Zouk, de Porto Alegre.

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