Depois de tornar-se campeão de tudo, o torcedor colorado é submetido a tornar-se sofredor de tudo. Uma sucessão inusitada de dirigentes ligados ao futebol, uma troca sem precedentes de treinadores, equívocos sem fim nas contratações e, para coroar os absurdos, a patética fragmentação de ilustres biografias instalaram o caos.
2016, independentemente do desfecho definitivo após Inter x Fluminense, no encerramento do Brasileirão, vai para a história como ano de expiação de pecados. Passados, atuais e futuros. Nem o mais ferrenho opositor de Vitorio Piffero ou o pessimista mais depressivo poderia antever o circo de horrores patrocinados pela Swat de bombachas.
Arrogância, prepotência, autossuficiência e busca de soluções mágicas macularam a trajetória de uma seleta galeria de até então grandes cartolas do Inter. A revolta, visível mediante injustificáveis atos de vandalismo depois do jogo contra a Ponte Preta, invade todos os colorados.
A derrota para o Vitória-BA, no dia 15 de setembro, me deu a certeza da derrota. Assisti ao jogo numa churrascaria para comemorar o aniversário do meu filho. Terminado o jogo, os familiares perguntaram: o que achas?
— Vamos cair. Não tenho nenhuma dúvida! — respondi, para incredulidade geral.
A ironia daquele placar adverso de 1 a 0 me pareceu o prenúncio doloroso do que viria. Foi mais um castigo injusto para a torcida que foi ao Beira-Rio em peso naquela noite. Era a estreia do treinador Argel no time baiano, inimigo da vaga remanescente na Série A.
Assim que o fantasma da Segundona invadiu a alma, a torcida correspondeu. O Beira-Rio lotou, rugiu, sacudiu. O torcedor gritou, empurrou, vaiou os adversários, indiferente ao frio, chuva e calor intenso. Mas tudo tem limite. E os reiterados fracassos nos “mata-mata semanais” levou à explosão de raiva e cenas de depredação.
Planejamento e humildade são segredos de sucesso desde o invento do futebol, predicados que o Clube do Povo extraviou em algum escaninho. Lisca não tem culpa, mas sua contratação envergonha os colorados. É uma caricatura na comparação com Ênio Andrade, Minelli e Abel. Rezar? Não, é hora de organizar o calendário 2017 que terá jogos aos sábados, terças e sextas-feiras. Piffero, nem em seus piores pesadelos, sonhou figurar na história como protagonista de uma façanha colorada sem precedentes.
Fonte : ZH