No café da manhã um achocolatado em caixinha ou suco industrializado, no almoço refrigerante e nuggets, na sobremesa gelatina ou chocolate, no lanche da tarde um salgadinho e na janta um macarrão miojo. Este é o cardápio de muitas crianças – ao menos de dois a três destes itens compõe a dieta dos jovens no Brasil. Situação preocupante, uma vez que a média de obesidade infantil brasileira está acima da média mundial. Em Alegrete, a realidade não é muito diferente e especialistas alertam: é necessária uma conscientização urgente.

Hoje há dez vezes mais crianças e adolescentes obesos em todo o mundo do que há 40 anos. Se a tendência de crescimento das últimas décadas se mantiver, em 2022, ou seja, dentro de apenas quatro anos, o número de jovens obesos será – pela primeira vez, maior do que o número de desnutridos.

A média brasileira de crianças obesas, divulgada pela ONU, é de 9,4% em meninas e  12,7% em  meninos. Um percentual preocupante. Já que a média mundial é de 5,6% em meninas e 7,8% em meninos.

O peso da balança em Alegrete

Na cidade, a realidade não é tão distante. Em conversa com a psicóloga Daniela Pertille, ela conta que o número de casos do gênero assusta. “É muito acesso sem orientação”, destaca. Ela ainda acrescenta o “boom” dos fast-foods, a rotina de comer fora, o alto consumo de congelados industrializados e o sedentarismo.

Nutricionista alerta para a conscientização dos pais

A profissional conta que já recebeu casos de uma criança, de apenas cinco anos, já com diabetes tipo 2; outra com três anos e com gordura no fígado num quadro de obesidade mórbida. “São casos extremos, mas é primordial a educação alimentar. O discernimento não é natural em uma criança, os pais precisam dar o exemplo”, orienta.

A nutricionista diz que o melhor caminho é sempre a educação alimentar. “Se tu der a educação nunca vai precisar reeducar”, avalia. Nesse contexto, Daniela dá algumas dicas para os papais e mamães: o hábito se torna repetição – colocar na mesa todos os dias alimentos saudáveis – saladas, frutas; ter alimentos saudáveis e permitidos ao alcance em armários e prateleiras baixas e com boa visibilidade; coordenar o período em frente à televisão e computador; incentiva a prática de exercícios.

Outro fator importante a ser observado é se o quadro de obesidade não é decorrente de fatores psicológicos. Muitas vezes, desequilíbrios emocionais desencadeiam a doença. Nesses casos, o acompanhamento de psicólogos e uma equipe multidisciplinar é essencial.

A nutricionista, que atua na rede municipal, ainda relembra que todos os ESFs de Alegrete disponibilizam profissionais da área. A dieta de crianças e adolescentes é elaborada individualmente.

Efeito dominó 

A obesidade infantil pode ser mais grave do que muitos pais pensam. Crianças obesas sofrem com um aumento de peso que está em desequilíbrio com a idade, altura e a estrutura óssea. Conheça os problemas mais comuns: problemas Respiratórios e pulmonares, distúrbios do sono, diabetes, hipertensão, colesterol alto, doenças metabólicas e depressão.

Cardápio do mal 

Sucesso entre a criançada, guloseimas como salsicha, hambúrguer, refrigerante e sucos industrializados estão entre os maiores vilões da alimentação. Confira os 10 piores: salsicha, hambúrguer congelado, frango empanado, refrigerante, salgadinhos, maionese, macarrão instantâneo, bolacha recheada e suco industrializado.