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Bombeiros Alertam, a suspenção de atendimento em dias alternados

 

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Uma combinação de esgotamento de horas extras, déficit de efetivo e deslocamento de servidores para atuar como salva-vidas provoca fechamento parcial ou total de quartéis do Corpo de Bombeiros no Estado. Em janeiro, uma em cada cinco unidades teve restrição no atendimento. Neste mês, o cenário se repete. Ao menos 23 dos 126 quartéis encerraram as atividades em algum turno ou intercalaram dias de serviço no mês passado. Divulgado pela Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs), o levantamento não é confirmado pelo comando da corporação, que se limita a afirmar que se trata de um dado “muito próximo”.

Os portões fechados se espalham em praticamente todas as regiões: de Alegrete a Carazinho, passando por Rio Grande e Porto Alegre. Diante da redução de quartéis em serviço, bombeiros de outras unidades acumulam atendimentos de urgência em cidades vizinhas e moradores temem demora excessiva no deslocamento.

— A defasagem de efetivo e a indisponibilidade de horas extras prejudicam diretamente a população, que necessita de um serviço que é emergencial e insubstituível. Ao fecharem, unidades que já estão sobrecarregadas deixam sem atendimento o seu município de origem e todo o entorno — reconhece o sargento Ubirajara Ramos, coordenador-geral da Abergs.

Subcomandante do Corpo de Bombeiros no Estado, o tenente-coronel Luís Marcelo Maya reconhece o quadro de carência, mas evita se referir a números de unidades afetadas alegando “motivos de segurança”. De acordo com o oficial, houve redução na disponibilidade de horas extras após o vencimento do Plano Estadual de Segurança Pública, em 31 de dezembro. Lançado em junho pelo governo, o programa incluía incremento de recursos para o pagamento de adicionais aos servidores.

— Como houve o final do plano e a virada do exercício financeiro, em janeiro e fevereiro ocorreu redução considerável na disponibilidade de horas extras para toda a Brigada Militar, inclusive o Corpo de Bombeiros, o que implicou fechamento de quartéis. Esperamos que esse quadro mude nos próximos meses — diz Maya.

As horas extras destinadas aos bombeiros são definidas e distribuídas pela Brigada Militar (BM), uma vez que o processo de desvinculação das instituições ainda não se efetivou. O comandante-geral da BM, coronel Andreis Silvio Dal’Lago, justifica o cenário:

— No início deste ano, a hora extra se manteve igual ao início de 2016, sem o incremento do plano. Vamos tentar buscar o acréscimo para igualar ao patamar do ano passado, mas, neste momento, estamos executando os serviços com o orçamento nos mesmos valores de 2015.

No governo, no entanto, as justificativas se contradizem. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) garante que não houve queda na verba para os adicionais nos primeiros meses deste ano e acrescentou que “cabe a cada instituição fazer a gestão desses recursos, de acordo com o seu planejamento, e pedir a suplementação, caso necessário”. O enunciado é confirmado pela Secretaria da Fazenda. De acordo com a pasta, o repasse se mantém na mesma média de R$ 4,9 milhões executada no segundo semestre de 2017.

No entanto, o governo admite que o orçamento não acompanha o mesmo ritmo do aumento salarial pago em parcelas aos servidores da segurança pública. O cálculo da hora extra se dá em cima do vencimento do servidor — ou seja, a gratificação está cada vez mais cara. O governo não divulga o número de horas extras repassadas a cada instituição.

Esses pagamentos serviriam para suprir o déficit superior a 2,6 mil bombeiros, que se agrava com as aposentadorias e o deslocamento de homens para a Operação Golfinho. Em 2016, um em cada 10 bombeiros foi para a reserva. Em 2017, 320 deixaram seus municípios de origem para o trabalho de salva-vidas nas praias gaúchas. Um alento deve vir da formação de novos bombeiros: uma turma de 46 servidores formada recentemente começa a trabalhar em breve e outros 260 aprovados em concurso serão incorporados em julho.

Em Carazinho, estação fica fechada em dias alternados e atendimento é feito por Passo Fundo, distante 40 quilômetrosFoto: Diogo Zanatta / Especial

Unidades sem equipes à noite ou durante dias intercalados

Mostras da restrição de atendimento se estendem em quartéis e obrigam comandantes a usar criatividade para evitar o desamparo da população. Há quem decida pelo encerramento das atividades em uma unidade durante um mês inteiro, enquanto outros escolhem abertura em dias alternados ou funcionamento em meio turno.

Nesses casos, um servidor permanece no quartel para repassar as ocorrências aos colegas de prontidão mais próximos, que estão previamente avisados da possibilidade. O Corpo de Bombeiros garante que a população não está desassistida, mas a situação provoca receio e controvérsia em comunidades.

Uma delas ocorreu recentemente em Rio Grande, município que concentra a 10ª maior população do Estado, onde dois dos três quartéis estão fechados em sistema de revezamento. Na noite de 31 de janeiro, um incêndio em uma casa localizada em uma invasão no Cassino matou um homem. O quartel do balneário estava fora de operação. Foi o suficiente para que se especulasse sobre a morte ser consequência da demora no atendimento.

O comandante do Corpo de Bombeiros na região, tenente-coronel André Ricardo Silvério, diz que se tratava de um local de difícil acesso e esclarece que, quando o efetivo foi acionado, a vítima já havia morrido. Mesmo assim, admite que o socorro teve de percorrer um trajeto 15 quilômetros mais longo em razão da impossibilidade de manter uma equipe no Cassino.

— É lógico que aumenta o tempo de resposta — resume o oficial.

Na Região Sul, 70% das 1,1 mil horas extras solicitadas, número que garantiria a abertura de todos os quartéis, foram repassadas pelo comando da Brigada Militar. Assim, os bombeiros têm se preocupado em visitar residências para orientar a população sobre situações de risco e evitar incêndios.

Em Gramado, foi preciso encerrar as atividades no quartel às 20h em dois dias neste mês, até que houve o complemento de pagamento dos adicionais. Nessas noites, uma urgência na cidade teria de ser socorrida pelo grupo de Canela, município vizinho distante sete quilômetros do centro da cidade. Foi o primeiro fechamento em 29 anos, mas o suficiente para despertar o medo e motivar uma reunião entre prefeitura, vereadores, comerciantes e hoteleiros.

— Não podemos ficar desguarnecidos. Se queima a minha casa? Os bombeiros de Canela vão suprir a demanda, mas o quartel de Gramado fica ao lado da minha casa — alerta Rudimar Freitag, secretário-executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas de Gramado.

A cidade busca encontrar alternativas para manter o quartel aberto. No norte do Estado, a estação de Carazinho fechou nesta quarta-feira e o mesmo ocorrerá em mais quatro dias deste mês. Urgências serão atendidas por Passo Fundo, distante 40 quilômetros.

Entre as unidades fora de operação mais recentes no Estado, também aparece o quartel do bairro Teresópolis, em Porto Alegre, desativado desde o início do mês. Outro exemplo está em Alegrete: com a unidade fechada nesta quarta-feira, o soldado de plantão tinha a determinação de acionar colegas de folga caso acontecesse uma emergência — isso porque o quartel mais próximo fica em Rosário do Sul, a cem quilômetros de distância.

Guarnição de Cassino tem atendimento somente em dias intercalados com outra unidade de Rio GrandeFoto: Lucia Maciel / Especial

Desmembramento da Brigada Militar à espera de votação na Assembleia

Em meio às dificuldades de manter quartéis em funcionamento, a instituição anseia pelo avanço do processo de desvinculação da Brigada Militar (BM), que se arrasta há mais de dois anos. O quadro generalizado de dificuldades evidenciaria, na visão da Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs), a urgência de concluir a independência entre as corporações.

Isso porque uma das consequências do desligamento seria a autonomia na administração de recursos, hoje subordinada à BM. Fosse independente, o Corpo de Bombeiros não dependeria da instituição policial para o gerenciamento de suas horas extras.

Em dezembro, o governo do Estado encaminhou para a Assembleia os dois últimos projetos de lei que restam para encerrar o processo — um estrutura o desmembramento administrativo e orçamentário da corporação e outro estabelece o efetivo necessário. Na semana passada, em reunião de líderes, deputados sinalizaram que os projetos devem ir à votação em março.

Depois, as propostas seguem para a sanção do governador José Ivo Sartori, e uma comissão transitória terá 180 dias para finalizar o processo de reestruturação. A partir daí, o Corpo de Bombeiros passará a ficar vinculado apenas à Secretaria da Segurança Pública.

Reivindicação antiga da instituição, o desligamento da BM foi aprovado pela Assembleia em junho de 2014. Uma emenda constitucional definiu o prazo de dois anos para que o Estado enviasse ao Legislativo três projetos de lei que estruturariam a corporação — em julho deste ano, foi aprovado o primeiro deles, a Lei de Organização Básica.

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Júri do “Caso Priscila” ainda em andamento

 Iniciou nesta sexta-feira, dia 26 de abril, no Foro de Alegrete, o julgamento de quatro acusados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) por extorsão e morte da enfermeira Priscila Ferreira Leonardi, de 40 anos. Ela desapareceu dia 19 de junho de 2023, após vir da Irlanda para o Brasil. O corpo foi encontrado às margens do Rio Ibirapuitã no dia 6 de julho.

Os réus foram denunciados pela promotora de Justiça Rochelle Jelinek, no final de novembro do ano passado, após realizar a negociação da primeira delação premiada da história do município da Fronteira Oeste. Eles respondem por extorsão qualificada com restrição da liberdade da vítima e resultado morte, além de ocultação de cadáver.

O julgamento iniciou nesta sexta-feira com a audiência de instrução para ouvir as testemunhas. Após o término da audiência, o juiz Rafael Echevarria Borba, titular da Vara Criminal da Comarca de Alegrete, deve proferir a sentença. No entanto, a audiência pode se estender até outro dia devido ao grande número de pessoas que prestam depoimentos.

 DENÚNCIA

O MPRS havia denunciado nove suspeitos após três meses de apuração envolvendo oitiva de testemunhas e dezenas de medidas cautelares como quebras de sigilo bancário, fiscal, interceptações telefônicas, mandados de busca e apreensão de celulares, extração de dados telemáticos de mensagens. O juiz da comarca entendeu que não havia provas suficientes em relação aos outros cinco suspeitos. Assim como, pelos mesmos motivos, não recebeu a acusação em relação à associação criminosa de todos os nove investigados.

A promotora Rochelle Jelinek recorreu deste afastamento do delito de associação criminosa para todos e também da decisão do magistrado de indeferir a acusação contra os demais cinco envolvidos. O julgamento do recurso ainda é aguardado, portanto, o processo segue em relação a quatro acusados. Dos quatro acusados que estão respondendo ao processo, o primo da vítima é apontado como o mandante do crime e os outros três são apontados como integrantes de uma facção que teriam executado o sequestro e morte.

 JULGAMENTO

De acordo com a promotora Rochelle, é importante deixar claro que os réus — no caso da enfermeira morta em Alegrete — não serão julgados pelo Tribunal do Júri. No entendimento do MPRS, o objetivo do crime era extorquir a vítima, que acabou morrendo durante o sequestro em decorrência de agressões sofridas, o que elimina um caso de homicídio propriamente dito (quando a intenção principal é de matar).

“É o que a gente entende por adequação ou enquadramento da conduta criminosa à lei. No crime de homicídio, o investigado tem a intenção principal de matar a vítima. Neste caso da Priscila, porém, o objetivo principal do grupo era extorqui-la, mas, algo deu errado durante o sequestro e ela acabou morta. Não foi possível identificar o motivo, ou seja, se foi um acidente, se algo deu errado no plano, se ela tentou fugir e então a mataram, ou, até mesmo, se algum deles decidiu, durante o sequestro, assassiná-la. Mas sabemos que queriam transferir o dinheiro das contas da enfermeira durante o sequestro. Este foi o objetivo desde o começo e por isso respondem por extorsão com resultado morte”, ressalta Rochelle.

A promotora ainda destaca que a pena da extorsão com resultado morte, de 24 a 30 anos de prisão, é maior que a de homicídio doloso qualificado, de 12 a 30 anos de reclusão. Rochelle Jelinek diz que a lei considera mais forte, mais repugnante, o crime de extorsão com resultado morte, porque o interesse é financeiro. Segundo ela, a pena é maior porque é ainda mais grave que o homicídio. Dessa forma, os quatro réus serão julgados pelo juiz e não pelo Tribunal do Júri, que é reservado apenas para casos de crimes contra a vida (homicídio consumado ou tentado).

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Santa Casa disponibiliza cirurgia de catarata pelo SUS

Com ênfase na prevenção e na manutenção da saúde ocular, a Santa Casa está ofertando para a população da região cirurgias de catarata. Os atendimentos estão disponibilizados para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), no Ambulatório de Especialidades da Santa Casa.

Em 2023, foram realizadas 316 cirurgias. A ideia da diretoria, é que no decorrer deste ano esse número atinja a marca de 400 cirurgias de catarata.

Para ter acesso ao serviço, que é uma parceria com as secretarias Estadual e Municipal da Saúde, o paciente deve passar por uma avaliação médica para analisar se é necessário, ou não, a realização do procedimento.

Na Secretaria Municipal de Saúde são feitos os trâmites necessários ao procedimento e a Santa Casa executa a cirurgia de catarata, realizada pelo médico oftalmologista Gustavo da Rosa.

Para pacientes do CariSaúde, o atendimento também está disponível, com ações pré e pós cirúrgicos, com agendamento feito diretamente na Santa Casa.

O que é a cirurgia de catarata?

A cirurgia de catarata ou facectomia é a remoção do cristalino do olho, uma lente natural, que com o passar dos anos e devido às variações metabólicas das fibras do cristalino, perde a transparência, ficando opaca, amarelada. Isso é o que é chamado de catarata.

A perda de transparência do cristalino causa diminuição da acuidade visual. Durante a cirurgia a lente natural é removida e substituída por uma lente sintética e transparente.

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PRF participa de evento em comemoração ao dia mundial de conscientização do autismo

O evento foi organizado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) e ocorreu em Alegrete_

Na manhã de hoje (02), juntamente com a APAE e Guarda Municipal, a Polícia Rodoviária Federal marcou presença no evento “Caminhada Azul” que ocorreu na Praça Getúlio Vargas no centro da cidade de Alegrete. Mais de 150 pessoas estiveram presentes, incluindo crianças, jovens e adultos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de familiares, alunos e professores da APAE

 

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De acordo com a presidente da APAE em Alegrete, a instituição atualmente conta com 426 alunos. A realização de eventos como este tem como objetivo principal aumentar a conscientização e promover a inclusão, buscando também maior apoio e respeito por parte da sociedade.

 

Hoje, em todo o Brasil, a PRF está engajada em atividades educativas sobre o tema, em colaboração com outros órgãos de segurança viária, com o intuito de ampliar o alcance das iniciativas de conscientização sobre o autismo, enquanto cumpre sua função e atribuição constitucional.

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